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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Grandes Perguntas de Gente Miúda Com Respostas Simples de Gente Graúda

Que grande título!
Têm filhos, sobrinhos ou primos em idade de extra curiosidade?? Então "Grandes Perguntas de Gente Miúda Com Respostas Simples de Gente Graúda" é o livro ideal para eles.

Grandes perguntas e respostas brilhantes, lidas pela minha pessoa miúda de mente brilhante
Para mim tem sido uma leitura em conjunto com o meu mini leitor (ver biblioteca do jovem na fotografia, já se está a compor e ainda faltam os que estão espalhados pela casa).

Mais que esclarecer as crianças, este livro até a mim me tem cativado a atenção. Claro que quero saber "porque não conseguimos fazer cócegas a nós próprios", "porque razão o ceú é azul" (uma amiga já me explicou uma vez mas já não me lembro) e "porque é que os bolos são tão deliciosos" (coisa que me atormenta todos os dias!).
Melhor que as perguntas curiosas dos mais novos, são as respostas eloquentes de vários especialista e personalidades conhecidas que nos esclarecem de uma maneira calorosa e simples.
Este é um livro óptimo para ter resposta a coisas que tomamos por garantidas que nem por sombras nos lembramos de questionar o "COMO É QUE ISSO ACONTECE?"

Sabiam que afinal há quem tenha sangue azul? :P E não são da realeza.
Alguns animais têm de facto sangue azul. Sabes quais são? Os polvos, as lulas, as lagostas, os chocos e os caranguejos ferradura têm todos sangue azul.

Nunca percam a vontade de olhar em redor e perguntar como as coisas acontecem. Não deixem a vossa curiosidade desvanecer com os anos. Sejam tão curiosos e inquisidores como uma criança pequena :)

Boas leituras, sozinhos ou acompanhados.

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Mais informações no site Editorial Presença aqui
Editorial Presença

terça-feira, 26 de novembro de 2013

«Para onde vão os guarda-chuvas» de Afonso Cruz - Opinião

"Os caminhos são mais longos - disse um dia Elahi - para quem está sozinho. (...) Os dias esticam e ficam mais longos, o relógio diz que não, mas, com licença, o que sabem os relógios da alma humana? Não sabem nada, Alá me perdoe. O tempo demora mais a passar, muito mais, é assim que se sofre. Quando se está feliz, esse mesmo tempo passar a correr, parece que vai atrasado para uma festa, mas, se vê uma lágrima, pára e fica a ver o acidente, dá voltas à nossa desgraça e não anda para a frente como os relógios dizem que ele faz.

(...) Disse Ali: Não é a falta de pessoas à nossa volta que faz a solidão. São as pessoas erradas."


O caminho é verdadeiramente longo. Os dias irão esticar-se. O tempo parecerá parado. Os relógios avariados. «Para onde vão os guarda-chuvas» de Afonso Cruz é uma trovoada de questões e um dilúvio de emoções. Um relato carregado de luz, mas marcadamente povoado de nuvens negras.
"54. Encheremos o mundo de coisas preciosas. Serão tantas que os homens passarão por elas julgando-as banais."
Assim estou eu perante este livro. É precioso todo o encadeamento, todo o complexo de histórias que se cruzam, como as tais linhas dos tapetes de Fazal Elahi, mas o sofrimento é tanto, que eu ainda estou a recuperar de todos os socos violentos que esta narrativa nos dá! E o fim!? O fim foi sufocante.
Não posso dizer inesquecível, pois eu quero esquecer a possibilidade de tal acontecer, mas é inevitável dizer que o fim quebra todas as regras do quanto o ser humano suporta sofrimento.

Fazal Elahi era um homem com o desejo de passar invisível, acreditaria que de tão invisível conseguiria enganar a morte. E enganou, pelo menos a física, já a emocional...
Fazal Elahi era bom muçulmano, mas uma alma irrequieta e turbulenta, atulhada de questões, muitas a Alá.
A própria forma como aceitava as irreverência de Bibi demonstrava que o seu entendimento suplantava os ensinamentos mais restritos ou fundamentalistas. Aliás, a vida de Fazal Elahi foi toda feita de irreverências e rodeada de pessoas ainda mais irreverentes.


Badini, o mudo mais falador de sempre (só pode) fazia das mãos palavras e das suas palavras poemas, artes, explicações divinas para o entendimento supremo da vida. Mas se segundo ele somos estrelas, aquelas que Alá vê quando olha lá de cima, porque razão o futuro se pinta tão negro? O mudo tinha muito medo da felicidade. A felicidade era como uma mão que tira e uma outra que dá, mas só que em locais diferentes.

Nas mentes irrequietas e intelectualmente desconcertantes de Badini e Elahi recaem as melhores partes do livro. Os seus diálogos, revelando preocupações que ultrapassam religiões, costumes ou política, são antes o espelho das preocupações humanas, revelando as semelhanças que nos unem. Talvez nunca se diga em palavras explícitas, mas o que ambos desejariam era ponderação, tolerância, equilíbrio... mas a vida, o mundo, para além de ser um composto frágil, tem também um equilíbrio absurdamente/moralmente/curiosamente/esteticamente desequilibrado.

Curiosamente são as ideias, que mesmo dispersas rapidamente se unem, permitindo, quase absurdamente, ver um equilíbrio entre ensinamentos cristãos, hindus e muçulmanos, como se com um pouco de cada lado, se obtive-se um conjunto quase perfeito.

"- Disse Rumi: uma opinião é um pássaro com apenas uma asa."
"- Posso continuar cristão? (Isa, pág.379)
Fazal Elahi coçou a barba e condescendeu:
- Podes, desde que sejas um bom muçulmano."

Mas a religião não fica por aqui e não se esgota. A antiga Pérsia é também trazida para dentro do livro com toda a beleza dos Fragmentos Persas, um livro dentro de um livro. Como o Afonso Cruz já nos habituou. Há também ascetismos, esoterismo e misticismo... há filosofia, numa preocupação de entender a Humanidade, de compreender o próximo como uma continuação de nós mesmos.

Fazal Elahi será um exemplo? Será a sua fé e a sua capacidade de ser reinventar e perdoar um ensinamento? Mas o que lhe falta para ser constantemente magoado, espezinhado e atraiçoado?
Fazal Elahi perde um filho.
Bibi é atraiçoada nas suas convicções.
Aminah é fútil ou quererá apenas testar um sonho, uma promessa de emancipação!?
Badini que na sua divindade prova a sua teoria da felicidade.
Nachiketa Mudaliar converte-se por amor, mas não esquece as raízes e é com elas que justifica a vida
Salim, Nauman ou Isa... a inocência reflectida no íngreme que são as escadas da vida.

