Difícil!? Sim, sem dúvida.
Até a este, «A Filha do Papa» eu nunca tinha lido nada do autor e confesso sabia muito pouco dele e até de alguma polémica em torno do que ele escreve, por isso, irei abstrair-me de tais considerações visto continuar a saber pouco na mesma, visto ter interesse em analisar o efeito do livro.
Luís Miguel Rocha é detentor de uma mestria enredada, capaz de nos conduzir por palavras habilmente escolhidas, tecendo toda uma imagética que envolve o leitor e o transporta - a até onde? Só você saberá!
Oh mestre venha a nós doutrinar a palavra do poderoso thriller e traga até nós a sua sabedoria, não a de dogmas ou teorias, mas a da criatividade e genuinidade do bem aventurado, por meandros de tão obscura realidade.
A escrita de Luís Miguel Rocha é uma verdadeira homilia instruindo os leigos das questões vaticanistas - palavra do autor!
O enredo é inebriante, impiedoso com as horas, viciando, mas não saciando - palavra de leitor!
Cada constatação, uma aventura que esconde a fé verdadeira - a nos homens - a profanação espreita a cada esquina, a cada crime, a cada conspiração.
Vem sereno, a cada passo, traz a vítima ao sacrifício, revela o último sacramento...
"Matteo Bonfiglioli (...) os inúmeros pais extremosos que tivera não se coibiram de manifestar o seu afecto com o cinto, e até um padre se dignou exibir o seu amor por ele com uma vergasta numa mão enquanto segurava as calças desapertadas com a outra."
"As vielas ao entardecer perdiam pessoas." Tal qual perdem as igrejas!? A fé?
Os valores descomprometidos, a crença moribunda e as personagens que dão um corpo de fachada a um movimento já gasto e antiquado. Será este um livro polémico por levar o leitor a suspeitar, questionar e repensar a sua crença?
Haverá aqui um chamamento para avançar contra o efeito letárgico e atávico de um poder castrador?
Sem dúvida um enredo recheado de "insónias provocadas pelo peso do mundo."
No altar deste thriller poderão estar temas controversos e factos questionáveis - palavra dos críticos - mas que comungum com um leque complexo de personagens marcadas, fortes e onde depositamos a fé de um desfecho saciante, mas sedento de novas intrigas e conquistas.
"Quando os homens já não crêem em Deus, isso não se deve ao facto de já não acreditarem em mais nada, mas sim ao facto de acreditarem em tudo."
"E o pior de tudo era a espera (...) pelo embalar das palavras."
Em suma, um thriller purgante e mordaz. É a servidão ao purgatório, expiando as palavras, cuspindo o que vai na alma, perpetuando as memórias e fazendo-nos cair na tentação!
Uma leitura com o apoio PORTO EDITORA
Do Luis Miguel Rocha ainda não li nada, apesar de ja ter a Mentira Sagrada a postos para começar. Pelas criticas que tenho lido estamos perante uma rvelação da literatura portuguesa :)
ResponderEliminarTambém aconselho a começar pelo livro que refere, antes de ler "A filha do Papa". Eu fiz ao contrário, mas se pudesse, era assim que fazia. A obra "A Mentira Sagrada" tem por base mais doutrina do Cristianismo, a última obra de L.M. Rocha é mesmo sobre os meandros do Vaticano.
ResponderEliminarEu li tudinho. E se é para aconselhar a ler, comecem pelo "Último Papa", seguido da "Bala Santa", "mentira Sagrada" e, por fim, "A Filha do Papa". Mais que não seja, levam a história de Sarah Monteiro e Rafael Santini desde o início, juntamente com JC e derivados. Estou viciada.
ResponderEliminarPertinente morCeGo!
ResponderEliminarO Último Papa, já aguarda em fila