quarta-feira, 8 de outubro de 2014

"A Velocidade dos Objetos Metálicos" - Tiago R. Santos


A velocidade dos objectos metálico estava a chamar por mim desde que tive o prazer de estar na amena cavaqueira com o autor no Piquenique Literário de 2014, organizado aqui pelo nosso Efeito.

À conversa com o Tiago fiquei com a sensação de ser uma pessoa directa, sem muitos rodeios, decidido a espalhar as suas palavras para quem as quiser ouvir. Isso agradou-me!
Nessa conversa descobri que já tinha visto e até gostava de alguns dos filmes onde ele esteve envolvido e deixando o seu cunho pessoal, por isso, fiquei bastante interessado em ler e sentir com o que ele tinha para "contar" neste que é o seu primeiro livro.

“O monitor, a quem os amigos chamam Joãozinho, apesar de já ter 36 anos, só aceitou o emprego porque não tinha qualificações para trabalhar num banco e tudo o que precisava, explicaram-lhe, era ter um ar assustador, andar pelos corredores e impor respeito aos alunos. Ele sonhava ser escritor mas faltava-lhe o talento e a disciplina e, com uma mulher grávida em casa precisava de um cheque ao final do mês. “É a coisa mais fácil do mundo”, disseram com um sorriso, o que talvez explique a razão pela qual não estava preparado para ver um miúdo de 14 anos a lançar-se das escadas abaixo até bater com a cabeça na parede e fazer um som que, talvez devido à falta de capacidade literária, nunca foi capaz de descrever.” (pp.24)

Confesso que fiquei bastante agradado com a escrita e a história que Tiago nos conta. Um livro cheio de personagens mais ou menos cativantes que vão andando e aparecendo em tempos diferentes, mas por vezes cruzam-se em tempos passados ou em tempos futuros... Curiosos? Leiam!
Este jogo de andar para trás e para a frente com as personagens, leva-nos a criar mundos paralelos e a tentar encaixar as peças para construir a história, uma história que o autor controla e da qual apenas vai fornecendo algumas dicas, umas pequenas outras maiores, alimentando a vontade do leitor e de modo a entrelaçar todos os personagens.

“Não tenho perceção nenhuma do tempo, confundo-me todo, quando é que foi o quê e o que é que veio primeiro. É o problema da eternidade, dá-te cabo da perceção espácio-temporal. O álcool também.” (pp.170)

Alem deste espaço temporal onde todas as personagens imprimem a sua velocidade, temos tempo para amar, para odiar, para rir, para sentir pena, para nos surpreender com algumas das situações...

Gostei bastante! Quem sabe e assim espero, já que autor é também argumentista, que um dia o possa converter em filme....

Fica o desafio,Tiago.



Foto do Piquenique Literário na FFL, na Tertúlia Cinéfila moderada pelo próprio Tiago. 




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