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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Novidade Cavalo de Ferro :: "A Maldição de Hill House"

"Era um acto de força moral levantar o pé e pousá-lo no primeiro degrau, e pensou que a sua profunda relutância em tocar na Hill House pela primeira vez advinha directamente da sensação nítida de que a casa estava à espera dela, maligna, mas paciente. As viagens terminam com o encontro dos amantes, pensou, lembrando-se finalmente da canção, e riu-se, parada nos degraus de Hill House, as viagens terminam com o encontro dos amantes, e assentou o pé com firmeza e subiu até chegar ao alpendre e à porta. Num abrir e fechar de olhos, sentiu-se envolvida pela Hill House; ficou numa obscuridade total, e o ruído dos seus passos na madeira do alpendre era um ultraje ao profundo silêncio, como se há muito tempo ninguém pisasse os soalhos de Hill House. Ergueu a mão para bater a pesada aldraba de ferro com uma cara de criança, decidida a fazer mais e mais barulho para que a Hill House tivesse a certeza de que ela estava ali" 


John Montague, especialista e estudioso do oculto, chega a Hill House em busca de algo concreto que possa provar a existência do sobrenatural. Acompanham-no, Theodora, a sua assistente, Luke, o futuro herdeiro da propriedade e Eleanor, uma mulher solitária e frágil, já com experiência de encontros com poltergeists.

Contudo, aquilo que, inicialmente, era apenas uma experiência em torno de fenómenos inexplicáveis torna-se, em pouco tempo, uma corrida pela sobrevivência, à medida que Hill House ganha poder e escolhe, de entre eles, aquele que quer para si…

A Maldição de Hill House é um dos mais perfeitos exemplos do terror e do suspense em literatura. Fonte de inspiração para nomes como Stephen King ou Guillermo del Toro, confessos admiradores de Shirley Jackson, a história foi adaptada por duas vezes ao cinema em filmes de grande sucesso.

«Uma das histórias de terror mais perfeitas que já li.» Stephen King

Uma aposta


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

«Também os brancos sabem dançar», um romance musical de Kalaf Epalanga :: Opinião


Um romance musical só se faz com ritmo e passos de dança, ao sabor melodias que nos levam para longe; viajamos com palavras até outras danças, outros corpos... músicas que se cruzam num enredo que transpira kuduro, coladera, kizomba, semba e fado, palavras que se misturam na sua lusofonia”.

«Também os brancos sabem dançar» poderá ser um romance da geração Buraka, aliás, inclui de certeza mais duas ou três gerações, as que cresceram em bairros sociais, as que testemunharam a influência das grandes superfícies comerciais no moldar da sociedade de periferia e aquelas que hoje, desde há dez anos para cá assistem a uma africanização ou kizombização da música e de Portugal. Explicar a origem do kuduro é viajar até à festa de quintal angolana, mas entender o semba e a kizomba também. É perceber que uma comunidade faz de uma sexta feira uma festa que começa numa sentada familiar e acaba a altas horas da madrugada. 
Mas gostar de kuduro implica gostar de semba? Sentir o beat e ser capaz de mexer o corpo mistura brancos e pretos, e outros, numa união nunca antes vista?!? Kalaf explica e ficciona, entretêm o leitor e vai-lhe dando música. Os temas sociais estão lá, o racismo, o politicamente correcto, a discriminação no mercado de trabalho, a ignorância para com o desconhecido, a desconfiança no vizinho do lado...Mas não é só isto. É muita música e é muito mais. Kalaf pega no leitor e leva-o por uma viagem bastante inteligente e completa, as paisagens são muitas, as piadas também, a critica social muito bem engendrada e em meia dúzia de palavras e até dicas de sedução e engate.

" Passavamos tardes a fio junto do rádio, a gravar a selecção perfeita que, regra geral, oferecíamos aos amigos ou às garinas. «Que nunca se subestime o poder de uma mixtape no jogo da sedução», dizia Tininho. «Uma cassete com a selecção certa, na nossa era, vale tanto quanto os sonetos de Shakespeare», acrescentava. (...)
Tal como as fotografias, as canções perpetuam momentos cujo o prazo de validade não é definido pelo tempo."

Não sei se a minha selecção faria uma mixtape perfeita, mas o roteiro musical de Kalaf fez-me compor esta playlist.

Clique na imagem para aceder à playlist
O que é que o Van Damme tem a ver com o Kuduro? 
Tudo!
Mas tem de ler para saber.





