É curioso pensar que sempre encarei os livros de Sveva como o tipo de historias que automaticamente associo à minha mãe e ao seu gosto para os romances mais...maduros.
Mais curioso ainda é chegar ao final da leitura não só completamente rendida à história de Angelica e dos que a rodeiam (especialmente os homens da sua vida) como com um certo desejo de ir à estante da mãe, que tem todos os livros da autora numa bonita colecção, e começar a ler aqueles títulos que ajudei a levar para casa mas que nunca me disseram nada...até agora.
Com "A Vinha do Anjo", a Signora do bestseller italiano arranjou uma nova fã na família Rodrigues, eu, a eterna apaixonada por Itália que apenas ficou com mais vontade de viajar e se perder na cultura e gastronomia do país e nas províncias tão bem retratadas neste livro.
Mas paramos de falar de mim e do espanto de me considerar fã daqui em diante.
"A vinha do Anjo" é uma belíssima história, mais que um romance sobre uma mulher independente, trabalhadora, decidida e com algum azar no amor, é igualmente a história da terra, do vinho, da paixão por uma arte milenar e das pessoas que a Itália germinou com amor, garra e determinação.
Angelica é uma mulher que cedo o amor fez sofrer mas que seguiu em frente ciente de onde estavam as suas raízes e a paixão que a movia, em Burgofranco, a herdade vinícola da família que ela estava destinada desde o berço a gerir.
Embrenhada no seu papel de dona e senhora do vinho, assim como no de mãe, Angelica não viu que uma parte da sua vida desmoronava colina abaixo até já ser muito tarde.
Ciente de que a vida não pára para nos deixar chorar, Angelica vive uma série de peripécias que a levam a conhecer novas pessoas, a encarar a sua vida sob uma outra perspectiva e a ver os erros dos outros não sem primeiro ver os seus.
"-...Porque é que a vida é tão dura?
- Diz-se que quando nascemos já está escrito que um terço dos nossos anos será de sofrimento e apenas um terço de alegrias.
- E o terço que sobra?
- Será aquilo que quisermos que seja."
Já disse que esta história é lindíssima ?
Quase pareço a minha mãe e o seu habitual "gostei muito desse livro, tem uma história muito bonita".
Mais que ter gostado de Angelica e da sua história, da provação do seu primeiro casamento, da inevitabilidade do segundo, da cumplicidade com a filha ou a dedicação à vinha, gostei foi mesmo da envolvente de Burgofranco e dos flashbacks que nos contaram como ali chegou Angelica, o marido ou Tancredi, um pesadelo que se torna um peculiar sonho tão memorável e belo.
"A Vinha do Anjo" abre portas a novas leituras de um género romântico que nunca me tinha despertado curiosidade e abre uma outra porta, uma muito perigosa, a do desejo de pegar na mala e rumar a Itália.
Um à parte...
É curiosa a cultura italiana e a sua capacidade para a traição e a sua aceitação. Ao início, certos comentários fizeram-me torcer o nariz mas lá para meio já me tinha habituado e curioso é ter ouvido a minha mãe dizer "o livro acabou mesmo como eu gosto" mas eu cheguei ao fim, li o mesmo que ela e tirei uma ilação completamente oposta.
E agora, quem é que adaptou a sua visão à cultura italiana e a sua capacidade de contornar ramos enredados da traição matrimonial?
:)
E por aqui, quem teimosamente negou à partida um autor que julgou não ser do seu gosto para depois se surpreender pela positiva com a leitura de um dos seus livros?
Quem por aqui já se rendeu aos livros da rainha do romance italiano?
Eu tenho uma enorme lista de leitura mas acho que lá para o Natal, roubo "A Siciliana" da estante da mãe e vou "passar" as festividades a Itália.
Até lá....boas viagens nas páginas dos livros.
Até lá....boas viagens nas páginas dos livros.
"A Vinha do Anjo" é uma novidade
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