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terça-feira, 4 de abril de 2017

Opinião/ Review "Quem não sonha voar, Alice?"

Todos nós vivemos com um filtro, quer para o que entra quer para o que sai.
Não importa as dimensões dos seus buracos, há coisas que não passam.
Depois há pessoas para as quais não existem filtros para as escoar, o que vemos e ouvimos é o seu estado mais puro e em "bruto".
E por mais quem por vezes seja um choque, não posso deixar de vos dizer que é igualmente uma tremenda lufada de ar fresco.


Conhecemos a engenhosa e desenrascada Alice ao ser destacada para um trabalho que poderia ser deveras simples não fossem as particularidades das pessoas envolvidas. 
M. M. "Mimi" Banning é a autora de um "one hit wonder" literário, reclusa por escolha própria na sua mansão de Bel-Air e que, devido aos infortúnios da vida, se vê em mãos com a necessidade extrema de escrever um novo livro para salvar a sua casa. 
Reservada e com laivos de altivez, Mimi é o menor dos encargos de Alice, já que a sua principal função é cuidar de Frank, o filho de nove anos da autora, que rapidamente destacamos com A PERSONAGEM a reter deste livro.
A sinopse de "Quem não sonha voar, Alice?" conquistou-me pela possibilidade de ficar a conhecer Frank, um miúdo caricato, dono de uma mente brilhante e uma guarda roupa digno de inveja (a capa faz jus ao conteúdo).

A avalanche que se abate na vida de Alice, é a melhor bola de neve que veremos crescer perante os nossos olhos. Frank conquista-nos desde o primeiro momento, os seus conhecimentos elevam-no a um patamar tão assustador como interessante.
Habituados a um mundo polido e de pensamentos calculados, é realmente refrescante conhecer alguém tão genuíno e carismático como Frank. 
E entre o passado enigmático da família, as pontuais visitas na mansão de Bel-Air, o malfadado romance que teima em não avançar, o piano que toca melodias pela calada da noite até à enxurrada de conhecimentos sobre um era dourada de Hollywood, este livro tem tudo para nos apanhar na sua teia. 

Uma lição de individualidade que perdemos com a idade ou que para nossa infelicidade nunca tivemos, "Quem não sonha voar, Alice?" é uma soberba história sobre família, amor inconvencional, mentes brilhantes e revezes que nos ensinam que nem toda a gente foi talhada do molde nem as nossas vidas seguem um padrão inscrito nos genes. Somos quem somos, produtos de quem nos fez, educou e marcou mas acima de tudo somos uma entidade própria, fiel às nossas peculiaridades e seremos sempre mais completos se nos amaram pelo que somos e não pelo que acham que deveríamos ser.

Adoro quando um livro que capta a atenção e não me deixa desapontada :)
"Quem não sonha voar, Alice?" é uma novidade


Review

We all have to live with a filter, either for what comes in or for what goes out.
No matter the size of its holes, there are things that simply can’t go through a filter.
Then there are people for whom there are no filters, what we see and hear is their purest and "raw" state.
And even if it’s shocking, I can’t fail to tell you that it is also a tremendous breath of fresh air.

We meet the ingenious and resourceful Alice when she’s assigned a job that could be quite simple if it was not for the particularities of the people involved.
M. M. "Mimi" Banning is an author of a literary “one hit wonder”, reclusive at her own choice in her mansion at Bel-Air and who, due to the misfortunes of life, finds herself in the hands of the extreme need to write a new book to save her house.
Reserved and quite haughty, Mimi is the least of Alice's concern since her main job is to take care of Frank, the author's nine-year-old son, who we quickly highlight as THE CHARACTER to retain from this book.
The synopsis of "Quem não sonha voar, Alice?" won me over by the possibility of getting to know Frank, a charismatic kid, owner of a brilliant mind and a wardrobe worth envying (the cover lives up to the content).


The avalanche that falls into Alice's life is the best snowball we'll ever see grow before our eyes. Frank conquers us from the first moment, his knowledge elevates him to a level as frightening as it is interesting.
Used to a polish world of calculated thoughts and words, it’s really refreshing to meet someone as genuine and charismatic as Frank.
And between the enigmatic past of the family, the occasional visits at Bel-Air's mansion, the ill-fated novel that does not go forward, the piano playing melodies in the dead of night to the flood of knowledge about a golden era of Hollywood, this book has everything to catch us up in its web.

A lesson of individuality that we have lost with age or that to our misfortune we never had, "Quem não sonha voar, Alice?" is a superb story about family, unconventional love, brilliant minds and setbacks that teach us that not everyone has been carved out of the mold nor our lives follow a pattern inscribed in the genes. We are who we are, products of those who made, educated and marked us but above all we are an entity of our own, faithful to our peculiarities and we will always be more complete if people love us for who we are and not for what they think we should be.

I love when a book captures my attention and doesn’t disappoints me :)
:)

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