Eu sei que Chico Buarque é incontornável no Brasil e não só, mas mesmo da música eu nunca fui muito fã. Sou fã de Caetano, é só o que posso dizer. Caetano me arrepia, Buarque (por vezes) me entedia. Não consigo evitar, sou apenas muito fã da eterna «A Banda».
Agora com a reedição de «Benjamim», eu tentei. Tentei e li, de fio a pavio, a história meio caótica, meio nostálgica e surreal de Benjamim, Beatriz e Ariela, mas tanto tumulto não me convenceu.
Ainda irei ver o filme, pois costumo gostar das interpretações de Paulo José e Danton Melo.
Mas falando de «Benjamim»... Talvez se possa dizer que o livro se alimenta de uma música que Benjamim Zambraia pode ouvir vezes sem conta, uma faixa na qual ele carrega "play" em que parte desejar. Essa repetição é o seu passado, muito ligado ao presente, especialmente depois de avistar Ariel. A narrativa vive de momentos entre passado e presente, entre Beatriz e Ariel e as memórias de um amor intenso e inacabado.
"Talvez aviste mulheres semelhantes, como sucede nos filmes, onde o herói julga reconhecer a amante do outro lado da rua, por causa do vestido ou dos cabelos, e parte desabalado (...) Mas no passado Benjamim já levou três anos rondando a cidade à procura de uma mulher, e nunca se equivocou. Ele sabe que, com o corpo em movimento, não há duas mulheres que se confundam, nem irmãs nem gêmeas."
A vida de Ariel é igualmente um tumulto e um emaranhado de situações estranhas e complexas que deixam o leitor na dúvida e isso sim cria um certo suspense, Talvez Ariel seja realmente a personagem central, a sua vida e a vida que fica a saber de Beatriz, chegam a parecer uma só, o leitor chega a questionar-se se Benjamim não delira, não se evade ou sonha com um amor que não terminou de viver.
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No decurso desta leitura, procurando o filme, cheguei a uma tag #chicobuarqueelivros, deveras curiosa, ou seja, o desafio é sugerir livros conforme uma selecção de música de Buarque. Fica aqui o vídeo do cantinho da Tatiana Feltrin.
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