"A Elizabeth Desapareceu" é uma daquelas leituras que gosto de intercalar no meio dos meus livros habituais.
E desta vez, embora tenha demorado 2 semanas a lê-lo, sei que acertei mesmo com todas as paragens que necessitei de fazer ao longo da leitura..
Faz muito tempo que não me custava tanto avançar num livro. A cada linha que lia na vida de uma Maud perdida e confusa, tinha mais vontade de fechar o livro e interromper a leitura do que continuar. Cada momento de confusão de Maud e incompreensão dos que a rodeiam, dava-me era vontade de correr para os braços da minha avô e para o seu reconhecimento e mau feitio característico das mulheres da nossa família.
Porque será que negligenciamos tanto os nossos velhos? Porque será que perante a confusão de alguém que nos é querido, que cuidou de nós, nos sentimos tão frustrados, tão incapazes de orientar e ajudar o outro?
Como deve ser difícil conciliar 70/80 anos de memórias numa cabeça que recorrentemente se esquece do dia de hoje, de onde está e até do próprio nome.
Uma vez superado o meu desconforto para com a situação demente dos 80 e tantos anos de Maud e a incompreensão das pessoas perante o seu desespero ao achar que a amiga desapareceu, consegui embrenhar-me na história graças aos flashbacks que momentos presentes causavam em Maud e nos levavam até ao passado distante, aos anos 40 e ao tempo em que a sua irmã Sukey desapareceu sem deixar rasto quando Inglaterra ainda se recompunha da Guerra.
Numa tentativa de dar sentido ao presente e de encaixar às peças do passado, Maud vai deslindando a confusão com o suposto desaparecimento de Elizabeth e os segredos da sua infância, com especial ênfase no sumiço a sua querida e carismática irmã e a presença insistente do marido Frank e do curioso hóspede Doug.
Poderá o presente e as contínuas perguntas aparentemente sem nexo de Maud fazer sentido para descortinar o passado?
Um livro que mostra o modo cruel como o tempo nos desgasta o cérebro mas que pelo meio do nevoeiro dos nossos passatempos nos permite entrever as luzes da clarividência. Um leitura fora do vulgar, com capacidade para nos emocionar, comover e entreter.
Deixo-vos com a música que Maud tanta falou ao longo do livro e que agora compreendo porque lhe ficou na cabeça durante tantos anos.
Boas leituras!
"A Elizabeth Desapareceu" é uma novidade
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