O rol de personagens é extenso, mas consistente. Afinal a vida é pautada de inúmeros encontros e desencontros que, mais ou menos, contribuem para a nossa educação, para a nossa liberdade...
"(...) a educação é uma limitação da nossa liberdade, ensinamos os outros a respeitar fronteiras..."

É difícil explicar, mas este livro é um compêndio de ideias, de ensinamentos, de questões... quem sabe uma bíblia para ateus, daqueles que crêem em algo, mas não sabem bem o quê. E "se é difícil de explicar, é porque não é verdade, a verdade é algo muito simples."

Mas como se ensina esta verdade simples, se somos todos tão complicados!? Não ensinamos, não explicamos... perguntamos, questionamos, vivemos na dúvida.

"O futuro é uma pergunta. Se há terrorismo eficaz, que valha a pena, é perguntar."

E vocês, sabem para onde vão os guarda-chuvas?


"Alguns poemas, traduzia Elahi às crianças, ficam colados nas árvores e no céu, e só se apanham quando estamos suficientemente maduros para o fazer."

*
Uma leitura com o apoio da Alfaguara/Objectiva. Vejam mais do livro, nos diversos links disponibilizados:
Facebook de Para onde vão os guarda-chuvas
Blogue da Editora Objectiva


Opinião :: "Quando o Cuco Chama"

"Quando o Cuco Chama" o Efeito dos Livros responde. Não podíamos ficar indiferentes à estreia de J. K. Rowling no mundo dos policiais, seja "mascarada" de Robert Galbraith ou não.

(fotos Elsar - Obrigada à amiga que encarnou a detective que vi na Robin, a assistente de Cormoran)

» Excerto «
Sinopse

A minha opinião:
Até chegar às últimas 30/40 páginas eu não fazia a mais pálida ideia de quem era o/a culpado/a. Cheguei a pensar numa dupla e até em quem estaria fisicamente incapacitado para cometer tão vil crime. Afinal, o fim surpreendeu-me e valeu toda a leitura. Gosto muito quando consigo descobrir o culpado mas acho que ainda me sabe melhor conseguir ser enganada até ao fim.

"Quando o Cuco Chama" centra-se na investigação da morte da super modelo Lula Landry levada à cabo por Cormoran Strike, um ex veterano de guerra, que apresenta mazelas físicas e emocionais (além de não ter tecto sob o qual dormir ao longo de toda a história). Conhecer Strike foi o ponto alto desta leitura. Saber que este livro inicia uma série que tem Strike, e a sua assistente Robin, como personagens principais para a resolução dos casos que lhes são entregues por diversos clientes, é algo que me deixa empolgada em saber "quando sai o próximo livro?"
Pois, para 2014 já está previsto o segundo.

Para mim, foi difícil separar o que conhecemos da autora com a Série Harry Potter e o que lemos neste livro. Ler "Quando o Cuco Chama" sabendo quem o escreveu realmente, foi uma experiência completamente diferente da que seria se Robert Galbraith fosse realmente um homem, ex-militar e com pouca vontade de aparecer em público. A ideia que J K Rowling está a criar um "herói" para o seu público habitual ficou-me presa na cabeça desde o início da leitura. Todos os que crescemos com o Harry temos hoje uns bons aninhos a acrescentar à nossa idade de entrada para Hogwarts. Procuramos outras referências, outros modelos e outras "aventuras". Podemos ainda gostar de magia mas aceitamos encontrar uma modelo morta no meio da rua e os 10milhões de libras de razões para ela ali terminar a sua vida.
A autora criou um herói, um que está a fazer por si e que se afirma num mundo que agora tem de adaptar como seu (fora do exército), um herói com as suas qualidades e defeitos, como qualquer um de nós. Somos inevitavelmente atraídos para o mistério e, neste caso, para aquele que o põe a descoberto. Em "Quando o Cuco Chama", cada leitor é uma Robin, a assistente curiosa e aventureira de Strike, que na realidade aceita ficar a trabalhar para o detective por menos dinheiro mas mais aventura que em qualquer outro trabalho bem pago na cidade de Londres. Durante a leitura estamos aqui, vamos conhecendo os detalhes da história, somos atraídos pela personagem cheia de secretismo que é Strike e tentamos descobrir, entre linhas, o que realmente aconteceu a Lula e quem afinal é o responsável pela sua mediática morte.
 Quem não pensou que isto dava uma grande série de televisão que mande a primeira pedra, ou me mande da janela abaixo! :P
Quem ainda não tinha pensado, vai ficar com esta ideia na cabeça. Uphs, podem ir começando a pensar no "quem é quem", porque já há estúdios interessados nos direitos televisivos. London Strike? Point to Strike? Os títulos com o trocadilho do apelido de Cormoran Strike já andam por toda a internet.

Embora muitos digam que todo o êxito se deve ao anúncio do verdadeiro responsável pela obra, a realidade é que como qualquer outro livro, "Quando o Cuco Chama" foi recusado por editores, elogiado pela crítica e conseguiu ainda dividir opiniões de leitores muito antes de se saber que J.K Rowling estava por detrás da criação de Robert. Assim como qualquer livro, haverá sempre gente que adora e outras tantas que detestam.


Se os Cucos continuarem a chamar, eu espero que Cormoran Strike responda. Tenho curiosidade de saber qual será o próximo caso de Strike, como irá evoluir Robin num segundo livro e se algum dia vamos conhecer mais detalhes sobre Leda, a mãe de Strike.

Foi só a mim que o título causou curiosidade?!
The Cuckoo’s Calling, (Quando o Cuco Chama, como foi traduzido) remete a uma elegia da poetisa Christina Rossetti – Why were you born when the snow was falling?/You should have come to the cuckoo’s calling”

Pequenas trivialidades!
:)
E agora, ficaram curiosos por ler "Quando o Cuco Chama" ?

Podem encontrar mais informações no site

"Hunger Games : Em Chamas" - WOW! Estreia dia 28!!

Parece que ainda ontem me estava a lamentar por faltar cerca de 1 ano para a estreia de "Em Chamas" e aqui está ela. Faltam menos de 2 dias para a estreia em Portugal da adaptação do segundo livro da trilogia Hunger Games.
Eu, que para quem não sabe sou mega fã desta trilogia, já tive oportunidade de ver o filme na passada sexta-feira.
O que vos posso dizer?
WOW!!
ADOREI!!
Não podia ser mais fiel ao livro e isso, foi sempre aquilo que mais desejei. Quando li o livro temia que fossem estragar tudo com a adaptação, com a troca de realizador, com os actores escolhidos para o Finnick ou a Joahnna mas só posso dizer....QUERO VER OUTRA VEZ!! 
Curiosamente, acho que vou mesmo ver novamente.
Se vivem em Lisboa, experimentem o IMAX, que sensação....estávamos na ilha a fugir da nuvem venosa e dos macacos.

