Uma viagem ao passado, que nos leva a caminhar nos dias quentes de Moçambique, enquanto acompanhamos a vida e obra do Padre Montanha e as intrigas que existem em todas as vilas, seja aqui, Inhambane ou em qualquer parte do mundo.
A minha opinião:
Confesso que inicialmente não me sentir particularmente interessada na história do Padre, especialmente a ligação com Leonor. Em primeira instância era apenas mais um homem a sucumbir aos desejos animais, a alimentar a besta que o consumia de desejo pela mulher que se passeava ingénua (ou astuta) semi desnuda pela casa, a fazer a lida. No início não conseguia desligar que ele se estava a aproveitar da escrava Leonor e da sua posição superior de membro do clero.
Tudo mudou com o decorrer da historia do dia a dia de Inhambane, uma terra em que a Coroa não consegue ter mão, cheia de mexericos, tumultos e governadores que ninguém parece respeitar e aceitar como válidos para o lugar.
Vemos o romance do Padre com Leonor assumir contornos íntimos, sem querer estragar a historia a ninguém permito-me só dizer que por vezes há relações em que não são necessárias conversas para as coisas serem percebidas e entendidas pela outra parte, por vezes o silêncio carregado, um olhar mais demorado ou uma caricia consegue denunciar o que uma torrente de palavras não consegue dar a entender.
Presenciamos todo o quotidiano de uma vila se desenrolar debaixo dos nossos narizes e queremos saber qual será o destino das personagens, principalmente daquela que mais abominamos (honestamente quase todos os Governadores) e as que mais gostamos (Fornazini e Padre/Leonor).
"O Império dos Homens Bons" é uma magnifica obra biográfica e imagino o quanto deve ser espectacular conseguir vascular no passado da nossa família e encontrar alguém que localmente ou além mares, tem uma história tão curiosa para contar.
Pessoalmente, embora reconheça a qualidade da história, gosto muito mais das histórias actuais escritas pelo autor, isto, das que já tive oportunidade de ler ("O Homem que Sonhava ser Hitler" olha para mim cada vez que passo pelas estantes na casa da mana).
Não me escapa até ao final do ano!
Uma pequena nota:
Gostei particularmente do capitulo 31 que conta uma pequena história dentro da narrativa principal. Um amor desmedido de corações jovens que num misto de inocência, manha e loucura acabam por contribuir para o pandemónio que é Inhanbane. Eu gosto deste pequenos momentos que tornam a narrativa principal bem mais rica e interessante.
Boas leituras!
Eu aprecio romances históricos e este também não me há-de escapar!
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