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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Opinião "28 Dias" de David Safier

28 dias para viver toda uma vida.
28 dias para descobrir o amor verdadeiro.
28 dias para se converter numa lenda.
28 dias e mais uns quantos de sofrimento, dor, esperança, descoberta, amor e, se possível, liberdade.


Conhecemos Mira a tentar sobreviver no atulhado gueto de Varsóvia. Da sua vida anterior ao início da perseguição ao judeus, tivemos apenas pequenos vislumbres. Concentramo-nos, desde início, na imperativa ideia de Mira em sobreviver, especialmente em fazer com que a irmã Hannah, de 12 anos e com uma imaginação muito fértil, mantenha o minimo de saúde e normalidade ao viver no gueto.
Filha de pai ausente e de uma mãe consumida pelo desgosto, Mira é o ganha pão da família, que obtém os seus bens através do contrabando e acitividade de candonga entre o gueto e o lado polaco de Varsóvia. Forçada a viver confinada no gueto e com o cerco nazi a apertar, Mira encontra alguma paz nas história da irmã e na presença do namorado, Daniel.
Mas no meio do horror da época, do drama que se vive e do caos que se instala ao longo do livro, Mira consegue manter um lado de miúda, que quer em 1943 ou 2015 se mantém muito idêntico e onde um beijo de um rapaz desconhecido é capaz de arruinar toda a concentração, mesmo quando está em causa a sua sobrevivência.

Creio que o objectivo do autor, ao imprimir um linguagem pessoal, honesta e actual a Mira e aos restantes intervenientes de “28 dias”, é dar às gerações actuais um vislumbre de um período da história que eles devem conhecer e compreender.
Claro que aligeirar o tema da perseguição nazi ao povo judeu com uma linguagem mais jovem e um romance juvenil não é de todo o intuito de “28 dias”, embora sejamos testemunhas de um triangulo amoroso entre a candongeira, o órfão romântico e o rebelde sedutor. Em “28 Dias” temos apontamentos que nos fazem sorrir, aqueles que aligeiram o ambiente com recorrência ao humor ou ao insulto jocoso entre Mila e companhia mas não deixamos de ser testemunhas de um relato que nos arrepia, que nos transporta até lá para testemunhar coisas que nem desejamos que sejam ficção quanto mais barbaridades humanas que se tornam factos reais.

Mais que um livro sobre o sofrimento que os Judeus viveram no Gueto de Varsóvia e durante a segunda guerra mundial, “28 dias” é um livro sobre a vida, sobre o que escolhemos para a nós face as circunstâncias com que somos confrontados. Como o louco do guerro pergunta a Mira “que tipo de pessoa queres ser?”
A pessoa que cala e consente? A pessoa que luta? A pessoa que mata? Ou a pessoa que arrisca a sua vida pela pessoa que ama?

“28 dias” pode falar sobre a história de Mira mas fala acima de tudo de 28 dias de resistência, de coragem e decisões difíceis mas 28 dias que ficam para a história. Porque embora Mira e algumas das pessoas que nos são apresentadas sejam ficção, a rebelião da resistência no Gueto de Varsóvia é bem real e prova que no meio de tanto horror, houve quem lutasse por si, pelos seus e pelos que nunca viu mas que sabiam estar a perder a vida por toda a Europa. 

 “Ganha o que menos medo tem. Agora compreendia-o. Foi por isso que o alemães levaram a melhor sobre nós. 
Ate agora. 
Todavia já não tínhamos medo. 
Afinal, já estávamos mortos.”

Eu gostei bastante de ficar a conhecer a história de Mila, que por diversos momentos que prendeu ao local onde estava a ler.
Gostei ainda mais de ficar a conhecer o autor. Creio que ficarei atenta aos seus livros e pelo que li, “Uma Família Feliz” entra na minha wishlist.

Que me dizem? Já leram algum livro do autor?

David Safier é uma aposta

Eu vou apontar para o fim de semana que vem uma sessão para rever "O Pianista"

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