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domingo, 28 de dezembro de 2014

Na Montanha de Hitler - Irmgard Albine Hunt - Opinião

A segunda guerra mundial é um dos temas sobre o qual mais leio. Normalmente temos livros que relatam factos sobre os principais protagonistas, sobre os judeus ou os campos de concentração, heróis de guerra ou sobre o Holocausto em geral, mas pouco se encontra sobre os cidadãos comuns, mas essa realidade tem vindo a mudar.
São muitos os livros que, actualmente, fazem o relato de diversas vivências durante a segunda guerra, neste caso temos um relato de infância naquela que foi a "montanha de Hitler."

Por ser um relato de um prisma que ainda não havia lido, comecei com grande entusiasmo, entusiasmo esse que se foi perdendo no passar de cada página.

Apesar deste livro ser um relato verídico e contado na primeira pessoa penso que se perde um pouco por relatos demasiados simples, sobre pormenores quotidianos... julgo que as descrições são muito detalhadas fazendo perder o foco daquilo que o leitor talvez vá à procura.

Apesar desta opinião o livro leva-nos a enfrentar a vida do dia a dia de uma família a viver literalmente junto do ninho da águia e onde se pode ver como funcionou o poder opressivo do regime Nazi, a Irmgard descreve-nos todas as alterações sofridas ao longo dos anos da sua infância, desde as mudanças na escola, na religião, nas músicas, no comportamento das pessoas, coisas simples como a troca de canções em épocas festivas até à forma como foi incutida a muito conhecida saudação nazi.

Depois mostra-nos como foi viver com a fome e racionamento durante os anos de guerra, como eram distribuídas as senhas de alimentação, como eram integradas crianças (refugiados) alemães nas escolas e na pequena comunidade das montanhas... e estes são os relatos úteis para compreender este lado da guerra, era muito mais neste sentido que eu gostava que o livro se orientasse.

Irmgard Albine Hunt recorda ainda a tristeza das famílias na perda de soldados na guerra e relata como estes eram elevados a heróis da pátria, tudo isto produzido por uma máquina de propaganda muito bem oleada.

Ainda nos dá uma perspectiva da ocupação da Alemanha pelas tropas Americanas e de como estas interagiram com o povo da montanha, dos saques às casas dos altos dirigentes das SS que viviam paredes meias com a montanha e refere a descoberta de verdadeiros tesouros nos bunkers da montanha.

Já na recta final do seu relato, Irmgard fala da sua vida na América e de como o povo alemão carrega uma culpa até aos dias de hoje.

Apesar de não ter gostado muito do livro é sempre um bom complemento para poder idealizar mais um lado muitas vezes esquecido das guerras, a vida de um comum.


Uma leitura com o apoio,

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