“as brigas dos meus pais foram virando o chão onde pisávamos.
o silencio da casa era sempre uma fermentação.”
Decepção atrás de decepção.
“(…) uma conversa em famíliaNunca foi possível, não em minha casa
Lá somos três solitários
Irreversíveis
Gravemente feridos
Da guerra que travamos contra nós.”
Abandono atrás de abandono. Numa solidão que povoa tudo, Júlia cresce.
“sentia-me um verdadeiro Pêndulo: ora caminhandosolenemente para a presença materna, ora fugindo
de qualquer possibilidade de mãe.”
Caco atrás de caco, o Pêndulo sente-se um amontoado de destroços, mas mesmo os cacos fermentam, na linha ou cola que os une e mesmo nos destroços entra luz e gera vida e a família cresce mesmo só com uma. Ela! Júlia, cresce e floresce e vai escolhendo quem quer ter por perto, aprendendo a gerir distâncias e expectativas.
“os estranhos não nos doem porque ainda não nos dececionarame se mantivermos tudo a uma boa distância: seguirão sendo
essa doce incógnita.”
Porém a vida não pode acontecer com tudo à distância, é
preciso ir ensaiando pequenas coreografias de adeus.
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