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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

«Os melhores contos de Edgar Allan Poe» ilustrados por 28 artistas nacionais - Opinião




Poe é dos incontornáveis da literatura. Dos eternos.
Largamente divulgado e já com várias colectâneas publicadas no nosso país, esta da Saída de Emergência vem com valor acrecentado. É uma edição de luxo e tem 28 ilustrações, uma para cada conto. E é isso que a torna especial. 
Poe é imensamente reconhecido pela duplicidade dos seus enredos, que tanto apelam ao belo como ao horror. Ou seja, a morte vista como algo tragicamente belo. Os seus cenários são lugares lúgubres, numa ode à escuridão, que não omitem a putrefacção e a doença, antes pelo contrário. A obsessão com a morte e a doença são o que de mais distinção tem a sua escrita. 
O lado oculto e fantasmagórico é encontrado nos seus contos e poemas, recorrendo a uma linguagem simples mas sugestiva que apelam ao lado mais negro e sufocante, estreitando o espaço do leitor, alimentando nele o medo. Especialmente por Poe utilizar a escrita na primeira pessoa, conduzindo a um imediatismo que desperta os sentidos do leitor e o faz sentir mais a história. Este sentido do imediato conferiu um modernismo a Poe que vem sendo usado em larga escala na literatura americana. O imediatismo atrai o leitor e fá-lo ganhar confiança na história e identificação, por vezes, directa com os sentimentos do personagem. O efeito é uma maior comunicação: escritor - leitor. 
Pode parecer estranho, ligar assombroso, oculto, absurdo e grotesco com a comunicação com o leitor, mas o certo é que a marca deixada pelas narrativas de Poe é profunda e dificilmente esquecida pelo leitor. O brilhantismo de Poe é conseguir estreitar tanto os acontecimentos que é inevitável o que se passará com os personagens, e é isso que justifica os actos, mesmo que negros e atormentados. 

No que toca ás ilustrações, escolheria a do «O Rei Peste», a do famoso conto «Os Crimes da Rua Morgue» e a do «O Demónio da Perversidade». Mas o meu favorito é a do conto «O Homem da multidão» pela ilustradora Sónia Oliveira. Esperava uma ilustração bem mais impactante para o conto «O Gato Preto», podia ter um toque bem mais de bizarria.

Um livro,
saida de emergencia
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