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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Opinião "A Espia"

Margaretha Zelle. Curioso como este nome, muito provavelmente, não vos diz nada.
Mas se eu disser Mata Hari, que imagem vos vêm à cabeça? 
Uma mulher fatal? Uma espia? Uma mulher capaz de roubar segredos de estado com o menear das suas ancas? Ou uma mulher cujo maior crime cometido foi ser livre à sua própria maneira?


Mata Hari sempre despertou em mim alguma curiosidade feminina mas realmente percebi que não sabia assim tanto sobre quem ela realmente era. Num mundo de homens é interessante olhar para as mulheres que se destacam, pelo bem ou pelo mal.
Curiosamente este livro deu-me a oportunidade de olhar mais intimamente para a vida de uma mulher que tantos pintaram de uma maneira errada e que em certos detalhes não podia estar mais longe da verdade.
Margaretha, enquanto era esse o seu nome, não teve aquilo que sempre ambicionou, a felicidade. 
Quando se tornou Mata Hari, fê-lo de modo a encontrar uma saída fácil para uma vida difícil mas nem por isso ficou numa situação melhor.
Mulher vítima de violência doméstica, dançarina exótica que deslumbrou os palco de Paris, amante de nomes sonantes da época, possível espia para dois países inimigos, Margaretha foi um sem número de pessoas numa só vida.

Paulo Coelho dá-nos uma visão romanceada e resumida, contada na primeira pessoa, dos momentos que Mata Hari descreve ao seu advogado (e pontualmente amante) e que a levaram até aos seus momentos finais.
Ao longo do pequeno livro (consumido em duas horas) quase que a podemos imaginar ali, sentada na sua cela imunda mas no seu melhor robe de seda, com o olhar altivo de quem acha que tem tudo controlado mas não podia estar mais perdida na vida.


Este livro é sem dúvida um ponto de partida para quem deseja mergulhar na vida de Margaretha, enquanto holandesa infeliz e em fuga e uma Mata Hari em tempos deusa dos palcos parisienses que acabou frente a frente com um pelotão de fuzilamento.

No entanto, das muitas coisas que possam não ter corrido bem na sua vida, numa foi sem dúvida bem sucedida. Os anos passaram mas ela não foi esquecida e ainda hoje Mata Hari é sinónimo de mulher fatal. Problema é que para Margaretha, ser Mata Hari acabou por ser fatal para ela mesma.

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