 Vejam o 1º e depois, siga para o cinema!

Vamos lá recordar...

"The Hunger Games: Em Chamas" começa quando Katniss Everdeen regressa a casa em segurança depois de ganhar os 74º Hunger Games, na companhia do colega tributo (e grande "paixão") Peeta Mellark.

Como vencedores, Katniss e Peeta são obrigados a deixar as famílias e os amigos mais chegados, embarcando numa Tour dos Vitoriosos por todos os distritos e que termina em Panem.
Pelo caminho, Katniss sente que uma revolta está a começar, mas o Capitol continua a manter o controlo, enquanto o Presidente Snow prepara os 75º Hunger Games (The Quarter Quell) – uma competição que pode mudar Panem para sempre.

"Jogos da Fome: Em Chamas" é realizado por Francis Lawrence a partir de um guião baseado no romance "Catching Fire", de Suzanne Collins, e produzido por Nina Jacobson e Jon Kilik. O romance é o segundo de uma trilogia que tem mais de 50 milhões de exemplares editados, apenas nos Estados Unidos.
Em Portugal, a trilogia Hunger Games foi editada pela Editorial Presença.
Vejam a sinopse AQUI


Se não estão entusiasmados o suficiente, vejam uma vez mais o trailer:


e saibam que está muito mas muito fiel ao que lemos e adorámos no livro.

May the odds be forever in your favour!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Passatempo S.E.C.R.E.T - Planeta/Efeito dos Livros

É com imenso gosto que iniciamos a semana com um novo passatempo e um que vos permite ganhar dois livros que vão aquecer estas noites de Inverno. 
Iremos sortear o S.E.C.R.E.T e o S.E.C.R.E.T Partilhado e para se habilitarem a um exemplar só têm de nos enviar a vossa candidatura.
Candidatura?!
Nós explicamos...
O  S.E.C.R.E.T é uma organização que ajuda mulheres a desabrochar para o mundo e a concretizar as suas mais loucas fantasias sexuais. Vamos fingir que aqui deste lado somos o S.E.C.R.E.T :) Para se habilitarem a ganhar os dois livros do S.E.C.R.E.T, enviem-nos a vossa candidatura (ou a de uma amiga) e digam-nos porque deviam ser as escolhidas para entrarem num mundo onde não há juízos, nem limites, nem vergonha.

Querem inspiração?
Fiquem a conhecer Cassie através da leitura do excerto de S.E.C.R.E.T.


A decorrer de hoje dia 25/11/2013 a 30/11/2013
*
PASSATEMPO
S.E.C.R.E.T / S.E.C.R.E.T Partilhado

Até dia 30 ficamos a aguardar a vossa participação. Enviem as vossas candidaturas por email para passatemposefeitodoslivros@gmail.com. O limite máximo do texto é de 1000 caracteres (incluindo espaços) e o email deve incluir os vossos dados pessoais (nome, email e link do perfil facebook).
O vencedor será escolhido pelo Efeito dos Livros e Editora Planeta.

Como este passatempo é um pouco diferente do habitual, peço que tomem atenção às regras de participação.

REGRAS:
- Só serão aceites participações de fãs e/ou seguidores 
- Só serão aceites participações que não ultrapassem o limite máximo de palavras e que incluam os dados pedidos no email.
- Só aceitamos participações de residentes em Portugal.
- * Obrigatório serem fãs da página da Editora e do Efeito dos Livros
- Não nos responsabilizamos por nenhum extravio, neste caso o envio é garantido pela editora.

NOTA:
- Façam partilha do passatempo
- Ou copie o link e partilhe no seu mural de facebook, blogue ou outro
Ajude-nos a divulgar

*Sejam fãs da PLANETA

Uma parceria

sábado, 23 de novembro de 2013

"NÓS, VIDA" - ÁLVARO CORDEIRO


"Nós vida" é um livro sobre a vida, uma vida que pode ser minha, tua ou daqueles que nos rodeiam.

Álvaro Cordeiro conseguiu reunir um rol de personagens, que a uma primeira vista nada têm a ver umas com as outras, mas quando nos vamos embrenhando pelo livro adentro, estas personagens vão-se aproximando umas das outras para no fim todas fazerem parte da mesma história.

A história apesar de o excesso de personagens (a meu ver) acaba por ser um enredo simples, de amores e desamores entre pessoas, pessoas essas que acabam por interferir na vida uns dos outros, limitando-se e limitando os outros. Enfim, o dia a dia que todos vivemos, ou não?

É uma história de escolhas, umas boas outras nem tanto, que às vezes só se conseguem perceber estando na situação ou tendo passado por ela, é interessante ver como o autor consegue tão bem descrevê-las, sobretudo sabendo que o enredo começa por pequenos episódios que vão sendo escritos ao longo dos tempos e guardados na gaveta.

Apesar de ter traços que espelham a realidade e dão corpo ao livro, existem pontos negativos quero salientar, como já referi, o excesso de personagens que faz com que se perca um bocado da intensidade que poderia ter sido conseguida. Ainda nas personagens tenho a dizer que não gostei da escolha de nomes, aspecto que, a meu ver, retira credibilidade às personagens... Anísia, Nora ou Narda, são nomes que não "entram" com facilidade.

Também não gostei muito da composição dos diálogos visto o livro ter sido uma adaptação de uma peça de teatro, o autor deixa pouco espaço para o leitor imaginar as conversas e os estados emocionais das personagens, usando sistematicamente "ajudas" para descrever a "cena", adjectivando em demasia, quebrando o diálogo e tornando-o monótono.

Contudo, gostei do livro no seu aspecto geral, tem uma boa grafia, adorei a capa e os pormenores visuais colocados ao longo de todo o livro, mostram muito bom gosto. A divisão entre capítulos é muito agradável.

Não posso terminar sem antes referir que este livro e projecto de edição contou com o apoio crowdfunding o que é de louvar que hajam estes novos mecenas que apostam nestes projectos e os trazem até nós, leitores, ouvintes... enfim, consumidores.

Detalhes capítulos, fotos Efeitocris


Detalhes divisão de capítulos, fotos Efeitocris

Sigam o trabalho da Livros de Ontem, aqui ou aqui.
Vejam fotos do lançamento, aqui, no álbum do facebook da editora.

Metem-se-me ideias na cabeça... e pronto! Vou ter de ler este «Que importa a fúria do mar»


Leia mais aqui, no página da TEOREMA

Ou oiça aqui o destaque no «O Livro do Dia» da TSF

Clique na imagem para ouvir


E também para ver a entrevista o Bairro Alto, RTP 2, aqui


BOAS LEITURAS,

PRÉMIO GONCOURT 1º ROMANCE 2011 - "O Filho", de Michel Rostain

Ultimamente parece que o tema é recorrente, foi o último de Valter Hugo Mãe e também de Afonso Cruz e agora este romance de estreia - "O Filho", de Michel Rostain.

