Desde o divórcio que Lulu não lida muito bem com esta situação. Esse sentimento negativo é aumentado e atiçado pela sua profissão onde ouve todos os dias relatos de mortes e vinganças. Assim, começa a crescer dentro dela um desejo de vingança, livrando-se assim da revolta deixada pela traição do seu ex marido.
A este intuito de vingança ainda acrescem as "visões", alucinações que Lulu vai tento. A protagonista de «Tive de o matar» cria na sua mente amigos fantasma, tão maquiavélicos ou mediáticos como Alexandre O Grande, Ricardo Coração de Leão, ou Carlos Magno e outros personagens históricos, que aos poucos lhe vão dando força para que execute a sua vingança.
Neste ponto, talvez menos lúcido, o livro esta muito bem escrito, facilitando a passagem da realidade para o imaginário destas visões, elevando a escrita da autora a outro patamar. Reconhece-se uma escrita que nos leva a crer, quase como se fosse escrita por pessoas diferentes. Seria quase como estar na presença de um personagem (ou a escritora mesmo) com dupla personalidade.
O bizarro e o grotesco de algumas situações ajudam ainda mais à tese da dupla personalidade e até de algum distúrbio mental, no entanto, esses desequilíbrios e desvios, dão origem a passagens verdadeiramente hilariantes.
E quem lê o que acha? Lulu, presa no ressentimento é capaz de se catapultar até junto de grandes personagens e beber deles a coragem para o grande final ou simplesmente por despeito e desespero refugia-se em visões extravagantes, afastando-a ainda mais de uma vida que teima em não voltar à normalidade.
No fim Romana Petri mostra-nos uma Lulu completamente em transe e de espada em riste, sem saber se está na realidade ou em mais umas das suas visões, brindando-nos com um final surpreendente e emocionante.
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«Tive de o matar» foi editado pela Cavalo de Ferro, como a maioria dos outros títulos da autora, no entanto, os últimos dois livros, «Esteja eu onde estiver» e «Tudo o que nunca te disse», publicado em Julho, são agora lançados pela Bertrand Editora.
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