terça-feira, 21 de novembro de 2017

Opinião "Vidas Finais - As Sobreviventes"


Flashes de memória. Gritos. Sangue. A floresta. A faca. Ele. Os amigos. O Chalé. Quincy ensanguentada dos pés à cabeça. Coop. Segurança. 

Passaram-se dez anos desde que Quincy sobreviveu ao massacre que vitimou os seus amigos durante um fim de semana no Chalé dos Pinheiros. Dez longos anos em que fez os possíveis para colocar para trás das costas o que se passou nesse dia embora na realidade nem se trate de esquecer já que Quincy não se lembra da parte crucial dessa noite. Mas o choque de ver os amigos morrer à sua frente não a impediu de saber quem lhe mudou o curso da vida. Ele, aquele cujo nome não é proferido, é o culpado por nesse fim de semana Quincy ter voltado sozinha da floresta e se ter tornado uma sobrevivente, uma Última Vítima.

 Quando ouvimos falar de serial killers e massacres pensamos sempre que é coisa de filmes.
Infelizmente para Quincy, Sam e Lisa, os horrores que viveram foram bem reais e cada uma delas lida com o passado de uma maneira muito diferente.
Enquanto Quincy se refugiou na pastelaria, na vida com o namorado e no Xanax, Sam desapareceu por completo do mapa e Lisa agarrou o boi pelos cornos ao tentar ajudar outras vítimas, especialmente aquelas que como ela são as únicas sobreviventes de massacres.
Mas quando Lisa, uma sobrevivente em mais do que uma maneira, é encontrada morta na banheira, o que pensar de tudo isto?
Terá sido suicídio? Um fanático que acha que ela nunca devia ter sobrevivido? Ou alguém que está mais perto do que se pensa?

Em "Vidas Finais - As Sobreviventes" acompanhamos, pós-morte da Lisa, as duas Vítimas Finais numa espiral de loucura. Quincy tem mantido o barco estável até ao momento mas a entrada de Sam no seu dia a dia vem criar tumulto e provar que a sua vida, além da sua memória, está cheia de buracos que a podem fazer afundar a ritmo alucinante e até às profundezas da sua alma.

"Pormenores. Finalmente.
Na minha memória, vou perdendo e recuperando a consciência, enquanto os meus olhos se vão fechado e abrindo. Como se estivesse trancada num quarto e alguém estivesse a acender e apagar as luzes. Deitei-me de costas, esperando que assim as facadas no ombro doessem menos. Não doem"


Contado com um pé no presente e outro no passado, mais especificamente, naquele dia no Chalé dos Pinheiros, este "Vidas Finais" arrasta-se um pouco de início mas depois agarra-nos enquanto nos faz questionar uma série de coisas.
O que esconde Quincy? 
Será que ela não se lembra mesmo do que se passou naquele dia no Chalé dos Pinheiros?
E afinal o que é que se passou realmente? Quem era o Ele que ela se recusa a mencionar?
E Sam? O que raio é que ela quer? 

Quando começamos a descascar a cebola, oh deus, cada camada é ainda melhor que a anterior e chegamos ao final meio admirados com o pensamento "porque é que eu não pensei logo nisto!".
Sabem que adoro que o livro me passe a perna. Nos policiais então, detesto mesmo conseguir adivinhar a direcção que a história leve e este "Vidas Finais" levou-me ao engano em duas ocasiões e depois deu-me uma lição.

Espero realmente que consigam transportar para o cinema a carga psicológica deste thriller. 
Houve quem me tivesse perguntado se era muito díficil de ler, devido às cenas dos massacres mas acho que isso, na minha mais sincera opinião, está demasiado ausente. Devia ter ali mais umas linhas de facadas, gritos e sangue. Sorry, devem ser saudades dos tempos em que via filmes de terror.

No entanto, gostei bastante deste livro e espero reforçar as minhas leituras com uns livros mais negros nos próximos tempos.


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