Deixo aqui na voz de Carlos Vaz Marques, o destaque desta edição da SEXTANTE, no «O Livro do Dia» na TSF.
Clique na imagem para ouvir:


Clique na imagem para ler mais sobre o livro


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

«Jesus Cristo bebia cerveja», de Afonso Cruz - Opinião

Brindemos, Jesus Cristo bebia cerveja!


Que fado dos infernos viveu esta Rosa. Malfadada personagem, perdida num lugarejo lúgubre alentejano, onde a ruralidade não deveria ser desculpa para as brutalidades cometidas.
Filha de mãe fugida e pai enforcado, junta-se ainda um avô atirado num poço e uma avó que mija a seus pés e que já conta com muitas dívidas à saúde.

Quem leu e não gostou, ou leu e achou pouco, eu creio que não precisa de ser tudo dito. Por um lado, ainda bem, por outro porque nos deixa magicar aquilo que o autor não revela, não cria... dando ao leitor um pedaço de criação. As personagens são marcantes. Todas elas. Rosa é inocente ... pen­sava que a san­ti­nha tinha as mãos jun­tas por­que batia palmas.
O Faia era bombeiro, mas pelos vistos não tinha quem lhe apagasse os seus fogos.
O pastor Ari, "o leão deitar-se-à com as ovelhas" ... e a profecia cumpre-se!
O policia que é corrupto, é bruto e muito pouco polícia, o que não deixa de ser irónico e talvez exemplificativo de como certa coisas acontecem com naturalidade, naturalmente aceite.

Há uma certa tendência para o exagero, dirão alguns. Eu encontro uma elevada tendência mágica para mascarar os acontecimentos, tornando-os na mesma brutos e crus, mas menos chocantes. As cenas de violência, de abuso, de sofrimento, de ignorância... estão todas lá, mas muito bem camufladas nesta capacidade quase poética de Afonso Cruz.

Se o Alentejo é terra árida, seca, sofrida e até selvagem, então Rosa é o Alentejo. A terra desenvolve-se (ou não) e Rosa cresce. A acção avança, as tragédias continuam a acontecer.

O Professor Borja e Miss Whitmore começam a ser fulcrais e a ideia central do livro começa a desenhar-se. Trazer Jerusalém ao Alentejo. Será o Alentejo a Terra Santa? Poderá este enredo original e idílico trazer água no bico e ser metáfora e piada a algumas considerações sobre a importância (ou a falta dela) do nosso Alentejo!? Não sei, deixo à discussão, mas essa ideia não me abandonou em todo o romance. Afinal o próprio autor trocou a capital pelo Alentejo, algo o atraiu para lá...

Os episódios acumulam-se e queremos ver tal engenho trazer a terra santa para que os desejos da idosa, a avó de Rosa, sejam cumpridos. Mas o melhor de todo o enredo, não está neste foco central, está sim nas palavras que o autor usa para criar certos ambientes e preencher, dar alma, às suas personagens. Mesmo quando a alma se sente vazia.

“Rosa nunca se sentiu única” porque tudo o que lhe acontece é minimizado pela avó, que lhe diz “isso também já me aconteceu. A vida de Rosa é partilhada por todos (...) Ela pertence a todos, como o pão da missa que se divide pela humanidade” (p. 157)

Pensando no sentido do título e no cabimento de Jesus Cristo dentro deste livro, existem inúmeras frases que são assim como que iluminadas, como que tocadas pela sabedoria, como aquelas que teimavam em reaparecer, divinamente, no muro branco da inglesa. "Parece que a sabedoria teima em reaparecer, como os fungos." (pág. 31).

As questões existenciais continuam e a luta de ideologias entre o hindu, os cristãos, ou até budistas... todos são chamados ao debate do "Eu", do vazio, alquimias e magias... os desígnios das "coisas". Enfim, a liberdade de ter opinião e deixá-la ganhar asas ou ser como as árvores ter asas e não voar, as raízes são profundas, enterradas, como palavras.

Existem aqui muitas, dessaspalavras enterradas, mudas, invisíveis... deixadas para o leitor para que não lhe sobre o "silêncio na boca". Talvez este livro seja preenchido com alguns silêncios, aqueles que fazemos entre determinadas frases mais profundas, aquelas que nos fazem ter vontade de gritar, mas "gritar é coisa de pessoa sozinha. Quando temos pessoas para nos ouvir não precisamos de gritar, pois não?" (pág.87)

E já para o fim, para se fazer ouvir, Rosa terá de tomar decisões. Talvez deixe de ser como os gatos. "a comer pássaros para voar." (pág.190) Talvez deixe de chupar pedras como se fossem rebuçados a vida se torne menos pesada e pedregosa. Talvez dê "carne às palavras" e de beber à solidão.
Talvez, talvez... Rosa, de menina a mulher, com a alma como "uma casa a precisar de ser caiada" (pág.246)

*

O Alentejo é um deserto onde a morte não ouve o pianista, Harold Estefânia, um nómada, que devia ter aprendido a cultivar... talvez, quem sabe. E mais não digo, o mistério da cerveja é, diria, alucinante e deixa-nos de sorriso nos lábios.

*

«Jesus Cristo bebia cerveja» é uma edição Alfaguara/Objectiva, consultem mais no Blogue da Objectiva
e oiçam aqui o livro em destaque na TSF, na rubrica Livro do Dia
ou oiçam o autor a falar deste seu livro no programa Ler Mais, Ler Melhor, aqui.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

«A Desumanização» de Valter Hugo Mãe - Opinião

«Um homem não é independente a menos que tenha a coragem de estar sozinho.»
Halldór Laxness, Gente Independente 

«A Desumanização» Edição Porto Editora, saiba mais aqui


E você, será capaz de estar sozinho para ler este livro?
Não se trata propriamente de um livro assustador ou de terror, mas pode aterrorizá-lo e desumanizá-lo um bocadinho. E utilizar o diminutivo é apenas para reduzir a elevada dor e angustia que atormenta, a já atormentada vida de Halldora.

«A Desumanização» são as sobras, as dores, as perdas, os terrores de ficarmos sobreviventes da morte. A morte dos outros mata-nos. Apesar de estarmos todos a morrer, a morte de alguém que amamos e que nos completa, mata-nos mais um pouco e deixa um buraco, um fosso, uma negritude que não se ilumina. Uma profunda tristeza que levaremos para o dia-a-dia e que nos envergonha cada vez que sorrimos e nos redimimos da dor, querendo avançar na vida.

