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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Entrevista a Manuel Monteiro, autor do livro «O Suave e o Negro»



Manuel Monteiro foi seleccionado como Novo Talento Fnac da Literatura, com o conto «O Pátio», incluído na colectânea de contos com edição Fnac, mais informações aqui e aqui.
É autor dos livros:
«DEMANDA OU A COR NUNCA VISTA» de 2008, informações aqui.
E de «O Suave e o Negro» o qual lemos e apreciámos, leiam a nossa opinião, aqui.


Entrevista a Manuel Monteiro, autor de «O Suave e o Negro»

Efeito dos Livros - "A longo prazo, nunca ninguém é atormentado pelo Bem que fez." É um disperso teu que muito me agradou e que ligo particularmente ao teu livro. Esta é a tua forma de fazer o Bem?

Manuel Monteiro - Agradeço o elogio. Nem sempre o autor é o ventríloquo e o narrador o seu boneco. Descrever como administro o Bem soaria paroquial. Soaria a um desejo de pastorear.


Efeito dos Livros - Uma amizade (assim) é uma forma de filantropia?

Manuel Monteiro - Não gosto de acrescentar interpretações ao livro. Ou as coisas estão na obra ou não estão – o escritor não as acrescenta com comentários sobre a mesma. Não sei. Só se for por rimar com doentia. Talvez seja. Terias de perguntar ao Alexandre...


Efeito dos Livros - “Distorcíamos os factos, achatando-os até que eles coubessem nos nossos ideais.” 
Distorcíamos ou distorcemos? É uma forma de crítica social?

Manuel Monteiro - É uma forma de crítica, sim. Distorcemos e distorceremos. Creio ser um traço do ser humano. Inapagável. Como tantos outros.


Efeito dos Livros - Lê-se numa outra entrevista tua e que não pareça descontextualizado: “(…) a realidade é um pormenor irrelevante para o fanático.” É assim que vês a actualidade? Recheada de fanáticos fideístas  (posso hiperbolizar assim?)

Manuel Monteiro - Há fanáticos em todas as áreas em todas as épocas. Todos temos os nossos preconceitos negativos e positivos. Eu tenho os meus. O que observo é que nenhum fanático se reconhece como tal – talvez que se isso sucedesse o seu fanatismo se começasse a desmoronar. O fanático é sempre uma categoria vista de fora.


Efeito dos Livros - Face à tua leitura a Bukowski escreves que ele “(…)consegue manobrar muito bem a mescla entre ironia e o debate existencial, sem que o livro de forma alguma resulte desconchavado.” Eu, se o tivesse conseguido dizer assim, escreveria o mesmo sobre a tua abordagem à amizade. Revês-te na escrita de Bukowski?

Manuel Monteiro - Aprecio a genuinidade de Bukowski. Prefiro o poeta ao prosador. Mas há uma certa recorrência que cansa, um nunca-sair-de-si e a sua escrita não é a mais sólida e a mais bela. Mas tem uma voz única. E isso é tão tão tão difícil. A ironia é muito importante para mim, especialmente nos assuntos mais sérios.


Efeito dos Livros - A escrita é um hiperónimo do quê? 

Manuel Monteiro - A escrita hiperónimo da vida ou a vida hiperónimo da escrita – tenho pensado nisso, curiosamente.


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