"No entanto, aqui estou eu feita reclusa, com portas fechadas, janelas fechadas e medo da luz, enquanto uma mulher é assassinada no outro lado da rua e ninguém parece reparar, ou saber. Tirando eu..."
Anna Fox vive sozinha na sua casa. Nunca saí, nunca abre uma janela e pouco deixa a luz entrar. Podemos dizer que a agorafobia de Anna a condiciona na sua relação com o mundo exterior, pelo menos no que toca a sair lá para fora e apanhar ar, conviver e viver a sua vida. No entanto, das suas janelas sobranceiras ao parque que partilha com a restante vizinhança, Anna expia a vida de todos os vizinhos que a vista alcança. A vizinha que trai, o vizinho que toca, os vizinhos velhos que se mantém intratáveis, entre outros. Não só através da lente da sua máquina mas também graças à quantidade de informação que o grande mundo da internet consegue fornecer a alguém com algumas capacidades de pesquisa.
E a história de "A Mulher à Janela" começa a construir-se com apenas uma mulher e uma janela em palco.
Bem, uma mulher, os seus comprimidos, a adega que teima em dizimar, as aulas de francês online, as conversas telefónicas com a família, a colecção infindável de filmes noir e a Nikon D5500 que usa para fazer zoom sobre a vida dos vizinhos.
Mas tudo muda quando Anna testemunha um crime e a única pessoa com quem conviveu em meses é assassinada à sua frente, embora à dezenas de metros de distância.
Será que viu tudo como realmente aconteceu?
Tendo em conta tudo o que toma, poderá ser Anna uma testemunha credível?
Se tudo o que sabemos até agora nos foi contado por Anna, o que sabemos realmente?
Será que tudo o que "vimos" é real ou fruto da sua mente alterada?
"A Mulher à Janela" deixou-me de queixo caído. Demorou a arrancar, é verdade. Andamos um pouco de gatas pela chão, à caça de mais um valium, em busca de mais uma garrafa de vinho mas uma vez que o efeito começa, é com um coice surpreendente.
Espero realmente que a adaptação, que falam já ter escolhido Amy Adams para o papel de Anna, faça jus às voltas e reviravoltas a que somos sujeitos durante a leitura.
E ai o/a culpado/a! O/A culpado/a, se é que existe, é sempre alguém que já conhecemos. Então porque raio estes livros dão sempre uma volta gigantesca e acabam sempre por deixar-me abananada quando descubro a verdade!?
Por esta altura do campeonato já devia saber dar a volta às histórias mas nisso, digo-vos uma vez mais, "A Mulher à Janela" deixou-me de queixo caído.
Espero que gostem e que o filme chegue rapidinho.
"A Mulher à Janela" é uma aposta
Para mais informações visitem o site Editorial Presença
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