Se eu pudesse revelar esse número dar-vos-ia uma ideia da intensidade aqui descrita, do quão intenso foi o medo sentido pelo povo. O medo de falar, o medo de ver os filhos perdidos no Ultramar, o medo dos familiares convertidos em PIDES, o medo de ter medo e se sentir diminuído, mas também o medo de por vezes se perder o medo, arriscando às consequências.
Se o "medo" foi palavra de ordem num Portugal de outrora, o autor demonstra que o "medo" o acompanhou a vida toda, ou quase toda...
Nesta volta ao medo, conhecemos Gustavo, antes, durante e no pós 25 de Abril, onde o "medo" foi uma personagem mais que principal. Principal foi também, a noite e a madrugada em que afastou o medo. O mítico concerto no Coliseu a 29 de Março de 74 e menos de um mês depois a madrugada de 25 de Abril. E é sem dúvida a madrugada de 25 de Abril de 1974 que o medo, o relato, a exaltação, a vontade, o desafio... a liberdade... arrepiam o leitor.
Um livro pejado de sentimentos. Um roteiro de imagens, de sons, de história... de medo, é verdade! Sempre o medo, mas sempre a vontade de continuar. A vontade de vencer e a pouco e pouco conquistar.
Um livro que não chega com atraso à poesia.
Zeca Afonso-Ao Vivo no Coliseu 1983, aceda ao vídeo integral do concerto, aqui.
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