«Vila-Matas é um prestidigitador digno de Nabokov que organiza um mundo inteiramente feito de textos múltiplos que nos transmitem a ilusão de um texto único. Não um autor mas toda uma Factory em si mesmo. “Acredito que toda a minha obra nasce da impostura.” Vila-Matas, um impostor de génio, como todos os maiores artistas.»
Les Inrockuptibles
No passado mês de Abril a Assírio& Alvim publicou História Abreviada da Literatura Portátil e, no próximo dia 22 de Maio, lança Suicídios Exemplares, outro dos livros maiores na obra de Enrique Vila Matas. Neste livro, o suicídio torna-se a saída para as decepções ou ausências nas vidas dos personagens.
Contudo, acontece sempre alguma coisa que altera o desfecho esperado.
Com narrativas cheias de imaginação, subtileza e inteligência, a obsessão pelo suicídio acaba, paradoxalmente, por afastar a tentação da morte, tornando-se num incentivo para a vida e transformando positivamente a acção dos heróis deste livro.
«Há uns anos começaram a surgir uns misteriosos graffiti nas paredes da cidade de Fez, em Marrocos. Descobriu-se que eram traçados por um vagabundo, um camponês emigrado que não tendo conseguido integrar-se na vida urbana para se orientar começara a marcar os itinerários do seu próprio mapa secreto, sobrepondo-os à topografia da cidade moderna que lhe era alheia e hostil.
A minha ideia, ao iniciar este livro contra a vida alheia e hostil, é agir de modo semelhante ao do vagabundo de Fez, ou seja, tentar orientar-me no labirinto do suicídio marcando o itinerário do meu próprio mapa secreto e literário e esperar que este coincida com aquele que tanto atraiu o meu personagem favorito, esse romano do qual Savínio na Melancolia hermética nos conta que, a traços largos, a princípio viajava sumido na saudade, mais tarde foi invadido por uma tristeza muito humorística, procurou depois a serenidade helénica e finalmente - "Tentem, se puderem, deter um homem que viaja com o suicídio na lapela", dizia Rigaut - deu uma digna morte a si mesmo, e fê-lo de um modo ousado, como protesto por tanta estupidez e na plenitude de uma paixão, pois não desejava diluir-se obscuramente com a passagem dos anos.»
A Assírio & Alvim decidiu refundar a colecção Peninsulares. Enrique Vila-Matas, com «História Abreviada da Literatura Portátil», e Ricardo Menéndez Salmón, com «A Luz é Mais Antiga que o Amor» (a destacar brevemente), são os dois primeiros nomes a sair desta refundação, dois nomes de peso que coloca a Peninsulares na ordem do dia neste momento. Leia também a entrevista ao editor e a escolha por Henrique Vila-Matas, aqui, no Diário Digital
Uma aposta da Assírio & Alvim, que a propósito do lançamento do livro trazem o autor a Portugal, apresentando-se nesta 83ª edição da Feira. No próximo dia 25 de maio, sábado, Enrique Vila-Matas vai estar no Espaço Porto Editora, na Feira do Livro de Lisboa.
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