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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Finalmente o Nobel... uma boa escolha para 2013!

Ainda antes de ser Nobel da Literatura, Mo Yan já tinha o seu "Peito grande, ancas largas" editado em Portugal pela mão da Ulisseia desde 2007, mas a consagração veio em 2012 aquando da escolha para Prémio Nobel da Literatura.

Ao Efeito dos Livros despertou-lhe bastante a curiosidade e agora chega a vez da sua leitura.

A Academia Sueca anunciou hoje o Prémio Nobel da Literatura 2012. O galardão foi para o escritor chinês Mo Yan. Em Portugal tem editado o livro «Peito Grande, Ancas Largas», pela Ulisseia, lançado em 2007.

A Academia Sueca é, habitualmente, silenciosa quanto à divulgação de qualquer pista sobre possíveis finalistas ao galardão, mas, nas semanas que antecedem o anúncio, surgem listas e apostas de favoritos.
O escritor japonês Haruki Murakami, 63 anos, autor de «Kafka à beira-mar», «Sputnik meu amor» e o mais recente «1Q84», encabeçava os favoritos na página de apostas Ladbrokes, seguido do escritor húngaro Peter Nadas.
Nos 104 prémios Nobel da Literatura já atribuídos, apenas 12 distinguiram mulheres, por isso a imprensa internacional também fazia eco de algum favoritismo para a contista canadiana Alice Munro, prémio Man Booker International em 2009, para a poetisa sua conterrânea Anne Carson e para a romancista egípcia Nawal el Saadawi.
No novo milénio três mulheres foram premiadas: Elfriede Jelinek (2004), Doris Lessing (2007) e Herta Muller (2009), da qual o Efeito dos Livros leu e comentou, "Tudo o que eu tenho trago comigo", editado pela Dom Quixote.
Entre os favoritos nas apostas estavam ainda o romancista irlandês William Trevor, o escritor holandês Cees Nooteboom e o compositor norte-americano Bob Dylan.
No ano passado, o galardão foi atribuído ao poeta sueco Tomas Transtromer.
José Saramago permanece o único escritor português a ter sido distinguido com o Nobel da Literatura, que recebeu em 1998.Nobel da Literatura tem um valor pecuniário de 926 mil euros e é considerado o mais prestigiado dos galardões internacionais na área das letras.
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Mo Yan nasceu a 17 de Fevereiro de 1955 e é descrito como «um dos mais famosos e pirateados escritores chineses».
Entre os seus trabalhos destaque para «Red Sorghum» (1987), «The Garlic Ballads» (1995), «Explosions and Other Stories», «The Republic of Wine» (1992), «Shifu: You´ll Do Anything for a Laugh», «Big Breasts & Wide Hips» (1996), «Life and Death Are Wearing Me Out».
Os romances de Mo Yan, estão enraizados na China rural, onde nasceu, mas revelam também influências do «realismo mágico» e outras correntes ocidentais, dizem críticos e tradutores.
Entre os escritores favoritos de Mo Yan estão: William Faulkner, Gabriel Garcia Marquez, Oe Kenzaburo e Rabelais.
Mo Yan, que, na verdade, se chama Guan Moye, passou a usar o seu pseudónimo («Não Fale», em mandarim) a partir da publicação do seu primeiro livro, devido à repressão e regime vivido na China.
Mo, que se fez adulto durante a revolução cultural chinesa, quando o afã intelectual transformou-se em algo suspeito, explica que escolheu o seu pseudónimo porque tinha fama de ser muito directo ao falar e, ao adoptar essa nova identidade, poderia lembrar-se facilmente que não devia falar demais.
Outros escritores, como o também chinês Ma Jian, criticam Mo precisamente por não ter defendido outros autores e intelectuais que se viram perseguidos durante a revolução cultural chinesa.
Mas, por outro lado, Mo possui uma enorme fama no seu país, além de ser um dos autores chineses mais conhecidos e traduzidos. No entanto, mesmo com todo reconhecimento dentro do seu país, o escritor também já foi vítima de censura em algumas ocasiões.
Por causa de seu romance «Fengru Feitun» («Peitos grandes, Ancas Largas»), que foi lançado em 1995 e causou uma grande polémica na China pelo seu conteúdo sexual, o Exército chinês obrigou o escritor a fazer uma autocrítica, enquanto o livro foi retirado de circulação.
Apesar da rigidez do regime chinês, o novo prémio Nobel assegura que não se preocupa com a censura quando decide os argumentos das suas obras. «Restrições aos escritores sempre existiram em cada país», declarou Mo à revista Time em 2010, antes de ter sublinhado que esses limites poderiam representar uma vantagem, já que forçam o autor a «fugir da estética literária».
No seu caso, Mo opta por recriar um mundo rural - o de Gaomi, cidade situada na província de Shangdong -, ancorado no tempo e com toques de realismo mágico que popularizou Gabriel García Márquez, de humanismo de William Faulkner e de sátira de Lu Xun (o pai da literatura moderna chinesa), algumas das suas principais influências.
Versátil e prolífico - escreveu «Shengsi Pilão» («A Vida e a Morte Estão a Desgastar-me», em livre tradução) em apenas 43 dias -, a obra de Mo estende-se desde o romance histórico «Red Sorghum: a Novel of China» à sátira de «Fengru Feitun».
Nascido em 1955 numa família de camponeses, o Nobel de Literatura 2012 abandonou os estudos devido à Revolução Cultural. Após trabalhar no campo e numa fábrica durante os seus anos de adolescência e juventude, Mo entrou para o Exército chinês em 1976. Em 1981, começou a escrever contos e, em 1984, entrou para a Academia de Arte do Exército.
Em 1987, um ano depois de ser formar, publicou o «Red Sorghum: a Novel of China» («Hong gaoliang jiazu», no original), livro que o catapultou para a fama. Dois anos mais tarde viria «Tiantang Suantai Zhi Ge» («As Baladas do Alho», em livre tradução).
O livro que considera a sua obra de maior destaque, «Fengru Feitun», foi lançado em 1995.
Depois de ter abandonado as Forças Armadas, Mo começou a trabalhar como editor de jornal, embora continuasse a escrever os seus livros, como «Tanxiangxing» («A Tortura do Sândalo», em livre tradução), de 2001, e «Wa» («Rã», em livre tradução), de 2009.
Nos últimos dias, a imprensa chinesa passou a abordar a possibilidade de Mo ganhar o prémio, o primeiro Nobel entregue a um escritor chinês radicado no país, já que Gao Xijian, premiado em 2000, residia em França e tinha nacionalidade francesa.
Seguidor do conselho que deu a si mesmo ao escolher o seu pseudónimo, Mo optou pelo silêncio nestes dias que antecedeu a definição do prémio e deverá permanecer assim.
Em algumas ocasiões anteriores, o escritor chinês já tinha advertido que não diria nada numa situação como esta. «Uma vez que dissesse algo, eles atacar-me-iam, como muitos já criticaram os escritores chineses pela ansiedade em torno do Nobel», declarou Mo.


