Este livro é um como álbum, composto por várias músicas, começando por esta "Pequenos Delírios Domésticos" de Sérgio Godinho, e se pararmos na estrofe:
"Vou até bater ao fundo
depois venho respirar, o ar
que me coube nesta vida
volto ao ponto de partida
(...)"
É talvez o melhor resumo para quase todos os contos que li.
Desses pego em três deles e escrevo:
Entrei num táxi numa qualquer avenida, esbarrei o olhar numa estranha perspectiva.
Era uma nuca conhecida. Sem confiança no percurso, dei voltas e voltas, estremunhei e sonhei, lá fui misturada em delírios-desvarios, numa aventura centrifuga.
Acordei à terceira buzinadela, havia chegado.
Impaciente. Ele impaciente, ralhando qualquer coisa que não decifrei.
A porta rústica escancarada, como uma cabeça aberta, uma entrada para o sótão das memórias.
Os contos de Ana Margarida de Carvalho são preciosos!
Fazem o leitor divergir da realidade e entrar em momentâneo delírio. O pequeno delírio de querer fazer parte daqueles contos. O lado fabuloso de um bom conto é fazer crer nas possibilidades ilimitadas de o alterar, dar-lhe continuidade, mexer e remexer-lhe nas personagens, inventar-lhes passados, dar-lhes futuros de uma linha ou ligá-los a um outro personagem vinte páginas mais à frente.
Ler contos é divagar em como lhes acrescentar um ponto, pois a mim, um conto parece sempre uma peça inacabada ou com rachaduras, pequenos veio por onde podemos acrescentar uma linha.
Olá minha querida!
ResponderEliminarNão costumo ler muitos livros de contos, mas fiquei com bastante curiosidade em relação a este.
Obrigada pela partilha!!
Beijinhos
Olá boa noite Marisa
ResponderEliminarTardei mas cheguei cá ao seu comentário.
Já os leu?
beijinho, boas leituras