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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

"Um grito de socorro", de Casey Watson - Opinião

Casey Watson escreve e relata as suas experiências como mãe de acolhimento temporário, ao abrigo de um programa específico e direccionado para a reaprendizagem daquilo que são comportamentos correctos e sociáveis, promovendo assim, a total integração dessas crianças, ou nas suas famílias ou em outras, onde será suposto regressarem ou iniciarem, por forma a não retornarem ao sistema.

Após um primeiro caso e livro, Casey Watson retoma ao acolhimento com Sophia, uma suposta pré-adolescente de 12 anos, que traz mais bagagem do que era suposto face à sua idade e condição feminina. Se com Justin, a família já havia sido posta à prova, com Sophia não sofrerão menos, já que ela testará os limites de cada membro.

Se o passado de Justin era assustador e remeto a esse primeiro livro, já que a autora faz precisamente o mesmo neste segundo livro. E é compreensível, já que para além de uma experiência com crianças problemáticas, a única experiência de acolhimento foi Justin. Por isso, comparar ambas as crianças e os diferentes casos é normal. E comparar ambos os livros também. Confesso que a história de Justin foi mais revoltante e mais aterradora. Embora a de Sophia não seja esquecer ou sequer de minimizar. Ambas derivam de mães que não tinham competência para o ser e que negligenciaram os seus filhos em prol das suas necessidades e até, manias pessoais.

Apesar de não serem os meus livros favoritos, lê-los continua a ser um hábito, tradição que ficou desde a universidade. No entanto, são temas que me interessam bastante e nos quais gosto de pensar e até de discutir, seja com pessoas que têm filhos, como os que não têm, mas como é óbvio têm uma opinião pessoal e uma visão, que também depende da sua formação enquanto adulto e claro, da sua própria experiência enquanto criança e filho que já foi.

O que eu quero dizer com isto, é que este tipo de livro, de ficção com base em relatos verídicos está construído para nos manter curiosos com o desfecho, com o desvendar de mais podres daquelas famílias de origem ou até outras de acolhimento, mas também estão vocacionados para nos deixarem a pensar na miséria humana que muitas vezes está camuflada em inúmeros problemas e flagelos sociais. Ao que parece é sempre pior do que se imagina. Não vejo que estes livros estejam feitos só para chocar ou nos fazerem derramar umas lágrimas, mas também se assim acontecer, é só para nos lembrar que somos humanos e que o sofrimento atroz existe, e pode estar bem perto de nós.

São sempre livros curiosos de ler e até de discutir em família. Fico com vontade de ler o próximo para
conhecer o desafio de acolher três crianças problemáticas. Nem imagino o tamanho da perturbação e da perversidade que aí possa vir. E nessa fase só espero que a autora já tenha resolvido o seu próprio problema com o tabaco ou então que deixe de referir tantas vezes no discurso, sendo a única coisa que tenho a apontar ;)

Uma leitura com o apoio da PRESENÇA, vejam mais sobre o livro, aqui.
E não deixem de ler o primeiro livro "O menino que ninguém amava", lido e comentado, aqui.


2 comentários:

  1. Adoro os livros de Casey Watson e acabo sempre por aprender muito com eles.
    A paixão com que fala das crianças e com que trabalha com elas é fantástica e inpiradora.
    Obrigada pela partilha!
    Bom fim de semana

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  2. é isso mesmo, completamente.
    boa leituras
    efeitocris

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