Que encanto ler as últimas páginas de "O ano em que me apaixonei por todas" a sorrir perante o final e o que motiva o título. Estava enganada, faz todo o sentido do mundo agora que terminei a leitura. Na realidade, nem podia ser de outra maneira.
Um ano é o tempo que Sylvain vive em Madrid e este é suficiente para a cidade e os seus habitantes, naturais ou
emprestados, mudarem a sua vida e o rumo que levava.
Apaixonei-me pelos personagens deste livro. Todos os momentos que foram lhes foram dedicados tornaram-me mais receptiva ao amor, seja ao das gerações dos Fourniers, da mãe de Sylvain, do Monsieur Tartain e do próprio Sylvian, personagem principal mas igualmente secundária nesta bela história de amores. Sim, até esse casmurro, romântico incurável, sonhador e alheio a responsabilidades no limiar dos seus 30 anos nos cativa.
Mas quem nos cativa mais, a mim pelo menos, foram outros personagens que pontuaram o livro com a beleza dos seus sentimentos, dos seus sonhos e determinação. Foi a história dentro da história que me prendeu a este livro.
Se tantos temos a vida a comandar os sonhos, é sempre bom conhecer os que têm os sonhos a comandar a vida.
A Família Fournier é um óptimo exemplo disso, talvez não todos os membros mas existem sempre os que se destacam, os que lutam e os que amam sem medida.
Foi simplesmente delicioso encontrar pessoas que me são familiares nas entrelinhas deste livro. Os que viajam em busca de si próprios, de aventura e algo mais, os que vêm nos filhos o maior feito da sua vida, os que encontram no seu ofício a sua paixão e o motor para a felicidade e os que andam perdidos e buscam significado para os seus dias.
Minha maior questão é: ao encontrar tantas familiaridades em "O Ano em que me apaixonei por todas" pergunto-me que pedacinhos agridoces destas personagens me cativam, me emocionam e me chocam por serem tão semelhantes a mim e aos que me são próximos.
Com isto não quero dizer que existam historias de amor épicas nas ramificações da minha árvore genealógica, como se constata com a família de Sylvain ou dos Fourniers. Podem existir, mas sem tantos encontros e desencontros como as que conhecemos em "O ano em que me apaixonei por todas".
"A chave da vida é vive-la sem medo" disse algures o Monsieur Tartin que reparava corações danificados com desgostos amorosos (que ao longo da leitura sempre me lembrou o livro que a minha irmã esteve a ler, de Mathias Malzieu, embora não tenha conhecimento da totalidade da história)
Inconscientemente, é isso que Sylvain faz, vive a sua vida sem pensar muito nas coisas mais comuns, à excepção do amor. Começamos por o acompanhar quando decide deixar Paris, a sua cidade natal, uma vez mais e tomar o rumo de Madrid, onde o esperava uma nova etapa e possívelmente, um velho (mas premente) amor.
É nesse ano de descobertas, desencontros e desgostos que Sylvain se torna o homem que tardava ser.
Ver descrita a Madrid que reconheço em alguns pontos é sempre motivo de aproximação da história. Dá vontade de ir de livro debaixo do braço, calle abaixo, passado bairros em busca de Sylvain e das pastelarias Fournier numa qualquer esquina mas mais rápido me via a passar na cidade natal do nosso protagonista, Paris.
Curiosamente, na noite em que terminei a leitura deste livro, decidi ver um dos filmes com o qual é comparado, o Fabuloso Destino de Amélie Poulain.
Tentei não pensar no livro enquanto via o filme e ao fim de 5minutos estava já tão embasbacada que estive o tempo todo com um sorriso nos lábios. Realmente aquele filme é qualquer coisa de sensacional, é pura magia. Foi como ver o filme pela primeira vez, tendo em conta que a última foi algures lá para trás, em 2003 ou 2004.
A referência a este filme e à Residência Espanhola na contracapa do livro não é descabida. Existe aquele toque eterno de magia e esperança que encontramos na Paris de Amélie em contraste com a cidade espanhola espelho das muitas culturas que a habitam, repleta de nativos de outras pátrias em busca de uma aventura com contornos épicos ou então, apenas de um novo local ao qual chamar lar.
"Os desencontros são geniais, mantêm a esperança na perfeição"
Se querem uma mistura capaz de vos deixar abraçados ao livros a imaginar o enredo a tomar lugar numa Madrid quente e uma Paris eterna, peguem em "O ano em que me apaixonei por todas", esqueçam o título e cheguem ao fim a sorrir, como eu.
Concordo plenamente... Também eu terminei o livro com um sorriso nos lábios e a entender que o título não podia deixar de ser esse!!!
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