Eu também não!
O que morre no Verão... as folhas que caem das árvores!?
As férias? Que terminam abruptamente, sem querermos voltar ao trabalho...
Mas o que morre no Verão?
A inocência? As amizades?... algumas talvez!?
O sol, as ervas, as cores vibrantes e as noites quentes...
O que morre no Verão que altera a luz dos dias, a aura dos transeuntes e assombra os sorrisos mesmos dos mais optimistas??? Será a chuva que ameaça cair a cada dia que passa ou o frio que se começa a sentir?
Em «O que morre no Verão» pode morrer tudo isso, mas morre mais. Morre a inocência de vários jovens (que em alguns já teria morrido há mais tempo), morrem as ideias de esperança e de crença na família e até quem sabe nos adultos... e ainda assim, talvez não morra tudo o que tem para morrer.
Mas, e o que vive? Ou sobrevive?
A persistência de dois jovens que tentam dar sentido ao mundo que os rodeia?
Em que ponto é a imperfeição da juventude perfeita para a imperfeição que é o mundo?
A juventude é aqui representada por duas personagens marcantes, fortes e carismáticas. Jim ou Biscoito (Bis, como o tratam) e Lee Ann ou L.A., são os primos adolescentes no centro desta acção, que tem como ponto de partida a vivência em conjunto. Ambos em casa da avó materna, estes jovens "fogem" das mães pouco capazes de os manter fora de sarilhos e de os proteger das brutalidades da vida.
À medida que a história avança e cresce, e os detalhes se vão revelando, chegam a ser arrepiantes alguns dos acontecimentos e levam-nos a pensar, "a história repete-se" ou "violência gera violência", mas creio que este thriller não tem em nada que ver com ideias pré concebidas, tem antes uma originalidade estonteante de estar escrito como se pela mão de Biscoito e é a sua Visão que o torna-o genuíno e vibrante.
O olhar (e daqui há muito a especular) é enredado, mas muitas vezes pragmático, misterioso, mas muitas vezes duvidoso. É com este olhar assustado e por vezes desafiante que Bis eleva a narrativa com um toque ora comovente, ora jocoso ou ainda inocente, nos capítulos que a vida ainda lhe reserva descobertas e nem sempre as melhores.
L.A. é igualmente uma personagem marcante e forte e contribuí em muito para as acções e consequências na vida de Bis. Aliás, a descoberta macabra que fazem, alterará para sempre a forma como ambos se olharão, mas também olharão ao mundo que os rodeia. Mas o pior ainda está para vir, e a maior bizarrice passa-se e passou-se mesmo debaixo do tecto que deveria, com segurança, amor e educação, protegê-los ao invés de expô-los.
"Fiz o que fiz, e assumo-o" é uma dúvida que persistirá ao longo de toda a narrativa e por vezes até nos zangamos com o narrador, pois parece que nos vai atrapalhando e tapando-nos os olhos com histórias paralelas que não nos deixam desvendar os mistérios.
Que fez ele? ou será que fez alguma coisa? Do que se culpa?
E L.A. que se passou com ela?
E os corpos? Ninguém investiga?
Earl Brasa em total flagrante? Não o denunciam, será!?
Creio que a forma como os capítulos avançam aumenta a curiosidade do leitor, porque nada é revelado quando se espera e outras histórias surgem como o amadurecimento da juventude de Biscoito.
O amadurecimento também acontece com algumas cenas de violência maior, não só relacionada com os assassinatos, mas com a família e isso pode fazer-nos sentir menos a beleza do livro... ou não.
Não posso dizer que as cenas de tortura ou de violência são o cerne do livro, mas nós estamos à espera delas. Existem episódios mais marcantes e bizarros, como aquela fatídica discussão e confronto familiar ou a iminência de abuso por detrás do convite de Earl Brasa ou melhor ainda a chuva de peixes e as conversas com a doutora Kepler.
Clique na capa do livro para obter informações e ler as primeiras páginas
BERTRAND
Leiam que vão gostar!
Deixo algumas referências do livro que fazem todo o sentido, perante a busca pela liberdade e pela independência, talvez seja isso o cerne deste enrede.
Para as vicissitudes que os personagens vivem, deixo-vos alguma banda sonora
Cause summer is gone
My bones are cold
Summer is gone
My shoes are old ...
Mazgani
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