«O Diário Secreto de Hendrik Groen aos 83 anos e 1/4» - Opinião



"O Diário Secreto de Hendrik Groen aos 83 Anos e 1/4" foi livro do dia na TSF e, embrenhe-se desde já nesta intimidade com traços de realismo, algumas dicas de génio e muitas risadas... até com a desgraça alheia, afinal são quase 94 anos e, coerência, equilíbrio e bom senso, nem sempre são o mais importante. O passado também já não tem importância nenhuma, o futuro resume-se às actividades do clube «Velho mas não morto», o dia a dia, o presente é o melhor presente!!! É redundante!? E ser velho é o quê?

Redundante ou não, é hilariante de certeza, pelo menos descrita do ponto de vista de Groen. Tudo tem um carácter temporário quando se chega a esta idade, tudo menos as maleitas. E não se pense que neste relato, quase isento de lamurias ou lamechismo, não se falam de coisas muito sérias. Expõe-se assuntos tão sérios como o desejo da eutanásia, a solidão e as medidas políticas que são pouco amigáveis para os velhos

"Um dos pacientes da ala das demências enfiou uma bola de bilhar na boca e não conseguia tirá-la de maneira nenhuma. Emitia sons estridentes enquanto dois enfermeiros tentavam tirar-lhe a bola da boca com uma colher."

"A minha carreira profissional temporário de acompanhador de cão à rua faz com que tenha de dar três voltas por dia. Felizmente o Mao anda ainda mais devagar do que eu. Andar... bem, é mais balançar em câmara lenta."

"Hoje caiu-me um frasco de pepinos das mãos numa tentativa infrutífera de lhe tirar a tampa. (...) Alguém devia reclamar à indústria das embalagens por dezenas de milhares de acidentes (...) Se conseguem mandar homens à Lua, têm de conseguir fazer umas tampas mais decentes, não?! Confesso, hoje estou um bocadinho maçador."

Rimos muito, mas também temos muito espaço para reflectir sobre a velhice. Groen tem dias mais tranquilos, outros mais atribulados e cheios de aventura, mas tem alguns bastante mais dedicados aos outros, onde a solidão, a demência, a doenças, as dependências e as políticas do lar, nos abrem caminho a pensarmos nos idosos de outra forma. Ainda assim, o autor consegue, numa escrita simples e directa, tratar de todos os assuntos com um toque de humor e de simplicidade. Talvez se o olhar geral fosse esse, se evitasse tratar de forma tão fria certas questões da velhice. Porém, nem todos os velhos são Groen's e nem todos seriam capazes de olhar para dentro de si desta forma despreocupada e quase calculista. 

"Com a criação do nosso grupo Velho mas não morto houve um aumento na alegria de viver. Parece agora ter sido uma última manifestação de felicidade. 
O Evert inválido, a Grietje a ficar demente e a Eefje feita numa plantinha. Um clube de apenas oito elementos não consegue digerir tudo isto, mesmo que se continue a beber bom vinho juntos."

"A minha scooter e eu tivemos um encontro com uns arbustos. 
Fui, depois do jantar, dar um giro pelo parque e observei à minha volta uns vinte coelhos sentados por todo o lado na relva a comer. Quando voltei a olhar em frente, tinha um coelhinho bebé a nem sequer um metro da minha roda dianteira. Tenho de ter reagido bem depressa, porque um segundo mais tarde já estava com a cabeça presa entre os ramos."

A mensagem deste livro é bastante importante e extensível a vários "ramos". E desengane-se quem julgue que as queixas deste idoso são diferentes das de muitos aqui em Portugal, aliás, algumas políticas e ideias para lidar com velhos, lares e cuidados paliativos, parecem saídos das nossas notícias. 


Uma leitura com o apoio

Opinião "Rendida a Nós"

A jornada de descobertas pessoais de Sara e do mistério sobre Rebecca que encetámos em "Escondida em Ti" e continuámos em "Perdida em mim" vem agora, neste terceiro volume atar mais umas pontas soltas, especialmente no que toca a Chris e aos segredos que esconde.
Mas se pensam que isto acaba aqui, estão muito enganadas.
Vamos lá ficar "Rendida(s) a nós".


Sara teve de escolher. Paris ou uma vida sem Chris.
A decisão foi tomada e de mãos dadas rumo a Paris, Sara deixa em suspenso o trabalho na galeria e toda a sua vida para ir atrás do homem que ama e de pistas sobre o paradeiro de Ella.
Se estão a pensar "Então e a Rebecca?" eu digo...leiam o livro anterior. Eu não dou spoilers! E a revelação do mistério Rebecca merece ser conhecida....oh se merece. E parece-me que não fica por aqui!

