É que as vozes mudam e o leitor tem alguma dificuldade em perceber quem é quem, embora se perceba que o peso do outro e de outras fases da vida sejam tão ou mais importantes que o presente, em que um homem, o professor de grego, está a cegar e uma mulher, a aluna, encerrada no seu mutismo, não toma a palavra.
Nesse aspecto, a narrativa está bem conseguida,
ela não fala e quer sumir-se para dentro de si e da escuridão das suas roupas
negras, então a narração é assumida por um narrador que tudo sabe. Que fala por
ela.
“A única pessoa que sabia que a sua vida estava
violentamente dividida em duas era ela própria. As palavras que anotava na
parte de trás do diário contorciam-se por vontade própria, formando frases
estranhas. De vez em quando essas palavras metiam-se no sono como espetos…”
No caso do professor, ele quer falar, precisa falar, então é-lhe dada voz enquanto recorda a fuga para Alemanha e o regresso à Coreia do Sul, um pai, uma mulher…