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terça-feira, 8 de julho de 2014

Opinião :: "O Homem que perseguia o tempo"

“A morte é a nossa única certeza na vida”
Para William Bellman, a morte foi uma presença obscura que o acompanhou desde tenra idade, segundo a segundo com o bater dos ponteiros até ao momento que fechou os olhos, embora a nossa personagem principal nunca tenha bem dado conta que ela ronda a sua vida e que estava à sua espera.


Quando o conhecemos, nos teus descontraídos 10 anos de idade, William tinha crescido sem preocupações, sem que lhe faltasse nada, à excepção do pai, falta que a mãe colmatava muito bem.
No entanto, um evento causado pela travessura da idade despreocupada que tinha na altura persegue-o como uma sombra oculta ao longo da sua vida. A morte de uma gralha-calva (um familiar do corvo), exerce sobre William e os amigos um fascínio doentio e a imagem que nos é descrita fica para sempre grava na mente do grupo e na nossa. 
Mas as gralhas-calvas nunca esquecem e o misticismo que rodeia determinados animais acompanha-nos ao longo de todo o livro.

O prólogo, em que este acidente é descrito, está maravilhosamente bem escrito e faz-nos embarcar na 1º Parte com as expectativas muito altas.
Curiosamente, damos connosco a pensar que ter saído incólume do evento que vitimou a gralha calva possa ter dado a William uma certa sensação de imortalidade tal são os bons ventos que sempre sopraram na sua vida, especialmente durante este capitulo em que o vemos crescer, ser bem sucedido entre as mulheres e iniciar a sua vida na fiação da família do lado do pai, representada pelo Tio e Avó de William.
Ao ler este capítulo apreciei a escrita de Dianne. É detalhada, cativante e tece toda uma vida para William, com a fiação, a mulher, os quatro filhos, os amigos, a responsabilidades, o sucesso no trabalho e total aprovação de todos os que o rodeiam. William, tão confiante de si, nunca sente que o incidente que teve lugar muitos anos antes o voltará para atormentar.
E é quando a morta começa, a pouco e pouco, de mansinho, a tocar todos os que o rodeiam, que William tem noção que há algo de errado, especialmente quando em todos os funerais há uma presença que o apoquenta.
Quem é o homem de negro que o fita do outro lado das covas que se vão abrindo?
Mas em vez tentar perceber toda a confluência de acontecimentos, William faz aquilo que o vemos fazer melhor durante toda a sua vida, ocupar a cabeça com trabalho, com contas, listas, tarefas, pensamentos com números, planos e projectos.
E quando pouco parece restar da vida de William, à excepção da filha que vemos negligenciada durante a segunda parte do livro e o novo projecto que William desenvolve com o fervor doentio, dei por mim a questionar-me, perto da terceira centena de páginas, “qual o objectivo disto tudo?”.

Com o virar das folhas e dos acontecimentos marcantes na sua vida, William entra, quase como um louco, num projecto de artigos de luto (e de luxo), sob o mote que repete tantas vezes “A morte nunca passa de moda ”. Diria que torna-se o Alfaiate da Morte, quase como se trabalhasse o suficiente em sua prole o fosse poupar do fim que chega a todos, até à sua única familiar viva, a filha.

Mas o que esperava encontrar no fim não me satisfez, não tendo em conta toda a história. As conclusões que tiro são simples. Todos os nossos actos têm consequências, gralhas calvas envolvidas ou não. Mas acima de tudo, fico com uma enorme vontade de largar o meu trabalho neste mesmíssimo momento e ir para a praia com o meu filho porque o que William me ensinou foi que de tanto se isolar no trabalho ele desperdiçou grande parte da sua vida com listas e números, desfalcando a sua presença com a família
O que não consigo compreender é como William, tendo em conta a conduta de workaholic que tem, chega ao fim dos seus dias (mesmo nos últimos segundos) e consegue encontrar equilíbrio ao fazer um balanço das coisas que aconteceram na sua vida, em detrimento das más, ver que teve momentos dignos de recordar junto dos que lhe eram mais próximos.

Mas volto a pergunta “qual o objectivo disto tudo?”
E o problema é que cheguei ao fim e dou comigo a pensar que não consegui lá chegar.
Alguém que tenha lido o livro e me diga, o que encontrou que me escapou. Detesto ter esta sensação quando termino um livro.

Ainda andei a viajar pelo Goodreads para ver outras opiniões e foi uma surpresa encontrar tanta gente descontente com o livro, até por outras razões que não as que apontei.
Especialmente porque leram o primeiro livro da autora e tecem, como é natural, comparações.
Toda a gente me fala muito bem de A Oficina dos Livros Proibidos
Porque não me sinto completamente satisfeita com a leitura de O homem que perseguia o tempo?

Quem o leu que fale comigo, preciso de partilhar ideias.

Uma leitura com o apoio da

1 comentário:

  1. Boa noite,
    acabei hoje de ler este livro a minha frustração / desilusão foi tanta , que andei a viajar na internet para ver se as opiniões eram divergentes da minha, até que "aterrei" neste blog e decidi deixar aqui a minha opinião. Concordo consigo em pleno : uma primeira parte do livro magnifica (tanto em termos de história como em termos de escrita), mas uma segunda parte que não sai do lugar, não descola, não traz nada de novo e acima de tudo, não nos brinda com o "grande final", aquilo que durante o livro todo estaríamos à espera : um desfecho com pés e cabeça. Todas as dúvidas e conjecturas que tive ao longo do livro sobre o Sr.Black (quem seria ele ? será que fez um pacto com o William ? Será que William e Black eram a mesma pessoa ?), desvaneceram-se todas ao longo das últimas páginas e cheguei ao fim com a sensação e ter perdido algumas horas da minha vida...para nada! Enfim,detesto chegar ao fim de um livro e sentir que não absorvi nada de novo em termos literários ou de história. Depois de uma sinopse tão atraente e misteriosa q.b., um livro que parece ter sido escrito por duas pessoas diferentes (quem sabe um Mr.Black e um Mr.Williams) ? Boas leituras ;)

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