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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fantasmas do Passado, Minette Walters, Opinião

Há muito que um livro não me prendia tanto à leitura. Ainda não muito habituada aos policiais, assumo que ao início e em especial este título, custou bastante a entranhar, mas depois foi francamente bom, uma agradável surpresa.
As personagens bastante bem delineadas, tornavam-se cada vez mais claras, ao passo que evoluíamos na leitura e nos deixávamos envolver pelas ideias perturbadas, inquisidoras, ambiciosas, dilacerantes das várias cabeças e fantasmas que cada um carrega e que completam esta história.
São histórias de abusos, loucuras, assassinatos e complexos pessoais que se misturam com pudor e até amor, e misturam-se realmente muito bem.
O enredo pega num episódio desafiante e perturbador, com a qualidade, ou mais, das séries televisivas do género que abordem crimes violentos e maus tratos a crianças, com pseudo-detectives mais inteligentes e ousados que os verdadeiros.
Em Fantasmas do Passado a autora faz ainda mais e dá-nos todo um envolvimento realístico, através de um suporte documental, que nos leva para dentro de toda a investigação, tornando a leitura ainda mais envolvente e perturbadora.

Foi intensa e viciante esta leitura e pretendo ler outros do mesmo género.
Se têm sugestões, sintam-se à vontade!

Boas leituras.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

«A vida e as opiniões do cão Maf e da sua amiga Marilyn Monroe» Opinião

Marilyn Monroe vista e descrita aos olhos do fiel amigo, Maf.

Maf foi um presente de Frank Sinatra para alegrar o ícone da moda, da beleza, do cinema, a fantástica Marilyn, à época, devastada pelo rompimento com Arthur Miller.
A depressão, o desgosto, as vicissitudes de quem é famoso e vê a sua vida badalada e exposta a toda a hora foram difíceis de superar para a celebridade e Maf fez parte da solução.

Maf, um cão com uma personalidade astuta, mordaz, altruísta, sarcástica, inteligente e entendido em diversas matérias e com preocupações e sentimentos mais nobres e genuínos que muitos humanos, é assim que Maf é considerado e acarinhado.

Um livro especulativo, biográfico, revelador, quase um diário dos últimos tempos da diva, atormentada pelos seus problemas, dependências, infortúnios, lendas e coscuvilhices à volta dela e por sinal, igualmente à volta do seu Maf, abreviatura para Máfia ou mais uma outra especulação sobre as possíveis participações do próprio Sinatra no mundo obscuro do crime organizado!? Será?
Como podemos nós saber até que ponto as estórias à volta de tais celebridades são ou não verdadeiras!? 

Até à data não sou muito fã de biografias, suspeito sempre do cunho de tais obras. Se forem muito defensivas da personagem em si, fico com dúvida se tanta exaltação é realmente verdadeira, se forem sempre negativas, fico com a sensação de que são mais do mesmo e que nada há que se possa dizer em defesa de celebridade. 

Segue-se a história com interesse, sabendo verídica a existência de Maf, a sua origem escocesa, mas de discutível miscigenação canina... será que é isso que lhe confere tal personalidade!? ;)

Maf esteve com Marilyn durante os últimos dois anos de vida tornando-se numa celebridade como ela, levando uma tremenda vida de VID - very important dog ;)

Enfim, eis um resultado divertido, com episódios hilariantes entre lojas e restaurantes, num quase auto-retrato pela pata narrativa de um cão!!!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Opinião - "Manhãs Gloriosas" de Diana Peterfreund

Quinta Essência
NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: A ambiciosa produtora televisiva Becky Fuller é despedida de um programa matinal de Nova Jérsia e a sua carreira começa a parecer tão deprimente como a sua vida amorosa.
Desesperadamente necessitada de um emprego, mas ainda assim cheia de um optimismo sem limites, Becky (Rachel McAdams) promete assentar bem os pés na terra e depara com uma oportunidade no Daybreak, um programa matinal que é gravado em Nova Iorque. Os péssimos níveis de audiência são apenas a ponta do icebergue: os produtores executivos raramente sobrevivem ao intervalo publicitário seguinte e as câmaras antiquadas deviam estar num museu.
Prometendo ao director da cadeia televisiva (Jeff Goldblum) que é capaz de reverter a espiral descendente, Becky faz ao lendário apresentador Mike Pomeroy (Harrison Ford) uma oferta que, por contrato, ele não pode recusar. Acrescenta Pomeroy com êxito à equipa, mas ele recusa-se a participar nas reportagens mais lamechas do Daybreak e em rubricas sobre celebridades, meteorologia, moda e artesanato. Além do mais, antipatiza imediatamente com a sua igualmente difícil co-apresentadora, Colleen Peck (Diane Keaton), em tempos vencedora de um concurso de beleza.
A única alegria na carreira de Becky é Adam Bennett (Patrick Wilson), um colega produtor maravilhoso, mas a alucinação de Daybreak vem dificultar o seu incipiente romance. À medida que a química entre Mike e Colleen no ar se torna mais explosiva a cada dia, Becky é forçada a lutar para salvar a sua vida amorosa, a sua reputação, o seu trabalho, e, finalmente, o próprio Daybreak.

