Claro que a primeira questão será sobre o anonimato.
Foi uma escolha em detrimento da paz e sossego pessoal/ profissional ou receio de associações infundadas relativamente à escolha do género literário?
Poder expor o meu livro sem me expor a mim é perfeito. Não vou dizer que não. Mas a motivação para não revelar a identidade não foi essa. Tem a ver com a incompatibilidade entre a minha profissão e o facto de ser autora de um livro deste género literário. Ainda existe preconceito e acredito que, na minha área profissional, está muito presente. Por isso, porque quero continuar a poder fazer as duas coisas, tomei esta decisão.
Que não foi nada fácil e torna todo o processo mais complexo. Tenho noção que só teria a beneficiar por dar a cara pelo meu livro. Mas foi a minha escolha, e foi muito ponderada.
Mesmo com a crescente popularidade do género, achas que os leitores deste livros são rotulados negativamente pela sociedade?
Acho que genericamente não são. Não acredito que muitas pessoas assumam que acham que quem escreve um romance erótico deve ser “um grande maluco”. Mas, na realidade, há muitas pessoas que pensam assim e, conscientemente ou não, acabam por fazer juízos de valor. O que não faz sentido nenhum. Porque eu, por exemplo, não sou melhor ou pior profissional por ter escrito um livro deste género literário. E se eu escolhesse escrever outro tipo de livro não haveria espaço para rótulos menos positivos.
E tu também és uma leitora do género? Tens um preferido?
Sempre li muito, dos mais variados géneros. Mas confesso que sou apaixonada por ler o amor nos livros. Algumas histórias mais picantes, outras mais subtis, clássicos e contemporâneos. Romance é o meu género favorito. O meu autor de referência de sempre é Gabriel García Marquez. Um dos livros dele (“Memória das minhas putas tristes”) está presente no meu livro. Gosto muito dele!
A ideia de não localizar imediatamente a história deste casal no espaço permite-nos divagar sobre o local de origem das personagens, especialmente tendo em conta as diversas nacionalidades e destinos de viagens. Era esse o objectivo, o de conseguir tornar esta uma história passível de acontecer em qualquer cidade europeia?
Desde o início que eu sabia onde eles estavam. Mas não queria que fosse óbvio. Queria manter essa dúvida tanto quanto possível. Por isso, deixei para revelar no fim qual a cidade onde viveram as emoções mais fortes. E não podia ser outra!
Dizem que para se escrever bem devemos escrever o que conhecemos.
Partes da história de Max e Viviane têm detalhes reais (pessoais ou emprestados) ou é tudo pura inspiração ?
O Maxwell e a Viviane são personagens ficcionais. Mas têm traços de pessoas como eu e, certamente, como muitas outras pessoas. A história não é real, mas não acredito que seja possível escrever sobre o que não conhecemos. Pelo menos, quando falamos de relações humanas, de paixão e de amor. Ainda que seja uma história ficcional, é inspirada em pessoas, em momentos, em experiências que vivi ou conheci, presencialmente, nos livros, nos filmes, ou pela voz de outras pessoas.
Gosto do facto de a história ter intercalado os pontos de vista dos intervenientes, especialmente de Max e Viviane quando estão juntos na mesma cena. É esta uma maneira de dar protagonismo ao casal ou será sempre Viviane a personagem principal?
Fiz questão que ambos fossem protagonistas. E confesso que esse foi o meu principal desafio: ser capaz de transmitir a perspetiva masculina com algum realismo. Espero ter estado, pelo menos, próximo desse objetivo.
Este não é um livro para mulheres. É um livro para todos.
As redes sociais tem-te ajudado a manter uma ligação mais próxima com os leitores.
Verifiquei que já várias pessoas deixaram a sua opinião ao livro no Facebook. Como tem sido o feedback dos leitores que já ficaram a conhecer "Hoje é melhor do que para sempre"?
Os feedbacks dos leitores têm sido incríveis. Na verdade, têm-me surpreendido. Pelo carinho e pela simpatia. As pessoas são fantásticas.
Já começaram a dizer que imaginam Max ou Viviane como algum actor ou actriz?
E para ti, quem seriam os actores escolhidos para dar corpo ao par numa produção com elenco de luxo (mesmo que imaginária, vamos só sonhar!).
Eu já imaginei! Sonhar não custa. J E imaginando que seria uma produção internacional, escolheria o Javier Bardem para o papel de Maxwell Fox e a Penélope Cruz para o papel de Viviane Rose. E a realização podia ser do Alejandro Iñarritu. Achas que aceitam?
Qual a melhor coisa que um/a leitor/a te pode dizer sobre o teu livro? (ou já te disse!)
Já me disseram coisas que me deixaram muito feliz. Várias. Que a experiência de ler o livro é gratificante. Que se sentem “próximos” das personagens, conseguem sofrer com eles, emocionar-se, sentir o que eles sentem. E que o final é surpreendente. Esta última é muito frequente.
"Os romances eróticos estão para as mulheres como a pornografia está para os homens" - Já falámos sobre isso aqui e embora a minha opinião já tenha mudado um pouco desde Dezembro, qual a tua opinião? Concordas?
Não concordo. Por três razões.
Primeiro, porque não acredito nessa distinção entre homens e mulheres. Se ainda existe, tenderá a desaparecer.
Depois, porque acho que quer os romances eróticos quer a pornografia são para homens e mulheres. Nenhum deles está circunscrito a um destes públicos.
E por fim, porque romance erótico e pornografia são coisas totalmente diferentes. Se falássemos em filme erótico e filme pornográfico estaríamos pelo menos no mesmo universo, o cinematográfico. Ainda que, mais uma vez, sejam distintos.
Contudo, acredito que a pornografia é, genericamente, pouco “atenta” às preferências femininas. E aí um romance erótico pode compreender e aproximar-se mais do que as mulheres gostam.
Queres deixar algum mensagem ou incentivo aos leitores do Efeito dos Livros para que conheçam o teu "Hoje é melhor do que para sempre"?
Antes disso, quero agradecer-te a divulgação e a recomendação que estás a fazer do meu livro. É um contributo muito importante!
Para os potenciais leitores, fica o convite para entrarem nesta viagem e acompanharem as aventuras e desventuras do Maxwell e da Viviane, dois jovens adultos que querem desafiar os limites da sociedade e não têm medo de arriscar para viverem todas as experiências que acreditam que os farão felizes. É um romance intenso, sobre a paixão e o desejo. Mas também sobre o amor e a vida.
Arrisquem-se a ler. Hoje. Experimentem! E que valha a pena!
E é assim, se gostarem da minha opinião e da entrevista com a autora, sigam o meu conselho. Vão passear à Feira do Livro de Lisboa e aproveitem para passar no Pavilhão da Alêtheia Editores (D38/D40) e levar para casa um exemplar de "Hoje é melhor do que para sempre".
Em breve, teremos mais novidades quanto a este livro.
É esperar para ver! :)
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