Uma mulher cheia de coisas impactantes dentro de si, e usar o "cheia" não é inocente, despoja-se de anos de vida em comum e regressa a si desfeita como um laço que a vida afrouxou ao longo de anos de sofrimento às mãos das exigências feitas às mulheres: a obrigação de ter um filho e tendo-o, saber mantê-lo vivo, senão, substituí-lo por outro. Dito assim parece frio e é precisamente dessa forma que a escrita de Adébáyo nos faz crer que a sociedade nigeriana o exige às suas mulheres. O casamento pressupõe descendência, dois não são uma família e se uma mulher não chegar, outras mais lhe deverão suceder. Se a mulher não tem escolha, o homem também não.
"As coisas que importam estão dentro de mim, trancadas no meu peito como num túmulo, um sítio onde tudo pode permanecer, o meu cofre do tesouro em forma de caixão."
"E é verdade, ou meia verdade, mas ainda assim verdade. Além disso, que seria do amor sem as meias verdades, sem as versões melhores de nós próprios que exibimos como se fossem as únicas possíveis?"
"Durante o nosso primeiro ano de casados, sonhei muitas vezes com os estudantes mortos. Costumava vê-los estirados no asfalto, numa fila interminável, todos vestidos com calças de ganga azuis e justas. A Yejide estava sempre de pé do outro lado dos corpos. Eu tentava chegar até ela mas havia demasiados corpos no caminho."
"Lá em baixo estava tudo em silêncio. O Silêncio era uma presença que estendia o braço e me dava murros na barriga (...) Tinha a certeza que as mãos (...) me tinham imprimido na pele marcas que brilhavam sub a lâmpada fluorescente que iluminava o nosso quarto, para que o meu marido as visse, marcas que nenhum banho que eu tomasse apagaria."
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