É este o retrato com que Valter Hugo Mãe emoldura a solidão de caminharmos na vida sem um ente querido. No caso de Halldora, a perda da irmã gémea, Sigridur faz dela a metade menos morta da criança plantada. A ideia dos corações dos mortos como caroços na terra, semeiam uma certa bizarrice, mas não deixa de ter um certa inocência de explorar um tema tão misterioso e tabu quanto a morte surge quando se é criança. Agora imaginem quando a morte nos leva o nosso espelho, o gémeo, a outra metade de nós, igual a nós, aquela parte intrínseca e que nos completa.

Para além do peso da morte da irmã, Halla carrega o peso de sobrar para uma mãe atormentada pela dor de ver em Halldora a imagem constante do que a vida lhe roubou. A dor maior, a perda de um filho é aqui violentamente exposta por imagens muito fortes. A dor física como purga da dor invisível que nos mata por dentro, é mais dolorosa ainda quando feita no corpo do outro e este outro é a criança. É logo nas primeiras páginas que vemos uma mãe perturbada ferir-se e ferir quem deveria proteger. Desumanizem-se, se assim precisarem. Soltem-se da imagem mental que fica, mas leiam. Leiam até ao fim.

"Quem sepulta um filho não tem idade. Está para lá das idades, para lá dos tempos." (pág. 131)
"Em sobrar estava a oportunidade de prosseguir e de alguma vez ser feliz." (Halldora, pág. 159)

A terra como comedora da felicidade. A Islândia como um corpo pulsante. Deus está na Islândia, a Islândia é deus! A ideia da terra e do papel dos mortos debaixo da terra é, a meu ver, dado como metáfora para o quanto as raízes e a nossa posição geográfica condicionam a nossa visão da vida, aliás a nossa visão do mundo. O gelo e as temperaturas negativas talvez justifiquem a tal desumanização? Sempre que nos defendemos e criamos estratégias para lidar com os outros, ultrapassando-os, desumanizamo-nos? Serão essas defesas altas barreiras como as montanhas, afastando-nos, estratificando-nos uns dos outros?
E se nos afastarmos, quando perdemos o outro, sofremos menos!?

São inúmeras as questões que as metáforas e os jogos de palavras, tão visuais, levantam nesta sua viagem e homenagem à terra dos fiordes. Como a própria criança afirma, "Os livros eram ladrões. Roubavam-nos do que nos acontecia. Mas também eram generosos. Ofereciam-nos o que não nos acontecia." (pág. 63) E este livro é isso mesmo uma utopia de chegar ao outro e quebrar a barreira, é uma oferenda. Um enredo ensanguentado, que nos faz pensar a solidão, que o autor acredita ser de todos nós (entrevista no Bairro Alto, aqui).

"A poesia é a linguagem segundo a qual deus escreveu o mundo. (...) Onde há palavra há deus."
Se deus está na Islândia e a Islândia está neste livro, então este é um livro sobre deus!? Talvez seja uma tentativa de desumanizar a morte e o encontro com deus... talvez! Mas isso caberá a cada um de nós sentir o que esta leitura nos traz.

«Queria proteger contra o esquecimento. A maior vulnerabilidade do humano, a contingência de não lembrar e de não ser lembrado.»
Valter Hugo Mãe, “A Desumanização”

Prémio Nobel - Mario Vargas Llosa em destaque

«O Herói Discreto» já vigora na minha wishlist desde que saiu, mas agora ainda mais.
Não resisto às sugestões de Carlos Vaz Marques.



Aqui fica «O Herói Discreto» no Livro do Dia, TSF
Clique na imagem para ouvir


Uma edição QUETZAL

Novidades Editoriais para a minha Wishlist

cf-malamud


«O Barril Mágico» - Bernard Malamud (Cavalo de Ferro)
«Nas treze histórias que compõem «O Barril Mágico», primeiro volume de contos de Bernard Malamud, pode encontrar-se algumas das personagens mais inesquecíveis da literatura, figuras que carregam consigo um destino atávico e arcaico e, ao mesmo tempo, são a expressão da experiência existencial do homem contemporâneo, de um mundo feito de mediocridade e de sonhos nunca realizados, mas igualmente com momentos de ternura e profunda ironia.
Um universo que perfaz um arco temático com o Sul pobre e fanático de Flannery O’Connor, de Sherwood Anderson e de William Faulkner.»


A Filha das Flores – Vanessa da Mata (Quetzal)

«A Filha das Flores, romance de estreia de Vanessa da Mata, revela uma hábil criadora de cenários e de personagens, além de uma superior destreza linguística capaz de maravilhar todas as cores da língua portuguesa.
Giza cresce numa pequena cidade brasileira e ajuda, com o seu trabalho, num negócio de flores muito especial, gerido por Florinda e Margarida que a tratam como irmã.
Aos 18 anos, Giza apaixona-se por Tito, mas Florinda apressa-se a pôr um fim à sua paixão.
À medida que Giza vai crescendo, a vila parece ir diminuindo, o que faz com que ela comece a procurar novos territórios e encontre a «Vila» - um bairro periférico, detestado pela população em geral. Aí faz novos amigos que a iniciam na história secreta daquele lugar que se revela estar ligada à sua própria origem.»

Resultado Passatempo «Memórias de um amigo imaginário» - Editorial Planeta




Um livro que irá falar ao seu coração.
Veja a nossa opinião aqui.

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Com 1044 participações, a participação vencedora foi a Nº 908  Maria Leonor Damião
Aguardamos os teus dados em efeitodoslivros@gmail.com, 
para posterior envio do livro pela Editorial Planeta

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Para obter mais informações acerca deste livro e ler um excerto da obra, clique aqui.

Uma parceria

Resultado Passatempo - Prometo Amar-te - Editorial Presença



"Prometo amar-te" é uma prova que o amor, quando é verdadeiro, encontra sempre uma maneira de juntar quem está destinado a ficar junto.
Leia a nossa opinião aqui.

*
Com um total de *1342* participações, a participação vencedora foi a nº  687 - Patrícia Nascimento.
Aguardamos os dados de envio para o e-mail: efeitodoslivros@gmail.com em resposta à nossa notificação.
Para posterior envio do livro pela Editorial Presença.
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Editorial Presença

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Comecei a ler...

Este é o 5º e último Livro da Maratona de Romances. Sem querer passei o 4º livro. Comecei a ler o S.E.C.R.E.T. Partilhado mal acabei o primeiro volume e nem me lembrei de passar por aqui para vos dizer o quanto estava a gostar dos livros de L. Marie Adeline. Espectaculares!!! 

