O Livro de Nikolaus Wachsmann chega às livraria à 8 de setembro
Numa altura em que se assinalam os 70 anos do final da II Guerra Mundial, a DQ publica aquela que é considerada já a obra definitiva sobre o assunto. Desde a sua concepção, em 1933, até ao seu encerramento, na primavera de 1945, o historiador britânico assina uma história geral do amplo sistema de campos de concentração, bem como das experiências quotidianas dos seus habitantes – perpetradores, vítimas, e todos aqueles que viviam naquela área que Primo Levi designou como «zona cinzenta». Wachsmann não sintetiza apenas o trabalho académico de uma geração, uma parte importante do qual desconhecida até agora fora da Alemanha, como também faz revelações surpreendentes, baseadas em muitos anos de pesquisa arquivística.
Sem dúvida que o livro de Niklaus Wachmann é um marco histórico literário na problemática dos campos de concentração iunseridos em toda a ideologia política do III Reich.
ResponderEliminarUm livro sem falhas, um poderoso documento histórico mas que sofre de um vazio fundamental: o centramento em Auschwitz e Dachau não deixa espaço para a descrição e análise exaustiva da Operação Reinhard ( Belzec, Sobibor, Treblinka) cuja actuação merece ser analisada até á luz do comportamento psicopático dos seus actores-perpetradores. Como campos únicamente de extermínio, eles foram uma obsessão que até se evidenciou na preocupação em arrasá-los antes da sua descoberta pelo Exército Vermelho. Não devemos esquecer a afirmação de Samuel Willemberg, sobrevivente de Treblinka: " Como é possível o assassinato de 800.00 mil seres humanos num espaço tão pequeno (300mx250m) ? Está muito para além da nossa compreensão e ultrapassa todos os momentos mais especulativos da imaginação humana". Será que o capítulo tornaria esta obra de uma extensão mais ou menos incomportável núm único volume ? Não podemos esquecer o suicídio de Richard Glazar (Treblinka)como p'rotesto pelo branqueamento dos negacionistas, as lágrimas de Filip Muller, "sonderkommando durante três anos em Auschwitz, o protagonismo descritivo de Primo Levi em "Se isto é um homem", o discurso de Toivi Blatt (Sobibor) e muitos outros que quando iniciarem a sua viagem final merecem que as gerações actuais e vindouras preservem a sua memória, que é a memória da Humanidade e que não se presta a lapsos.
É o único ponto fraco que detecto nesta obra colossal. Espero que alguém um dia escreva igualmente tão exaustivamente sobre os campos da Operação Reinhard e sobre os Einsatzgruppen.
Um amogo economiste e curioso da História.
José Lucas