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terça-feira, 27 de julho de 2010

«Viver todos os dias cansa» de Pedro Paixão - Opinião


Viver todos os dias cansa, quem é o diz é Pedro Paixão! É provável que sim, especialmente quando se vive mais do que uma vida, se sente mais do que uma pessoa em si mesmo ou se julga ser capaz de viver mais do que uma vida ao mesmo tempo... será só síndrome de escritor ou algo mais? Pedro Paixão assume ser portador de doença bipolar e escreve, julgo eu com muita razão, «As pessoas deviam ter mais de uma vida ou, pelo menos, uma que pudesse também voltar atrás se necessário. Para corrigir o que saiu mal à primeira, aprender a saborear as poucas horas boas - tal como uma canção que quanto mais se ouve mais se gosta - e, sobretudo, para poder ir primeiro por um lado e depois por outro e depois, sim, seguir pelo caminho encontrado.» 

Conto atrás de conto, Pedro Paixão brinda-nos com a sua genialidade e autenticidade, em "Situação Particular", por exemplo, com a frase "o entusiasmo, aliás, não é mais do que uma breve suspensão no movimento da queda". Em "O Porto a quatro cores", a ideia da divagação pôs-me definitivamente a divagar.

Este livro de Pedro Paixão é mesmo assim "abre o teu coração e deixa-o ficar aberto (...) só para que algumas palavras possam passar, sair e entrar."

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