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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Opinião :: "O Pior Dia da Minha Vida" de Alice Kuipers

"A dor exige ser sentida"
Desde que li um outro livro que figura na minha estante com elevada estima que recordo esta frase muitas vezes. A dor é real e exige ser sentida. 


Para Sophie a dor destruiu a sua família e está a atormentar todos os minutos do seu dia. Por isso, o seu único objectivo é esquecer, essa é a única coisa que importa, o único modo que tem de fugir do passado recente que a atormenta, que a sufoca. Segundo a sua perspectiva, se evitar falar, pensar ou referir-se aos acontecimentos que marcaram para sempre a sua vida e a de muitas outras pessoas, tudo se vai embora, tudo será esquecido.
Conhecemos Sophie no gabinete da psicóloga com quem teima em não falar. Seguimo-la enquanto leva a sua vida como um autómato entre casa e escola, ao longo de 6 duros meses de dor.
O que não sabemos ao iniciar o diário de Sophie, uma peça importante da sua recuperação sugerida pela sua psicóloga, é o motivo que a faz desejar tão arduamente esquecer.
Enquanto isso, vemo-la voltar à possível normalidade do dia a dia para perceber o quanto se sente alienada da melhor amiga, das pessoas que julgava conhecer melhor que ninguém e até da própria mãe, que como ela, se fechou no seu próprio casulo de dor.
Já na escola, a crueldade e indiferença de certos colegas é algo comum na adolescência mas para Sophie há sempre momentos que lhe salvam o dia, pessoas que lhe salvam as semanas e outras que lhe salvam a vida.
Acima de tudo, Sophie precisa de se salvar a si própria antes que a culpa e o ódio consumam a sua sanidade e a periclitante relação que ainda tem com o mundo.
Decidida em olhar para a frente, sem analisar o passado, Sophie concentra-se nas pequenas coisas como a poesia, o desejo de namorar um rapaz que se lhe escapa entre os dedos e os amigos, os antigos que já não reconhece e os novos, que nunca julgou conhecer.
Mas além dos dramas comuns da adolescência (visto que este é um livro para faixa young-adult) Sophie é ainda assaltada por imagens da sua irmã, pensamentos sobre o que diria ou faria, assaltam Sophie a toda a hora e são esses momentos que levam a dor ao expoente da loucura.

Ao ler este livro dei comigo a pensar...e se fosse comigo? E se fosse eu no lugar de Sophie? Não quero nem pensar!
A capacidade de demonstrar emoções, de analisar os acontecimentos que nos trouxeram até ao dia de  hoje ou ser capaz de seguir em frente é algo difícil de fazer em adulto, quanto mais numa fase tão complicada como a adolescência.
Mas o tempo, o único remédio que não se vende na farmácia, é talvez o mais eficaz em muitos dos casos.
E não podemos deixar que um dia, por mais traumático e doloroso que seja, nos molde para sempre. Devemos chorar, sofrer, aprender e seguir em frente com uma magoa no coração que nos lembre do quanto é bom estar vivo e se que se não fizermos certas coisas por nós, então que as façamos porque quem já não está cá para as viver.

"O Pior Dia da Minha Vida" é uma aposta da

4 comentários:

  1. Pela frase do início fará sentido esta música, já mítica, deste dinossauro da música!?

    https://www.youtube.com/watch?v=4ahHWROn8M0

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  2. https://www.youtube.com/watch?v=66GHz-H4k6M
    ou a versao de NINE INCH NAILS :)

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  3. tb gosto dessa versão Philipa, instrumentalmente é mais poderosa, mas não há quem substitua a voz do Jonnhy Cash... pelo menos nesta música.
    É quase como se fosse uma decrepitude boa.

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