Paris pode ser uma cidade de sonho mas é igualmente um ponto muito importante no mistério que rodeia Chris, especialmente no que toca aos seus gostos/necessidades. 
Que evento do passado de Chris o faz ter uma relação tão próxima com a dor e o castigo?
Quem é Amber e que papel teve na vida de Chris?
Poderá Sara alguma vez tê-lo por inteiro, sem barreiras ou segredos?

Este terceiro livro da série foca-se maioritariamente na relação de Chris e Sara. Marcado por um maior envolvimento e abertura emocional do casal, "Rendida a Nós" é o culminar da história de Chris e Sara, no entanto, a história não acaba aqui.
Mais que Sara, é em Rebecca e daqui em diante, em Ella, que está o verdadeiro interesse. Toda a dinâmica do casal é cativante mas acima de tudo queremos respostas que nos assombram a mente desde o primeiro livro. 
O que se passou com elas?
Como é que chegámos até aqui?
E o que mais vamos descobrir daqui para a frente?

Parece que a próxima viagem é para Itália.
Venha ela. Nunca recuso uma ida a um sítio onde já fui feliz.

"Rendida a Nós" é o terceiro livro da série de Lisa Renee Jones, uma aposta


Novidade Suma de Letras Portugal :: "A Boneca de Trapos"


William Fawkes, um controverso detective conhecido por Wolf, acabou de ser reintegrado no seu posto após ter sido suspenso por agressão a um suspeito. 
Quando um corpo formado pelos membros de seis vítimas, suturados de modo a formar uma marioneta, que ficou conhecida como Boneca de Trapos, Fawkes tem a certeza que aquele é o grande caso que aguardava.

Boneca de Trapos é o mais promissor dos thrillers na literatura policial contemporânea.

Uma novidade

Novidade Elsinore : "A dança do rapaz branco"

«Se um magnata do cinema comprar os direitos cinematográficos da minha vida, a sinopse da TV Guia dirá: Na luta pela liberdade, um jovem poeta relutante convence os negros americanos a abandonarem a esperança, e a matarem-se num final trágico e explosivo. Cheio de gargalhadas e diversão. Alguma violência e linguagem não indicadas para crianças.»


Gunnar Kaufman, descendente de uma longa linha de homens que detesta, desde escravos a cobardes que ajudaram a assassinar Malcolm X, viveu a sua infância protegido na tranquilidade branca de Santa Monica, longe de problemas. No entanto, depois de ele e as suas irmãs se terem recusado a ir para um campo de férias para crianças negras «porque elas são diferentes de nós», a mãe muda-se imediatamente com eles para a zona oeste de Los Angeles, de modo a que os filhos estejam em contacto com a cultura que começam a negar.

E é assim que Gunnar, futuro poeta, péssimo dançarino, conquistador avesso e fenomenal jogador de basquetebol, dá por si a aprender a ser quem é entre os gangues, os motins, os estereótipos, a violência e a beleza das ruas e da vida negra nos Estados Unidos dos anos 90.

Primeiro romance de Paul Beatty, A Dança do Rapaz Branco é uma comédia literária caleidoscópica sobre um afroamericano incomum à procura da sua identidade numa América caricatural mas, de algum modo, estranhamente familiar.

«Um daqueles romances repletos de energia e de uma linguagem deslumbrante. Beatty é um escritor de imaginação fértil a seguir.» — The New York Times

«Beatty é um talento original e irreverente.» — The Times

Uma novidade

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

«Os melhores contos de Edgar Allan Poe» ilustrados por 28 artistas nacionais - Opinião




