“If one’s different, one’s bound to be lonely.”
- Aldous Huxley, Brave New World
Quando li a sinopse de "A Educação de Eleanor" fiquei com os pratos da balança a pender entre o drama ou/e comédia. Estava captivada para descrição de Eleanor e da sua vida mas será que estava preparada para o que encontrei?
Há livros que nos surpreendem, não pelo que encontramos na história mas pelo que encontramos em nós ao lê-los e "A Educação de Eleanor" encontrou em mim sorrisos, momentos de estupefacção, gargalhadas, lágrimas e um aperto de compreensão e compaixão no peito.
Se ao início Eleanor vos parecer estranha, desapegada do mundo e da realidade, nada temam. A carapaça dura que inconscientemente usa à sua volta é produto da educação, do tempo e da vida que teve.
Eleanor vive com os fantasmas do passado como uma sombra constante sob a sua cabeça, a moldarem-lhe a actos, os pensamentos e a suprimirem-lhe as emoções.
Os anos que viveu com a sua mãe foram poucos, comparativamente à dita maioria, mas foram os suficientes para a magoar e marcar para todo o sempre. Se há marcas feitas bem fundo no seu carácter, auto estima e educação, já outras que Eleanor carrega bem aos olhos dos outros.
O que impulsiona as outras pessoas a viverem a sua vida em nada afecta Eleanor. Numa rotina casa-trabalho-casa, com refeições pré-estabelecidas e um ritual de fim de semana regado a vodka no isolamento de sua casa, Eleanor vive alheia do mundo, quer por auto imposição, quer por nunca ter conseguido desenvolver ligações de amor e amizade ao longo da sua vida.
Mas tudo está prestes a mudar, com alguma resiliência sua e de quem a rodeia, quando se vê obrigada a pedir ajuda para um louco projecto pessoal e acaba, sem saber bem como, por ajudar um idoso que cai na rua.
Daí em diante, a existência de Eleanor sofre as mais espectaculares transformações, que acabam por nos revelar, entre momentos cómicos e outros bem duros, que a educação de Eleanor foi menos normal.
"Segurei numa mão com a outra e tentei imaginar como seria a sensação da mão de outra pessoa a pegar na minha. Houve alturas em que pensei que morreria de solidão. Por vezes, as pessoas dizem que estão a morrer de tédio ou que estão a morrer por uma chávena de chá, mas, para mim, morrer de solidão não é uma hipérbole."
"Segurei numa mão com a outra e tentei imaginar como seria a sensação da mão de outra pessoa a pegar na minha. Houve alturas em que pensei que morreria de solidão. Por vezes, as pessoas dizem que estão a morrer de tédio ou que estão a morrer por uma chávena de chá, mas, para mim, morrer de solidão não é uma hipérbole."
Eleanor estranhou-se mas depois entranhou-se, pelo menos em mim. Encontrei nela alguém inteligente, desafiante e peculiar, e na sua história, uma jornada de redenção interna e descoberta do mundo onde até então era um corpo estranho. A solidão é uma capa pesada de se usar, seja qual for a razão pela qual nos pousou nos ombros e ver Eleanor a despojar-se da sua é qualquer coisa de espectacular.
Adorei levar Eleanor de viagem e sei que um dia regressarei a esta leitura, talvez porque saiba que agora "Eleanor Oliphant is completely fine"
"A Educação de Eleanor" é uma novidade
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