Miguel Miranda é um autor que nos é querido desde os tempos dos Piqueniques Literários. Já antes havia lido um livro que me conquistou, pelo tom desafogado e irónico com que o autor criou um detective peculiar e divertido, foi ele "Dai-lhes, senhor, o eterno repouso".
Nessa experiência e contacto com a escrita do autor, deixei-me embrenhar completamente pelas piadas do detective com o qual partilhava alguns gostos, especialmente os musicais. Já nesta história, onde a narrativa paira entre divagações, ora do marido, ora da mulher, divididos entre Portugal e a Venezuela, o passado de cada um e as mágoas e angustias provocadas pelo desaparecimento da filha às mãos das FARC, não me convenceu.
A história pode ter tudo para dar certo, mas não foi isso que aconteceu comigo. Infelizmente. O Miguel Miranda escreve bem, mas a forma como me cativou da outra vez, não aconteceu aqui. A narrativa entrecortada pelas memórias e os receios; a critica social e política e outras peripécias amorosas não foram suficientes para me fazer abstrair de outros detalhes do enredo que acho banais e repetitivos.
No entanto, fui reler o que escrevi sobre o policial e ainda texto da minha irmã sobre «A Paixão de K» e encontrei por lá a frase perfeita que resume a essência deste livro e até lhe dá outro sentido.
"Há amores que nos revoltam como o mar enrola na areia, que nos arrastam com uma força brutal até à praia e só abrimos os olhos quando aterramos com força de cara no chão."
Tenho de pegar neste livro!
ResponderEliminar