A minha curiosidade é o que me motiva e me leva a conhecer o mundo e as pessoas. Por mais sinuosos que sejam os caminhos que tenha de percorrer, por mais olhares de espanto que obtenha perante os meus relatos em mesa de café com os amigos, eu gosto de satisfazer a minha curiosidade.
Sou uma leitora assídua de romances eróticos. Acho que não preciso de afirmar que gosto da prática. Que levante o dedo quem não gosta, que terei toda a simpatia por si. Lamento mesmo! No entanto, a intimidade de cada um deve ser vivida entre quatro paredes e o que fazemos para lá das portas que nos separam da sociedade e do mundo em geral só nos diz respeito a nós e quem a nós se junta.
No entanto, quando vi que a Lua de Papel ia publicar um livro de uma dominadora portuguesa sabia que a minha curiosidade não me ia deixar ficar sossegada. Farta de ler história sobre homens dominantes e mulheres submissas, estava na hora de conhecer o reverso da medalha. Como é que são as coisas quando é uma mulher a mandar?
Um pedido, uma recolha e uma apresentação. Em três dias soube do lançamento, recebo um exemplar para leitura (o qual agradeço à Lua de Papel por mo ter cedido) e estou presente na Pensão Amor para saber "afinal o que podemos esperar de ""A Dominadora""?
Com uma forte componente pessoal, intima e, espero eu, sexualmente chocante, "A Dominadora" é a história de Ana que descobriu bem cedo que os seus gostos eram o que comummente chamamos de "fora do vulgar". O que começou com amarrar o Ken e apreciar instrumentos de tortura no Palácio da Inquisição em Coimbra (que eu desconhecia existir!) é hoje um modo de vida. Ana procurou e descobriu o mundo em que se sente bem, que satisfaz os seus gostos e no qual se vê a encontrar paz, prazer e amor.
A participação na apresentação da Dra. Ana Matos Pires deu a todos os presentes um olhar analítico mas não clínico sobre o conteúdo do livro e o mundo BDSM. Cada cabeça a sua "sentença" e muitos são os profissionais da área de psicologia que consideram as práticas do género uma parafilia. Em termos mais leigos, "uma doença". Esta é a opinião que encontro em tantas conversas que tenho e que quero desmistificar. É neste ponto que se foca a minha curiosidade para ler a história da Cruela. Sim, isto não é um romance, pode ter momento mais "romanceados", mas estamos perante literatura erótica que é em simultâneo autobiográfica.
As pessoas presentes na sala, se pertenciam ou não ao mundo BSDM, à excepção de Dom Porto (convidado pela autora para a apresentação), era algo que não conseguíamos perceber a olho nú. Talvez não o tenha percebido eu, que estou do lado de fora. Se estão dentro, são pessoas "tão normais" como eu ou quem quer que seja que esteja a ler este texto.
A oportunidade de falar com a autora levou-me a fazer uma avaliação precipitada, a formar a tão famosa primeira impressão. O olhar querido e a voz doce da Ana não encaixam com a faceta de Dominadora mas "behind closed doors" muita gente se revela. Nós temos oportunidade de ler as chocantes revelações de Ana em livro.
Agora vou satisfazer a minha curiosidade e iniciar a leitura.
Se despertei curiosidade em mais leitores, é o que veremos a longo prazo.
Conhecimento nunca fez mal a ninguém, nunca magoou.
E quem quiser saber mais, visite o site da editora
Já agora, a sessão não podia ter decorrido num melhor cenário. A Pensão Amor liberta sensualidade, resquícios de um passado libidinoso que por ali se viveu. Entrar ali e não pensar em sexo é sinal que possivelmente tem os sentidos desligados.
Nota: Tem uma mini biblioteca, com grades, mas ainda assim, uma biblioteca ainda que paredes meias com um varão e uma bola de espelhos.
Imprensa:
Diário de Notícias - Dominadora procura submisso para relacionamento sério
Boas leituras e, se possível, boas descobertas!
A minha mente ficou completamente aguçada com esta apresentação! Tenho muita vontade de conhecer o livro!
ResponderEliminarBeijinhos xx