Nobel da Literatura 2012 tem um livro publicado em Portugal











O escritor chinês Mo Yan mostrou-se hoje «feliz» pela atribuição do Prémio Nobel da Literatura 2012 pela Academia Sueca, e prometeu, em declarações na China, investir mais na escrita.
Em declarações à agência noticiosa Nova China, o autor laureado confessou que, assim que recebeu a notícia do galardão, ficou «muito feliz».
«Vou concentrar-me na criação de novas obras. Quero aplicar-me mais para agradecer a todos», acrescentou.
No entanto, Mo Yan disse que ganhar o Nobel da Literatura «não significa tudo».
«Penso que a China tem numerosos autores muito dotados. A sua produção brilhante merece igualmente ser reconhecida pelo mundo», apelou, falando a partir da localidade de Gaomi, na província de Shandong.
As reacções ao prémio foram de grande felicidade no seio da população chinesa, para quem Mo Yan é um autor bem conhecido, habituado a escrever «best-sellers».
Mo Yan, pseudónimo literário de Guan Moye, nascido em 1955, é um dos escritores chineses contemporâneos mais publicados fora da China, nomeadamente no Japão, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.
Os romances do Nobel da Literatura 2012 estão enraizados na China rural, onde nasceu, mas revelam também influências do «realismo mágico» e outras correntes ocidentais, segundo críticos e tradutores.
A sua primeira obra literária, um conto que começou a escrever enquanto ainda era soldado, saiu em 1981. Seis anos depois publicou um romance de grande sucesso, Red Sorghum (‘Sorgo Vermelho’), que seria adaptado ao cinema por Zhang Yimou.
Em Portugal, a única obra de Mo Yan no mercado livreiro foi publicada em 2007, e intitula-se Peito grande, ancas largas, traduzida por João Martins e editada pela Ulisseia.

Fonte: Diário Digital com Lusa

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