Veja aqui o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=s9lWUqraDoU 

A minha opinião: (depois de ter visto o filme)

Quando eu era miúda queria ser jornalista. Eu desejei ser muita coisa, passando por veterinária, hospedeira de bordo ou famosa (não interessava saber em quê).
Sempre achei que seria interessante trabalhar nos bastidores de grandes produções, fosse de publicações ou televisão. Talvez por isso gostasse tanto de ver a Betty Feia ou há já meio século atrás, até fosse extremamente devota da Murphy Brown.
Por esse motivo, este Manhãs Gloriosas despertou tanto interesse em mim. A Becky, mesmo “workaholic” e desprovida de vida social, é uma fatia daquela imagem ideal que sonhava para mim em pequena mas ao saber o que sei hoje percebo que a vida não é assim tão cor-de-rosa como a via em pequena.


Os trabalhos dos nossos sonhos nem sempre estão ao nosso alcance, a nossa dedicação raramente é valorizada e apenas se lutarmos com muito afinco, conseguimos aquilo que queremos.
Ao ler este livro é exactamente isso que vejo, alguém que tem um sonho e mesmo quando cai e tropeça pelas escadas abaixo, não deixa de se levantar com um sorriso e continuar a subir.


Sem dúvida que se querem consumir o livro e o filme, devem-no fazer por esta ordem e não ao contrário (como eu fiz). Deste modo, quando me deparava com os momentos transcritos, à letra, do argumento cinematográfico não precisava de magicar na minha cabeça como seria aquela cena, bastava recordar o que tinha visto no filme alguns dias antes.

Vê esta mesma critica no meu blog :) faz meio século atrás quando vi o filme e li o livro num fria tarde de Março em São Pedro de Moel a beber cházinho

«Diário Sexual e Conjugal de Um Casal» de Marta Crawford, opinião

Marta Crawford tem o dom da simplicidade e de chamar as coisas pelos nomes sem que as mesmas ganhem um sentido vulgar, despreocupado ou diminuído.
Seja o "casal casado", o "casal enamorado", o "casal amante"... heterossexual, bi ou homo... o que interessa é que todos procuram respostas para o dia-a-dia das suas relações e o mais importante é sempre reconhecer que se procuram essas soluções.
Isto poderia facilmente tornar-se no SA - Sexualidades Anónimas (quem sabe um grupo a explorar), mas o que é verdade é que muitos casais frequentam terapia e superam os seus problemas e elevam a outro patamar a sua vida sexual, tornando assim a relação muito mais satisfatória..

Este livro é um relato de pequenos excertos de pensamentos, conversas e troca de ideias entre os vários personagens, como Joana, Miguel ou o irmão mais novo que é gay, ou a Matilde e o Bernardo que quando casados eram como gato e rato e depois do divórcio "levam uma relação colorida". Há também o tipo que tem dificuldade em se comprometer e então... "come todas". Há claro, no meio de tudo isto, as condicionantes do ambiente que os envolve, os pais, os filhos, as relações familiares e de amizade, o trabalho e a bagagem emocional.

Marta Crawford consegue fazer um misto entre relatos de consultas, explicações quase como se se tratasse de um manual, tudo numa leitura fácil, descomplexada, esclarecedora, mas bastante introspectiva, já que todos temos problemas (não vale a pena negar).

Uma leitura adequada ao verão;)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Os Olhos Amarelos dos Crocodilos" de Katherine Pancol, opinião

A escrita, a enfabulação e as metáforas utilizadas por Catherine Pancol foram uma inspiração, pois apetece-me escrever ao reler o que destaquei neste livro.
Utilizando uma excelente combinação de palavras, a história de Josephine, Philippe, Antoine, Hortense e da pequena Zóe acompanham-nos como se estivessem mesmo ali ao nosso lado, tal como a reserva africana de crocodilos ou as ruas e cafés de Paris.
A frieza e a vaidade de algumas mulheres comparada com a delicadeza mascarada de outras, a combinação de diferentes feitios que se completam e protegem compõe assim a história das irmãs, sejam elas Íris e Josephine ou as pequenas Hotense e Zóe. As diferenças entre vários tipos de mulheres, as aventuras e emoções que constituem as suas vidas, se se cruzam ou se afastam e voltam a unir, porque na fraqueza de umas se descobre a força e vontade de outras. É assim este enredo, cheio de reviravoltas e peças que vão desencaixando e encontrando novas silhuetas de encaixe.

Neste livro, Pancol viaja pelos sentimentos dos outros e facilmente apela aos nossos. Uma leve mistura de fantasia (em que tudo pode acontecer, basta acreditarmos) com um relato transparente e apaixonante da dura realidade que nos pode envolver, desde o desdém à falta de dedicação ou amor, porque por vezes apenas há um elevado muro de mentiras que nos separa e afasta daqueles de quem era suposto estar próximo, unido e confiante.

Um livro que questiona o amor, a mentira, a união, a família, o materialismo, a força interior, mas acima de tudo questiona cada um no seu Eu mais profundo.