Agora, para entrar numa maré mais sóbria, deixei para último "A Bibliotecária de Auschwitz"

» Excerto « 

Um emocionante romance baseado na história verídica de uma jovem checa, a bibliotecária do Bloco 31, de Auschitwz – Dita Dorachova – com quem o autor teve oportunidade de falar e que resgata do  esquecimento uma das mais comoventes histórias de heroísmo cultural.

Minuciosamente documentado, e tendo como base o testemunho de Dita Dorachova, a jovem bibliotecária checa do Bloco 31, este livro conta a história inacreditável, mas verídica, de uma jovem de 14 anos que arriscou a vida para manter viva a magia dos livro, ao esconder dos nazis durante anos a sua pequena biblioteca, de apenas oito volumes, no campo de extermínio de Auschwitz.

Sobre a lama negra de Auschwitz, que tudo engole, Fredy Hirsch ergueu uma escola. Num lugar onde os livros são proibidos, a jovem Dita esconde debaixo do vestido os frágeis volumes da biblioteca pública mais pequena, recôndita e clandestina que jamais existiu.
No meio do horror, Dita dá-nos uma maravilhosa lição de coragem: não se rende e nunca perde a vontade de viver nem de ler porque, mesmo naquele terrível campo de extermínio nazi, «abrir um livro é como entrar para um comboio que nos leva de férias».

Um romance comovente: uma história maravilhosa, pungente e diferente de tudo o que já leu sobre o Holocausto e de que poucos têm conhecimento.

Mais informações no site

sábado, 16 de novembro de 2013

«O Viajante do Século» - Andrés Neuman - Opinião


Distinguido com o Prémio Alfaguara 2009, Andrés Neuman brinda-nos com este «O Viajante do Século» um romance apaixonante ao estilo dos grandes clássicos com uma boa dose de escrita moderna. Um romance onde a política e as artes se encontram, numa cidade perdida, no meio das diferentes regiões da Alemanha. Apesar das diferenças, um ambiente acolhedor, onde existe ao mesmo tempo um grande sentimento de liberdade e de pertença a este espaço imaginário, palco de uma enorme paixão.


Hans, um tradutor com hábitos nómadas chega a Wandernburgo e rapidamente se perde pelas suas ruas e dificilmente consegue sair. É como se tivesses ficado acorrentado a este lugar estranho, mas aconchegante.

Dividido entre a ideia de ser Hans ou Wandernburgo a personagem principal, passo a explicar-vos o que tanto atraiu este homem das letras a este espaço territorial "dominado" pelas artes e pessoas peculiares.
Hans, encontra uma grande variedade de cidadãos invulgares e apaixonados pelas artes, começo por uma das que gostei mais, o mendigo que toca um belo realejo italiano na praça principal. Um velho que irá ser uma grande surpresa por ser educado, bem falante, mas enigmático, por ter uma visão complemente diferente das dos outros, um velho preso ao seu instrumento como se fosse parte do próprio corpo.

Estranho velho, deveria
eu permanecer junto de ti?
Quererás acompanhar o meu canto
ao som do teu realejo?
Wilhelm Müller/Franz Schubert

Grande parte da acção decorre da convivência entre estes dois homens, tanto na praça a ouvirem a sua musica, como na caverna onde passam serões inteiros a falar sobre a natureza ou os aspectos mundanos da vida, tal como a necessidade de viajar ou a força que os "prende" a esta cidade. A contemplação da Natureza e as conversas mais existenciais e materialistas preenchem os diálogos de muitas e muitas páginas.

Hans ainda tem o prazer de conhecer mais alguns cidadãos como Álvaro um espanhol exilado, o Sr. Gottlieb, Rudi Wilderhaus e o Professor Mietter que em conjunto vão discutir semanalmente na casa Gottlieb,  literatura, poesia, filosofia, artes e pintura, irão debater sobre a política e questões da Europa enquanto continente e potência e ainda as guerras subjacentes entre a Prússia e França.

Reuniões que fariam inveja a qualquer pessoa culta ainda hoje. Digamos que seriam tertúlias onde, para além da discussão politico-social dos temas quentes do momento, se crescia culturalmente. Lia-se poesia, representavam-se pequenas peças de teatro, tocava-se música... enfim algo que quase todas as pessoas iriam apreciar e gostar de ter a hipótese de participar.

Para apimentar mais o livro e o seu lado apaixonado, o enredo integra em si uma história de amor à antiga, aqueles amores proibidos, cheios de floreados e declarações de amor... amores impossíveis, já que Sophie Gottlieb, é uma jovem comprometida a casar com Rudi Wilderhaus e Hans é um cavalheiro que deveria respeitar tal condição de contrato social, como mandava a época!

Afinando o toque clássico, a história de amor começa com a troca de cartas, onde os nossos apaixonados trocam poemas, onde tentam decifrar os pensamentos nas palavras um do outro, cartas enviadas pelos criados que se tornam cúmplices deste amor, permitindo os encontros amorosos e mais quentes que mantêm-a a chama acesa.
Um livro já por si belo, mas que ainda melhora com esta relação entre Sophie e Hans que decidem contornar a impossibilidade de ser amarem, decidindo começar a trabalhar em conjunto nas traduções de grandes poetas e romancistas europeus e americanos.

Um livro que é uma ode ao amor. E na mesma linguagem digo que amei a maneira como esta escrito, envolvi-me muito com as personagens e sobretudo apreciei a maneira, quase épica, como o autor nos consegue prender, seja através dos poemas, do romance ou dos factos históricos, que todos juntos contribuem para fazer deste um grande livro.

Leiam um excerto aqui no site da Editora Alfaguara, uma chancela da Objectiva.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A ler «Para onde vão os guarda-chuvas» e a pensar nos livros de Afonso Cruz


Deixo-vos o o episódio do "Ler Mais, Ler Melhor", 
dedicado ao livro «Jesus Cristo bebia cerveja», publicado pela Alfaguara.


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Novidades Planeta :: Jamie Mcguire

Com o lançamento de "A caminhar para o desastre" fiquei a conhecer o primeiro livro de Jamie Mcguire, "Um desastre maravilhoso". Ao ler a sinopse pergunto-me "como é que isto me passou ao lado?!"

Uma apresentação 2-em-1com livros que prometem ser muito interessantes. Vejo pelos comentários online que é um daqueles que se adora ou se odeiam. Gosto disso!

Mais informações no site


"Um desastre maravilho" é romance cheio de situações limite. Uma montanha-russa de emoções. Um livro sexy e viciante. Quando se mergulha no mundo de «Um Desastre Maravilhoso» fica-se irremediavelmente seduzido por uma história que pode ser doce e romântica, mas que é também obsessiva e disfuncional. 

BOA RAPARIGA
Abby Abernathy não bebe, não pragueja e trabalha muito. Abby acredita que está enterrada no nefasto passado, mas, quando entra no colégio, os seus sonhos de ter um novo começo sofrem um desafio numa noite.

