Era uma vez um homem que vivia numa casa muito, muito alta, tão alta que quase tocava o céu. Como ele era carteiro, as pessoas diziam que, muito provavelmente, morava numa casa assim para poder entregar cartas aos anjos! Mas, na verdade, esta era uma casa de família. Ora, o senhor carteiro, que era de quem eu estava a falar, tinha um problema: falava, frequentemente, a rimar e, por isso, adquirira a alcunha de Senhor Rimas. No início, as pessoas da aldeia de Não-Sei-Onde-Moras achavam-lhe muita graça, mas, depois, tornou-se aborrecido ter de ouvir a toda a hora e a todo o instante aquelas falas rimadas. Tal era o desespero da aldeia que decidiram os habitantes marcar um encontro na praça para discutirem o assunto. Então, ao saber disto, e vendo o desconforto que provocava nos seus amigos e nos seus colegas de trabalho, o Senhor Rimas decidiu abandonar a aldeia…
Toda a gente foi apanhada de surpresa, pelo que ninguém tentou impedir o inesperado assassinato do mais conhecido e traduzido escritor das ilhas, breves momentos antes do início da cerimónia de apresentação do que acabou por ser a sua última obra. E, no entanto, nesse dia o vasto auditório transbordava de uma festiva multidão de fãs e outros curiosos, todos impacientes ante a expectativa de ter um autógrafo no já muito badalado livro que se preparavam para adquirir. De modo que a ninguém terá passado pela cabeça que um evento daquela natureza, sempre aguardado com geral e grande ansiedade, poderia vir a ter um desfecho tão inesperado quanto brutal, especialmente tendo em conta a qualidade das pessoas envolvidas na tragédia.
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