Já não me lembro se num filme ou numa série alguém disse "se eu não me safar, apaga o histórico do meu browser".
Nos dias que correm a nossa pegada digital está longe de se restringir apenas ao histórico de pesquisas, visitas e horas navegadas na Internet. Uma parte de nós, por vezes a mais secreta, encontra-se algures no ciberespaço entre um e-mail, um chat privado ou um post que nunca chegámos a publicar.
Conhecemos Alice num primeiro momento pelas suas palavras, num ensaio que ganhou na adolescência mas daí em diante, a vida de Alice é-nos contada através de trocas de mensagens, emails, notícias, fóruns de conversação, tweets, excertos de diários e cartas.
Por norma este formato nunca é muito apreciado pela grande maioria dos leitores. Eu conheço um bom número de pessoas que diz que rapidamente se aborrece ou se perde. Eu confesso que já li uns três ou quatro livros neste "formato" e parece-me sempre um desafio muito interessante, embora confesse que tenha existido momentos mais difíceis de passar na leitura, especialmente nas cartas do Prof. Cooke, o responsável pela compilação da informação sobre Alice neste "O que ela deixou", que é igualmente o nome do projecto/livro sobre a personagem.
Alternando entre diversos intervenientes, incluindo a Alice, temos um vai vem temporal que nos leva antes e depois da data da sua morte em fevereiro de 2012. Tendo em conta que nenhum narrador é credível passamos o livro todo a achar que qualquer pessoa pode, de um momento para o outro, nos apresentar um "motivo válido" que justifique ser o culpado pela morte de Alice.
Ou será ela a única culpada da sua desgraça?
Alice Salmon cresceu na era da internet, da partilha vulgar da vida diária com amigos e conhecidos (e desconhecidos) através das redes sociais. Mas na hora da sua morte, poderá o seu rasto tecnológico levar, entre e-mails e tweets, à verdade sobre as horas que antecederam a sua queda ao Rio Dane?
Poderá a compilação da informação disponível online ser capaz de traçar o perfil de Alice, da pessoa que ela realmente era?
Se nunca se perderem com o trampolim de informação que saltita de datas, meios de comunicação e intervenientes na mesma folha, vão encontrar em "O que ela deixou" o desafio de leitura para o final deste verão.
Deixo a dica que isto dava um bom filme. Não há por aí ninguém interessado em adaptá-lo?
Fica a banda sonora (ao gosto da Elsa, não da Alice)
"O que ela deixou" é uma aposta
Para mais informações consultem o site Editorial Presença
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