Willa Drake sempre dançou ao ritmo da música dos outros. Desde pequena aceitou o embalo das ondas criadas pelo conflito familiar e o desaparecimento da Mãe lançou o que seriam as fundações de uma personalidade que se sobrecarga com as responsabilidades e o bem estar alheio, sem olhar ao seu. Esta característica até podia ser encontrada numa mulher e/ou mãe galinha/guerreira que luta e leva tudo à frente mas no caso de Willa é o que a torna complacente e a leva a seguir uma vida para o qual foi levada pelas vontades e decisões dos outros.
Uma das coisas que gosto de fazer quando vou de férias é escolher livros da estante que depois irei deixar em locais como o campismo onde vamos todos os anos e que já podia encher meia estante com os títulos que temos deixado por lá. No entanto, o objectivo não é que fiquem a ganhar pó na estante e que uma vez deixados no local das doações, encontrem sempre um novo dono e partam assim para novas paragens.
Algures num dos meus passeios deste ano, dei-me de caras com um campismo que tinha umas centenas de livros na estante dos doados e lá do meio salvei um Juan José Millas em espanhol e este “Clock Dance” de Anne Tyler em inglês. O resto estava em línguas que não domino e em idiomas que nem sequer reconheci.
O nome da autora pareceu-me familiar mas sabia que nunca tinha lido nada seu embora a Wook, minha bíblia base de dados, diga que até tenho livros da autora na wishlist. São tantas as opções que uma pessoa até se perde.
A última mudança na sua vida ocorre quando Willa se torna, fora da zona de conforto e a vários estados de distância da sua residência, a pessoa responsável pelo bem estar da ex namorada do filho e da uma miúda que nem sequer é sua neta. A aceitação de um pedido sem lógica esconde a faísca que pode incendiar tudo e é assim, entre mal entendidos, vontades, desafios e alegrias até então desconhecidas, que Willa abre um novo capítulo na sua vida, ou pelo menos, um que algures lá pelo meio começa a ser escrito pelo seu próprio pulso.
Se “Clock Dance” é uma história de “mudar de vida” ou grandes epifanias isso não posso dizer sem dar spoilers mas acima de tudo é um livro que nos relembra que há beleza nas coisas mundanas do dia a dia e que, parafraseado alguém que não sei quem, o que interessa é o caminho, não o destino. E se esse caminho for fruto das nossas escolhas, boas ou más, a única coisa que interessa é que esteja povoado por quem mais gostamos e que nos vá fazendo feliz até chegarmos ao nosso destino.
Pergunta...
quem é que já leu algum livro desta autora?
Tenho o "Amarga como vinagre" na wishlist faz muito tempo. Alguém leu?
Sem comentários:
Enviar um comentário