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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

«O atribulado Caminho para a Felicidade» de Isabel Losada - Opinião

 


O mote é simples e concreto: ser absurdamente feliz. No entanto, é absurdo! Não o querer ser feliz, mas ser ab-sur-da-men-te feliz, o que parece logo uma felicidade sem limites e tal caminho só pode ser atribulado e é por isso que a autora, Isabel Losada, regressa com este relato, dando assim continuação ao peculiar: «Quero ser absurdamente feliz" 

"- A verdade é o exacto oposto daquilo em que acreditamos. Pensem nisso."

Pode ser uma fazer muito traiçoeira quando se anda em busca de um guru, uma cura, uma luz ou som pacificador ou um toque mágico com poderes curativos, tudo o que nos traga paz real, felicidade. Ou seja, se dizemos a nós mesmos que estamos infelizes, será a verdade o oposto disso mesmo?

Ou andamos a fazer as questões erradas?

Aprendendo a formular melhor as suas dúvidas ou a espraiar e redirecionar as vibrações e energias, Losada recorrer a um sem fim de práticas e de mestres: meditação, palestras motivacionais, Feng Shui e Bazi, o PNL de Antony Robbins ou a Risoterapia de Patch Adams, até ao culminar da alucinação com ayahuasca no Peru, a autora leva-nos a uma viagem atribulada, mas holística e imensa e que nos desperta para um leque variado de formas de terapia. Isto sem esquecer, os livros e os filmes, de onde destaco:«Norwegian Wood» de Murakami ou o multipremiado «Juno», produzido por John Malkovich.

"Sinto-me muitíssimo em paz depois deste tempo com Mooji. Estou revigorada (...). Voltei a pendurar no quarto a imagem da onde gigante (...). Quando olho para ela, lembro-me de Mooji a dizer que, quando tiramos a mente do caminho, conseguimos viver com a consciência de que não somos apenas uma onda, mas todo o oceano."

Mesmo assim, sentir-se um oceano não foi suficiente para Losada, foi preciso tomar um atalho para observar melhor a sua consciência, serenar a sua mente hiperactiva e claro, satisfazer a sua curiosidade pelos rituais xamânicos de cura e partir à aventura imersiva no elixir peruano.

Mas o que eu mesmo gostei neste livro, foi de andar de volta de algumas referências e regressar a Murakami quando a certa parte: "- O sofrimento é uma atitude, reflecte a forma como uma determinadas pessoa vive a sua experiência (...) A dor não precisa ser sofrimento. (...) para descrever uma corrida de resistência."

E esse regresso a Murakami, fez-me pensar numa frase atribuída a Carlos Drummond de Andrade: "Envelhecer é inevitável, ficar velho é opcional." e entre pesquisas e frases lá se volta novamente para a literatura:

"Já sofri por muitas coisas na minha vida, 
mas a maioria delas nunca existiu."
                                                                                     Mark Twain


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