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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

"Um dia esta dor vai ser útil" :: Opinião

Quantas vezes nos sentimos sós no meio de uma multidão? 
Sei que é um cliché mas no caso de James Sveck é exactamente assim que o imagino. 


James, um mente inquisidora num corpo cinzento, sem vida e cor característica de alguém com 18 anos, que não se destaca no meio da multidão, o que é exactamente o seu objectivo. Falar com a família ou os seus pares é algo que reduz ao mínimo indispensável. É o tipo que facilmente caracterizamos como solitário, anti social, entre outras coisas que habitualmente consideradas tristes e perturbadoras. Durante a leitura, tive presente na cabeça uma coisa que já ouvi a muitas pessoas e que, ocasionalmente, dou comigo a pensar: "o quanto são felizes os que não pensam, os que ignoram as coisas e seguem a vida sem preocupações". O quanto sou feliz quando ignoro tudo e deixo-me simplesmente ir na corrente com um sorriso na cara. 
James é demasiado inteligente para o seu próprio bem. Viver rodeado de pessoas em quem não temos o menor interesse, faz com que estejamos melhor com os nossos pensamentos ou na companhia de um livro, do que a travar conversas ocas com pessoas só porque tem de ser, só porque temos de ser bichinhos sociais e estar calado na presença de outra pessoa é algo pouco natural. Na verdade, embora seja uma pessoa calada que julgamos ter até alguma perturbação, James é inteligente e perspicaz embora pouco expansivo, à excepção dos momentos que partilha com a avó, o colega de trabalho ou a psicóloga. Confesso que de início irritou-me a insatisfação de James. Fez-me lembrar aquele tipo de pessoas (já não quero dizer adolescentes) que dizem não a tudo e todos, optando por escolher a única coisa que nunca ninguém faria não porque seja realmente o que querem mas só para ser diferente, só para não ser convencional. No entanto, a inconformidade de James é o que realmente pode fazer com que ele seja uma pessoa com um futuro brilhante, ou pelo menos, um pouco mais iluminado do que nos dá a conhecer ao longo do livro. James não está perdido mas precisa de se orientar. Por vezes todos precisamos de algumas guidelines, alguém que nos ilumine um pouco as ideias, o caminho que temos de decidir percorrer. No meu ver, era exactamente isso que James precisava, alguém capaz de lhe dar indicações sem decidir o caminho por ele, que apenas indicasse para que lado fica Norte.
 
 
Um leitura para alguns adultos "perdidos" e para jovens que precisem de perceber que não estão sozinhos e que o nosso Norte não tem propriamente de ser igual ao dos outros, mas andar à deriva não nos leva a lado nenhum concreto.
 
Boas leituras!
Uma leitura com o apoio
http://marcador.com.pt/novidades/um-dia-esta-dor-vai-ser-util.html

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