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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Opinião "Uncommon Type / Papéis Diferentes" - Tom Hanks

Vamos lá falar do primeiro livro do espectacular e adorável Tom Hanks. Até à data do lançamento deste livro, eu ignorava que ele escrevia. Tinha ideia que ele já tinha sido responsável por guiões de filmes em que entrou ou produziu mas nem sabia quais. O que também não sabia é que ele coleciona máquinas de escrever e que em 2014 lançou uma app (Hanx Writer) que simula a experiência de escrever nas ditas. Se eu dei por mim a encolher os ombros perante a ideia, o mesmo não aconteceu a imensa gente que até tornou a app num pequeno sucesso pela altura do seu lançamento. 
E agora vocês perguntam “mas o que é que isto tem a ver?” e eu respondo com a sinopse.

SINOPSE
Um romance febril e divertido entre dois melhores amigos. Um veterano da II Guerra Mundial cura as suas cicatrizes físicas e emocionais. Um ator de segunda categoria que é atirado para o estrelato e de repente encontra-se no meio de uma estreia tempestuosa. Um colunista do jornal de uma pequena cidade com perspetivas do mundo moderno bastante antiquadas. Uma mulher a adaptar-se à sua vida no novo bairro depois do divórcio. Quatro amigos que vão à Lua e voltam numa nave construída no quintal das traseiras. Um surfista adolescente que tropeça na vida secreta do próprio pai.
Estas são apenas algumas personagens e enredos que Tom Hanks cria no seu primeiro livro de ficção, uma recolha de histórias que explora com grande ternura, humor e perspicácia a condição humana e algumas das suas particularidades. Todas têm uma coisa em comum: uma máquina de escrever desempenha um papel em cada história, umas vezes menor, outras vezes fulcral. Para muitos, as máquinas de escrever representam uma perícia e beleza cada vez mais difíceis de encontrar. Hanks alcança-as facilmente.

Como eu nunca leio sinopses dos livros que quero ler apenas por causa do autor, só percebi quando abri o livro que todos os contos deste “Uncommon Type” (Pápeis Diferentes em Portugal) têm como personagem uma máquina de escrever, embora num registo “never the bridge, always the bridesmaid”, esta peça não ocupa um foco central, é em muitos casos um detalhe tão ínfimo que mal damos por ele. Confesso que até cheguei ao fim de um dos contos e não me lembrava de ter visto referência mas vá, eu sou distraída :) 
Como a sinopse menciona e muito bem, os contos são do mais diverso possível. Há uns que nos prendem e nos deixam tristes por já terem terminado, outros que nos fazem sorrir por qualquer semelhança a algo que conhecemos mas depois há aqueles dos quais não guardamos grande coisa, excepto mais um modelo de uma máquina de escrever antiga, algumas delas bem bonitas. No entanto, o que levamos do livro é que o Mr. Hanks consegue transpor para o papel um pouco daquele calor que emana e que me faz gostar dele. Desafio-vos a não ouvir a voz dele na vossa cabeça quando começam a ler.
Em suma, posso dizer que gostei da experiência mas só fiquei fã de uma mão cheia de contos.
Se os seus dotes de escrita são brilhantes? 
Não sou juiz para ditar a sentença do “fica-te pelos filmes” mas posso afirmar que “Uncommon type” conseguiu despertar em mim o saudosismo por um meio antigo e no qual ainda tive oportunidade de bater umas teclas em miúda, sem compreender sequer a engenharia e mestria que aqueles monstros das letras possuíam.
Talvez contos não sejam bem a minha praia, eu que gosto abrir um livro e levar tudo a eito. Próxima vez que um livro de contos me chegue às mãos, vou optar por torná-lo um companheiro de mesa de cabeceira, para ler num regime “um conto por dia não sabe o bem que lhe fazia”.

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