MAU RAPAZ
Travis Maddox, sensual, bem-constituído e coberto de tatuagens é exactamente o que Abby precisa - e quer - evitar. Ele passa as noites a ganhar dinheiro num clube de combate e os dias no conhecido colégio Lothario.

DESASTRE IMINENTE?
Intrigado pela resistência de Abby ao seu charme, Travis entra na sua vida por uma aposta. Se perder, deverá viver em celibato durante um mês. Se Abby perder, terá de viver no apartamento de Travis por um período semelhante.

OU O PRINCÍPIO DE ALGO MARAVILHOSO?
De qualquer maneira Travis não faz a mínima ideia de que encontrou uma parceira de jogo à altura. Ou será o princípio de uma relação obsessiva e intensa que irá conduzi-los a um território inimaginável…  

e em « A Caminhar para o Desastre », temos a história do 'boy meets girl' contada pelo lado do Travis. Gosto disto!
Porque todas as histórias têm mais que uma versão.

Deixo-vos com a citação da mãe de Travis:
 «Ama intensamente… Luta ainda mais intensamente…»

Elsa, quando é que começas a ler livros de gente grande?!
:D
não sei!
:)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

«As primeiras coisas» Bruno Vieira Amaral - Opinião


«As primeiras coisas» é o regresso às origens olhando os "estendais de gente mórbida", num rol de relatos que oscilam entre as tragédias e os enguiços que compõem a manta de retalhos que é um bairro, agora mais retalhado e remendado, sofrendo o natural passar dos anos, na dureza dos remendos dos dias!

Um romance a modos que disfarçado de enciclopédica que pretende nessa mestria de organização alfabética ordenar personagens desorganizados só por si e pelas vidas que levam, fruto do suburbano e das vicissitudes da vida.

Se alguns retomam às origens e não se orgulham de morar atrás do sol posto, Bruno, o personagem e narrador não se orgulha de retornar, tal qual retornado, mas para ele a guerra ainda haveria de começar e tem agora que voltar ao Bairro Amélia, sentindo o amargo de uma volta forçada.

Desempregado, recém-divorciado e a voltar à casa mãe (em toda a ascensão da palavra) o narrador é capaz de criar uma empatia imediata com o leitor, já que desde a sua condição a toda a conjectura bairrista, o que não lhe faltará serão fãs. Acredito que entre as mais de 50 personagens todos teremos traços que reconhecemos em alguma delas ou pelo menos algum nome nos fará lembrar alguém, tão ou mais "personagem" do que os habitantes do Bairro Amélia.

Com ou sem a Grande Pintura, o que dá cor a este livro, já que a enciclopédia reúne tragédias, enguiços, maledicências, fofocas, crimes, ladrões, putas e abortos, é mesmo os peculiares habitantes que no seu composto tecem a partitura que musicaliza os dias mais sossegados do Bairro ou são as suas histórias que puxam o brilho aos dias cinzentos. A cor deste livro são os detalhes. São os traços minuciosos que enaltecem a escrita de Bruno Vieira Amaral e que, mesmo em jeito de crítica social, retratam tão bem este ser-se português e ser-se bairrista, fatalista e até capitalista de bens pequeninos mas que tão grandes nos tornam.

Começando com a premissa de que "Portugal é um país de poetas" (Fion, página 36), passando pelos tempos em que éramos guerreiros com metralhadoras em tubos de pvc que cuspiam cartuchos de papel (pág. 45) e tínhamos o pai ou o tio que ao Domingo lavavam o carro na via pública ou saiam pro café com "bocadinhos de papel higiénico na cara depois de um golpe ao fazer a barba..." (pág. 206)... enfim, traços de um Bairro, que pode ser qualquer bairro, desde que habitado por gente que não tem medo de ser gente.

Para além da crítica social, que a meu ver está espelhada em tantas frases, habilmente cronológicas ou biográficas mas que se deixam ler nas entrelinhas, o traço idiossincrático que a todos dirá algo de diferente, mas que nos torna a todos semelhantes.
"Casal feliz (...) viviam numa barraca, das que tinham sido construídas perto das hortas, longe do bairro para que não os considerássemos vizinhos, mas perto o suficiente para que não fossem estranhos." (pág. 88)

Há, em todo o compêndio de crónicas, a meu ver será isso, muito mais que um romance, uma forte tendência para a introspecção - até que ponto nos esquecemos de onde vimos e para onde vamos? O lado da estrada em que está o nosso prédio condiciona o entendimento que temos de um bairro e por si só, o entendimento que fazemos da sociedade?
Será a estratificação social um bem necessário para que todos saibamos com o que contar do próximo, porque o dia a dia programado deixou-nos intolerantes ao acaso e ao inesperado!?

Creio que sociologicamente o livro levanta muitas questões, no entanto não sei se é ai que o autor deseja chegar ou sequer que seja isso que pensemos durante a leitura ou quando chegamos ao fim, mas perante alguma ausência de enredo e fio condutor, está lá, mas é ténue ou é a questão estética que assim obriga e o leitor menos habituado enseja por algo que não vai ter...
Talvez isso nos deixe a braços com a tal introspecção e cheguemos a pensar na tal "energia geriátrica" que nos pode faltar se tivermos de recomeçar, ultrapassar o "dilúvio do esquecimento" e enfrentar, de orgulho ferido, "o mastigar estúpido dos dias".

Apesar de a gíria dizer que "a vida são dois dias", nem todos somos como o camaleónico Moreno e por vezes exacerbamos "a nostalgia pelos paraísos perdidos", tendo como certeza que "nada é eterno, nem sequer o descanso dos mortos."

"Prédios" é o meu capítulo favorito, pela dureza, fria e áspera como o cenário de betão que compõe muitos bairros Amélia e nos relata os tais "estendais de gente mórbida"...
"Tal como os seres humanos, as cidades, as vilas, os bairros adaptam-se, têm movimentos orgânicos, desenvolvem-se, crescem, certas zonas são como células cancerígenas, outras como defesas imunitárias contra o desespero..."

Só resta perguntar, em que célula estamos nós?

«As primeiras coisas» Bruno Vieira Amaral é o seu romance de estreia, num compêndio de personagens, introduzido por cerca de 50 páginas de apresentação, mais de 90 notas de rodapé, num enredo de mais de 50 personagens e mais de 300 páginas (301 para ser exacta) onde a volta de um homem pode desvendar mistérios, alguns internos e tão pessoais, que só revisitados passam a fazer sentido. Do Aborto, aos Enguiços ou aos "melhores lugares para voar no Bairro Amélia", não esquecendo que teremos de contornar os "Prédios" e o picante das peculiaridades suburbanas de um Portugal que não se quer esquecido.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"Os demónios de Álvaro Cobra" de Carlos Campaniço - Opinião


"Quando Álvaro Cobra a despiu com os seus dedos grossos e desajeitados e a pôde, finalmente, ver nua sobre a cama, pensou que se tratava de um milagre, num tempo em que já não havia milagres sobre a Terra, por se ter esgotado a capacidade inventiva dos santos ou a benevolência pedregosa dos homens. Todavia, do mal dos divinizados não padecia o lavrador Álvaro Cobra, que possuía uma imaginação sem arreios (...)"