Poe é dos incontornáveis da literatura. Dos eternos.
Largamente divulgado e já com várias colectâneas publicadas no nosso país, esta da Saída de Emergência vem com valor acrecentado. É uma edição de luxo e tem 28 ilustrações, uma para cada conto. E é isso que a torna especial. 
Poe é imensamente reconhecido pela duplicidade dos seus enredos, que tanto apelam ao belo como ao horror. Ou seja, a morte vista como algo tragicamente belo. Os seus cenários são lugares lúgubres, numa ode à escuridão, que não omitem a putrefacção e a doença, antes pelo contrário. A obsessão com a morte e a doença são o que de mais distinção tem a sua escrita. 
O lado oculto e fantasmagórico é encontrado nos seus contos e poemas, recorrendo a uma linguagem simples mas sugestiva que apelam ao lado mais negro e sufocante, estreitando o espaço do leitor, alimentando nele o medo. Especialmente por Poe utilizar a escrita na primeira pessoa, conduzindo a um imediatismo que desperta os sentidos do leitor e o faz sentir mais a história. Este sentido do imediato conferiu um modernismo a Poe que vem sendo usado em larga escala na literatura americana. O imediatismo atrai o leitor e fá-lo ganhar confiança na história e identificação, por vezes, directa com os sentimentos do personagem. O efeito é uma maior comunicação: escritor - leitor. 
Pode parecer estranho, ligar assombroso, oculto, absurdo e grotesco com a comunicação com o leitor, mas o certo é que a marca deixada pelas narrativas de Poe é profunda e dificilmente esquecida pelo leitor. O brilhantismo de Poe é conseguir estreitar tanto os acontecimentos que é inevitável o que se passará com os personagens, e é isso que justifica os actos, mesmo que negros e atormentados. 

No que toca ás ilustrações, escolheria a do «O Rei Peste», a do famoso conto «Os Crimes da Rua Morgue» e a do «O Demónio da Perversidade». Mas o meu favorito é a do conto «O Homem da multidão» pela ilustradora Sónia Oliveira. Esperava uma ilustração bem mais impactante para o conto «O Gato Preto», podia ter um toque bem mais de bizarria.

Um livro,
saida de emergencia
carregue aqui para ter mais informação.

Novidade Clube do Autor :: "Na ponta da língua"

Na Ponta da Língua é um livro que mostra a História e a riqueza do nosso vocabulário.


Através de um seleção de mais de 200 palavras (algumas fazem parte do nosso discurso mas gostaríamos de as dominar melhor, outras já ouvimos embora não as utilizemos e outras podemos nem conhecer mas tornam a nossa linguagem mais precisa e culta), o historiador Sérgio Luís de Carvalho apresenta uma obra muito útil e singular para todos os que se interessam pela nossa língua e pela nossa cultura.

Fetiche, maquiavélico ou estoico são palavras recorrentes no nosso léxico, mas entendemos bem o seu sentido?
Sentimo-nos à vontade para usar termos como alvíssaras, gentrificação ou distopia?
E conhecemos vocábulos como heurística, misantropo e gongórico para nos explicarmos de forma mais precisa?

Este é o livro que nos ajudará a ter sempre a palavra certa na ponta da língua!

Uma novidade

«Pecados Santos» de Nuno Nepomuceno :: Opinião


Antes de falar propriamente do enredo, preciso de dizer que é extraordinário ver a evolução da escrita de um autor e poder ler esse salto de qualidade, maturidade e a forma como consegue, e sabe, agarrar o leitor.
Aqui no Efeito dos Livros, seguimos de perto o trabalho de Nuno Nepomuceno e muito nos orgulha que nos escolha, repetidamente, para divulgar o seu trabalho.
Este novo thriller marca uma viragem na carreira do autor, existiu toda uma nova abordagem na divulgação da escrita de Nuno Nepomuceno e parece-nos ter sido feita uma excelente campanha, no entanto, é a qualidade do livro que o está a levar a todos os escaparates e tops de venda.

*


"Se sofreis castigo, é porque Deus vos trata como filhos. 
Qual é o filho a quem o pai não castiga? 
Mas, se estais livres de castigo, do qual todos partilham, 
então sois bastardos e não filhos."


As palavras bíblicas pautam os trilhos deste enredo e fazem rodopiar o professor Afonso Catalão e a jornalista Diana entre Londres e Lisboa, mas também Jerusalém, na ânsia de serem capazes de desvendar a morte, com encenação e proporções santas, de um rabino na Sinagoga de Bevis Marks, para a qual atribuíram um culpado, Jonatham, filho de Judite, uma antiga amiga do professor. 
Porém, não julgue o leitor que o enredo se resumirá a conhecermos os caminhos românticos de um professor charmoso que, em tempos conturbados, irá ajudar a investigar uma série de crimes no seio da comunidade judaica. Não, não só, antes pelo contrário. O leitor terá aulas intensivas sobre a religião e tradição judaica, de modo a mergulhar no cenário que justifica o enredo. 
Essa tendência de agregar conhecimento a entretenimento é um traço característico dos livros de Nepomuceno e este não é excepção. 

