Life is what happens to us while we are making other plans.
Quando li a sinopse deste livro dei comigo a pensar "Quem nunca precisou de uma pausa na sua própria vida, que atire a primeira pedra".
Maribeth Klein andava a mil. Editora numa revista de moda, mãe de gémeos, esposa, dona de casa, encarregada de educação, cozinheira, moça de recados, responsável por organizar, comprar, limpar, secar, banhar, não pirar...
Maribeth andava realmente a mil à hora, tanto que no momento em que começou a ter sintomas de um ataque cardíaco, não lhes deu importância até ao momento em que se viu numa cama de hospital, rodeada de bips e tubos e com a cabeça a transbordar com um único pensamento "o meu coração parou e eu podia ter morrido".
Realmente dizem que as experiências de quase-morte abrem toda uma nova visão mas para Maribeth não se trata de uma percepção para o além mas para o aqui e agora, para a realidade que vive, que não consegue controlar e que lhe ameaça roubar a segunda oportunidade que a vida lhe deu.
Em pânico e um pouco inconscientemente arruma a mala e sai sem destino. A distância cria perspectiva e talvez seja mesmo isso que Maribeth precisa enquanto recupera do susto e se volta a sentir com forças para enfrentar o passado, o presente e o futuro.
Porque na realidade o que interessa é mesmo isso, o futuro, o seu, dos seus filhos, da sua família.
Para uma mãe abandonar os filhos, uma mulher abandonar o seu marido e a sua casa, é preciso existir um motivo maior e o de Maribeth é o maior de todos, a sua sobrevivência.
Sei que a decisão dela poderá ser controversa e imagino o quanto haverá leitores completamente contra o seu ponto de vista. No entanto, confesso que compreendo que por vezes a única maneira de meter a cabeça em ordem é afastar-nos de tudo. Sim, ela tem responsabilidades mas acima de tudo ela também tem coisas mal resolvidas na cabeça. Quando temos responsabilidades, não nos podemos dar ao luxo de parar e tentar resolver o que nos remoí o espírito.
Será a distância suficiente para Meribeth recuperar e organizar os seus pensamentos?
Haverá algo mais que a assusta que ter visto a sua vida por um fio?
Poderá o passado de Meribeth ser a ponta solta que a impossibilita de dar um nó aperto à sua vida?
Confesso que gostei bastante de ler todos os outros livros da autora mas este é o que toca mais fundo na ferida, talvez porque os outros são para teens e eu estou mais no registo de Maribeth, sem o ataque cardíaco e os gémeos mas com a necessidade de parar e reavaliar antes que um dia seja eu que tenho uma coisinha má.
"Deixa-me ir" é uma história com que muita gente se poderá identificar, por um ou outro detalhe, concordando ou não com o tempo que Maribeth dá a si mesma. Às vezes deixar de fazer planos, parar para avaliar as coisas, confiar os nossos pensamentos aos que nos são próximos e acreditar que as pessoas nos vão ajudar se pedirmos ajuda, é meio caminho andado para baixar a rotações da nossa azafama diária, encorrilhar os pensamentos que viajam descontrolados na nossa cabeça e apaziguar-nos com o pensamento de que tudo um dia se orienta, que se ainda não está orientado, é porque ainda não chegou a hora de estar.
Quando te sentires Maribeth, para. Pensamento positivo, calma e atitude :)
"Deixa-me ir" é uma novidade
Para mais informações visitem o site Editorial Presença
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