Imaginem o enredo que dá, colocarmos oito pessoas ansiosas,
prestes a se tornarem reféns acidentais de uma outra pessoa pouco experiente
nas lides do crime (pouco!) organizado e a contar serem salvas por duas outras
pessoas que não se entendem, embora sejam policias, são também pai e filho.
"(...) algo que é impossível aos filhos compreenderem e
que os pais têm vergonha de admitir: na verdade, não queremos que os nossos
filhos persigam os seus próprios sonhos nem que sigam as nossas pegadas.
Queremos, sim, seguir as pegadas deles enquanto perseguem os nossos
sonhos."
Azar de Jim que não queria Jack como polícia. E,
aparentemente, azar daquele apartamento cheio de gente que conta com eles para
desvendar o roubo e a consequente situação de reféns. Situação essa, que, à boa
maneira de gente ansiosa, se altera rapidamente com pessoas muito diferentes a
descobrirem laços que julgavam inexistente e a se identificarem e protegerem
mutuamente
"Esta coisa das palavras é complicada, em particular
quando uma pessoa é mais velha e tudo o que quer dizer a alguém mais novo é:
«Vejo o teu sofrimento, e isso faz-me sofrer.”
E para ver o sofrimento do outro, basta por vezes parar para
ouvir realmente, com espaço e admitir o quão fácil, horrível e assustador é
fracassar nisto de ser adulto, ainda para mais quando ser adulto envolve ajudar
outros a tornarem-se adultos.
E até quando seguimos nisto de tornarmo-nos adultos?
Conhecendo Roger e Anna-Lena, diríamos que uma vida toda. Ou
é apenas medo pelo excesso de tempo, quando temos tempo para pensar que já nos
falta pouco tempo? Parece um pouco idiota, mas a ansiedade não nos torna a
todos um pouco idiotas?
«Gente Ansiosa» de Fredrik Backman é um livro cheio de
perguntas, mesmo quando aparecem sobre a forma de respostas. É um enredo com
tantos enredos dentro, tantos quantos são os personagens. Aliás, mais, é gente
com gente dentro. Gente com problemas e ansiedades como as da gente 😉
E ao mesmo tempo é uma narrativa cheia de saltos e perspectivas, momentos
tensos e outros de calmaria. E lucidez. Pois até mesmo «gente ansiosa» tem
momentos de lucidez, como Zara na psicóloga a debater o que é a felicidade. A
debater não, a afirmar.
Tal como o livro se vai afirmando com pequenas verdades: «[…]
a solidão é como a fome: só nos apercebemos do quão esfomeados estávamos quando
começamos a comer.»
Ainda só li o primeiro romance do autor, Um Homem Chamado Ove, e adorei. Por isso quero muito ler mais livros de Backman e a tua opinião certamente que contribuiu para que este fique debaixo de olho ;)
ResponderEliminarNão Digas Nada a Ninguém
Obrigada por leres os meus textos, entretanto já leste o GENTE ANSIOSA?
ResponderEliminarAinda não. Primeiro, porque ainda me estou a recuperar do abalo emocional que foi a minha primeira experiência e depois porque ainda não o tenho na estante ;) Mas vai ser lido, disso tenho a certeza!
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