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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Opinião "Parem todos os relógios"


São poucos os livros que ao longo do ano saltam entre as duas estantes que compõem o Efeito dos Livros. As nossas leituras são diferentes, sempre o foram. Depois há livros como “Parem todos os relógios”, uma sugestão da metade negra à colorida e que terminou com uma troca de ideias, questões e desejos de continuação, tudo num telefonema feita 2 minutos após ter terminado a leitura.
É bom encontrar livros que podemos partilhar com outras pessoas e ver que não fomos os únicos a ser consumidos pela história. A história da Tia Helena, como carinhosamente apelidei “Parem todos os relógios”, já chegou às minhas mãos com as notas e os cantos dobrados da mana mas preciso de abrir esta opinião com uma das frases que me fez sorrir:
 “Antes de Fabrizio, habituara-se a viver sem um homem a seu lado, certa de que, comparadas com as paixões da literatura, as que o mundo lhe oferecia eram mornas. E, porque acreditava no aviso do Livro do Apocalipse de que Deus vomita os tépidos, conformara-se com o seu destino de solteirona: não podendo ferver, preferia ser gelada”.
 Helena Remington viveu um grande amor, um daqueles proibidos e que queima tudo à sua volta tal é a intensidade com que arde. No entanto, os últimos 20 anos não foram capazes de apagar as memórias suspensas no tempo idílico que viveu com Frabrizio​​ mas a incapacidade de estar com o homem que sempre amou não fez da Tia Helena uma pessoa amargurada ou revoltada com o mundo. Filha de uma família de bem e mulher num tempo em que ter um homem como cabeça do agregado familiar era a única coisa lógica para se fazer com a vida de uma mulher, Helena mudou-se para a capital, exerceu a sua profissão com o mesmo fervor que sempre dedicou às coisas que a interessavam e foi um pilar na vida de outro personagem que conhecemos neste livro, o seu sobrinho-neto Carlos. 
Uma narrativa que nos apanha logo com a entrada com um mistério, que desenvolve maravilhosamente a trama de cada personagem e que nos faz saltar entre momentos chave que se passam ao longo de décadas, este "Parem todos os relógios" faz-me pensar no quanto os segredos nos podem consumir ou fazer manter a sanidade.

Eu já o sugeri a uma mão cheia de amigos. Agora venho reforçar a minha sugestão a quem por aqui passa.
Aproveito para deixar a opinião da mana, que foi quem me sugeriu a leitura.

Boas leituras !

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