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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Opinião :: "Sinto-te" (Trilogia Irene Cao)

"Li algures que, na maioria das vezes, não desejamos o que amamos nem tão pouco o que respeitamos. Não desejamos, acima de tudo, o que é parecido connosco"
Se não é algo que vos faz pensar, a Elena faz de certeza.
Desde que abandonou Veneza em busca de paz, equilíbrio e um novo começo, Elena tem passado os últimos meses numa felicidade genuína ao lado do homem que escolheu.
Leonardo é uma lembrança do passado que Elena se convence estar a ficar esquecida juntamente com os dias que saborearam na companhia um do outro em Veneza.


Roma é agora a sua nova casa, o local da história de amor com Filippo que floresce pelas ruas romanas, num ritual diário, rotineiro e confortável de quem partilha uma vida comum.
No entanto, os meses passados apenas remeteram a ideia de Leonardo para um canto escuro mas que se revela à luz nos momentos mais variados. O lado sensual que Leo despertou em Elena e a reacção que a sua pessoa tem nela ainda a atormentam pelo meio dos dias felizes que vive ao lado do namorado. No fundo, Elena ainda deseja Leonardo e o desejo não tem razão, não tem auto-perseveração, não olha a meios para atingir fins. O desejo de Elena por Leonardo não tem limites e basta o odor do seu perfume numa movimentada rua romana para lhe acelerar o sangue. E quando o destino os junta, com o maior dos acasos, de que vale resistir?

A reentrada de Leonardo na vida de Elena traz à luz do dia o incontrolável desejo que os consome, as conversas que não se concluíram em Veneza e a incerteza perante um futuro ao lado do namorado.
Sob o céu romano, Elena vai contra as suas próprias regras (nunca contra sua vontade) de mão dado com o erro, com a certeza de se voltar a magoar mas com o pensamento leve de ser exactamente isso que quer nesse momento, ser feliz. É inegável, Elena é feliz ao lado de Leonardo porque é ela mesma, num expoente máximo. Mas como seria de esperar, entre instantes roubados num jardim de Roma a cenas intimas sob o sol escaldante de Sabaudia, os motivos que os afastaram inicialmente estão sempre presentes.
Mas qual o segredo que Leonardo mantém escondido e que o faz afastar-se de Elena?
Garanto-vos que descobrir que a razão tem um nome e uma história é um dos pontos altos do livro. Isto é algo que me fez gostar ainda mais desta trilogia. Não há passados sórdidos. Há uma razão válida, mais próxima das nossas vidas comuns do que em qualquer outro livro do género.

Li em “Sinto-te” que o desejo supera a razão, que o que o corpo nos exige é tantas vezes mais forte do que sabemos ser a coisa correcta de se fazer, a única opção viável para sairmos vivos de uma determinada situação.
Elena sai de “Sinto-te” com vida mas por pouco.


Ao terminar este livro, “sinto-me” tentada em arrancar em direcção à estante e começar a ler o terceiro. Ainda li a sinopse e dei comigo a pensar “meia dúzia de horas e está lido” mas depois deixei a ideia de lado. Quero saborear a história, revisitar as cenas apaixonantes vividas por Leonardo e Elena, sublinhar o que me agradou, ler e reler passagens de Roma. Há muita coisa nesta trilogia que me faz ficar agarrada a ela e a escrita da Irene é uma delas. 

Hey podia ser pior, a outra vontade que tenho é meter-me no primeiro avião para Roma. Adoro a cidade e ler este livro foi revisitá-la minha memória. Por diversos momentos dei comigo a fechar os olhos, a imaginar-me a ler esta história e a apanhar sol no Pincio, com vista sobre os telhados da cidade, à espera do pôr do sol.

Posso ir para Roma ler “Quero-te”?
Posso? Posso?
Ti amo Roma! :)

A trilogia que está no meu top de preferências

 Crédito Fotos : Murad Osmann - Série Follow Me

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