Com essa imaginação sem arreios, Carlos Campaniço traz até ao leitor um livro que é puro deleite e oferece-nos uma galeria de personagens inesquecíveis, que vão de um anarquista à dona de um bordel ambulante e recicla de forma original o realismo mágico para revisitar as virtudes e os defeitos das pequenas comunidades rurais do nosso Portugal. 

Este «Os demónios de Álvaro Cobra» é uma preciosidade tal qual o seu Alentejo, na aldeia de Medinas, e que lhe serve de pano de fundo para todas as maleitas dos Cobra, uma família cheia de eventos e raridades que tocam o bizarro.

O retrato rural, mágico e até surreal do nosso Alentejo é muito bem recheado com personagens assombrosas e dignas de "se lhe tirarem o chapéu". Se o próprio Álvaro Cobra é uma achado, a avó centenária não lhe fica atrás ou a irmã brasa, mesmo meio morta, não deixa de dar mais vivacidade à história.

Se as maleitas e enguiços associados à tenacidade ímpar dos Cobra é por si só dúbia, junte-se ainda, cristãos (precocemente convertidos), árabes e judeus, tudo em ampla convivência, num Alentejo que se reinventa por entre cultos pagãos para uma nova fé monoteísta!? 

Para além de religião e culto, encontramos também lendas e mitos associados não só às tradições populares alentejanas, como também do cunho cultural e geográfico herdado da ocupação árabe. O próprio autor afirma a necessidade de se escrever sobre o que se sabe, passando assim ao leitor uma maior credibilidade e conferindo um papel mais forte e real a toda a história.

Apesar de toda a magia que envolve e caracteriza o desfile de personagens deste romance, reconhecem-se nos traços pessoais de muitos deles, muitos de nós, actuais ou antepassados, demonstrando uma óptima análise do ser-se português nas palavras rebuscadas e sonhadoras do autor.

Carlos Campaniço brinda às gentes da aldeia e presta-lhes uma homenagem. É nesta passagem de testemunho que se imortaliza a tradição oral das estórias das gentes, das bichanisses que se cochicham e das histórias orelhudas, que de tanto serem contadas passam a ser verdadeira. Apesar de negra, a história é rica em graciosidade. É a linguagem, é a forma como o autor enlaça os acontecimentos e as personagens, conferindo, mesmo aos regionalismos mais brutos uma certa magia que os tornam belos.

É quase impossível destacar partes deste livro, pois são inúmeras e tenho o livro todo etiquetado, mas existem frases que são verdadeiras tiradas de mestre e nos transportam para uma outra dimensão de pensar a realidade. A ideia da solidão da morte e de o morto (o pai Cobra) não conseguir conviver com essa mesma solidão. Ou o recuo do exército de sapos, não pelos desígnios de deus, mas pelas mezinhas de nómada de Clarinha. Talvez a piada com o nome do padre Jesuíno (Je, do pai e suíno da mãe) ou outras tantas, sejam ainda mais do que o são, se lermos as entrelinhas... a religião pensada com o pragmatismo das gentes simples e que procuram a paz na opinião alheia... a importância de Miss Margot e os pares de pernas de deusas que vêm aliviar as noites... neste livro até o sexo tem cheiro a terra e os dissabores brutos das intempéries.

A própria ligação dos personagens à terra ou a comunicação paranormal com os animais, vista como bruxaria em algumas vezes, mas solução divina, quando assim é preciso. A divagação sobre o credo e tendências de culto tida nas páginas 94 e 95 é simplesmente deliciosa e por certo um pouco de todos nós se revê nalguma daquelas imagem - afinal de contas quem é não vai à apanha da espiga e põe o raminho atrás da porta!?

Em suma, os demónios que apoquentam Álvaro Cobra podem ser os que atormentam qualquer homem, nem santo nem bruxo, esta é uma história dos homens, onde a fé, a dor, o amor, a solidão, a morte, a tristeza e a alegria convivem todos os dias, tornando-nos parte da terra, parte do pó dos dias!

Este livro chamou-me pela primeira vez à atenção pelo título, depois o amigo e conselheiro de leituras Jorge Navarro leu e recomendou e logo de seguida, também Mário Rufino, leu e destacou e como tal, não me poderia passar ao lado. Mais tarde apanho também a entrevista que aconteceu antes do lançamento e na qual gostei bastante de ouvir o autor.
Neste Verão chegou a oportunidade de o ler e fico muito feliz de só agora me despedir dele, revisitando-o e escrevendo sobre ele, pois foi mais uma oportunidade de saborear algumas das passagens que fui destacando.

Para quem ainda não leu, leia! Boas Leituras.

Comecei a ler...

Este é o 3º Livro da Maratona de Romances e embora tenha começado a leitura ontem, já estou quase a terminar.
Finalmente um livro erótico bom, MUITO BOM!! 

(livros e chá, a combinação ideal)
» Excerto «

Sinopse
A vida de Cassie Robichaud está cheia de tristeza e solidão desde que o marido morreu. Cassie é empregada de mesa no Café Rose, em Nova Orleães, e dorme todas as noites num apartamento de um só quarto, na companhia de um gato. Porém, quando descobre um diário deixado no café por uma mulher misteriosa, o seu mundo muda para sempre. O diário, cheio de confissões explícitas, choca-a e fascina-a ao mesmo tempo e acaba por levá-la ao S.E.C.R.E.T., uma sociedade secreta que se dedica a ajudar mulheres a realizar as suas fantasias sexuais mais loucas e íntimas.

Cassie acaba por mergulhar numa electrizante jornada de Dez Passos, durante a qual tem uma série de fantasias arrebatadoras com homens deslumbrantes, que a fazem despertar e a saciam. Assim que se liberta das suas inibições, Cassie descortina uma nova confiança e transforma-se, conseguindo a coragem necessária para levar uma vida apaixonada.

Ao mesmo tempo atraente, libertador e emocionalmente poderoso, S.E.C.R.E.T. é um mundo onde a fantasia se torna realidade.

E para ajudar à festa, o segundo livro da trilogia, S.E.C.R.E.T. Partilhado já se encontra na mesa da sala à minha espera. É a minha próxima leitura, provavelmente já para amanhã :D

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