Se no anterior, «A Célula Adormecida» (que a metade colorida devorou), o leitor se perdeu pelos meandros do terrorismo, do Islão e do Corão, desta vez, os crimes são autênticos quadros de sacrifícios bíblicos, a palavra é a da Tora e a comunidade alvo é a judaica. Quem sabe num próximo o autor de dedica ao Cristianismo, tal como o próprio disse numa entrevista. Ou seja, a religião é a causa da maioria dos conflitos vigentes e o autor pretende ajudar a compreender esses fenómenos enquanto brinda o leitor com um livros viciantes. 

Consegue-o tão bem e de forma tão emocionante e envolvente como qualquer outro escritor de thriller. Nepomuceno está à altura da maioria dos autores do género e os fãs reconhecem-no por isso.
A leitura de qualquer um dos seus livros pode ser feita em separado, mas até nisso o autor se tornou brilhante, levantando algumas pontas, aqui e ali, para que o leitor se sinta tentado a ler o anterior. Como eu fiquei, e irei ler em breve, para saber mais dos dissabores na vida de Afonso Catalão. Melhor, há ainda umas piscadelas de olho, com piadas, que o autor faz consigo mesmo. É de génio.



Um livro, Cultura Editora.

Novidade Editorial Bizâncio :: "O Terceiro País"

Uma história de resistência e de determinação sobre a irresistível e duradoura natureza do amor e a fragilidade da vida.


Frank Gold, um refugiado de guerra vindo da Hungria para a Austrália, é apanhado pelo surto de poliomielite que atingiu aquele país em 1954.
Como tantas outras crianças é acolhido na casa de recuperação «Golden Age», onde reaprendem a andar. É aí que encontra Sullivan, que lhe revela a poesia, e mais tarde Elsa.

Resiste ao abandono e ao isolamento daquele lugar através da poesia e do laço de paixão que o liga a Elsa.

Nesta casa parada no tempo, as crianças estão sujeitas a regras próprias que fazem de «Golden Age» um outro país, um terceiro país, onde todos descobrem que estão sós, numa luta de recuperação muito própria.

Uma novidade

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

«O Homem de giz» de C. J. Tudor - Opinião


Não será a giz que se fará esta história. Ou seja, ela não será facilmente apagada. Nem será apenas uma brincadeira da criançada que quer arranjar um código, só deles, para marcar encontros no meio da floresta. No verão de 86 passamos as férias com Eddie Munster, Gav Gordo, Hoppo, Metal Mickey e Nicky, a única miúda aceite neste grupo de rapazes, por ela própria ser tão badass quanto eles. Ou assim se julgam. A trama é essencialmente centrada em Eddie, mas todos têm um papel bastante relevante para os trinta anos que os separam. 

De suposição em suposição, vamos oscilando entre o tempo presente e aquele verão de 86.

"As ervilhas ajudaram a desinchar um pouco o olho de Nicky, mas quando foi para casa a nódoa negra continuava bem visível. 
(...)
- O que quer dizer com isso?
- Não é a primeira vez que a sua filha tem um olho negro, pois não?
- Isso é uma calúnia, senhor Adams.
- Ai é? - O meu pai deu uma passo em frente, Fiquei contente por ver o reverendo Martin estremecer. - «Porque não há coisa oculta que não venha a manifestar-se, nem escondida que não se saiba e venha à luz.»"

Entre palavras bíblicas, calúnias, enredos e julgamentos mal fundamentados somos levados a adivinhações precipitadas que não nos ajudarão a desvendar o autor do crime. O corpo mutilado e abandonado na floresta perseguirá, tanto o grupo de crianças e as suas famílias, como ao leitor. 

Como a narrativa alterna entre o passado e o presente, somos muitas vez arrastados para dentro de diálogos juvenis e ilações típicas daquela idade, se isso pode cansar o leitor, por se viver actualmente alguma propensão para histórias que envolvam grupos de jovens, existem também parágrafos  descritivos, porém breves, que dão outra camada ao texto, permitindo ao leitor, rir, reflectir, emocionar-se e claro, baralhar-se. Isto porque a vida de cada um daqueles cinco tem particularidades associadas, algumas delas, a temas sensíveis e até à doença e isso dá outra dimensão aos acontecimentos mais negros. 

"Durante algum tempo, era frequente ver grupos de desconhecidos na cidade. Vestiam anoraques, calçavam sapatos práticos e traziam máquinas fotográficas e blocos de apontamentos. Faziam fila para entrar na igreja e deambulavam pelo bosque.
Paspalhões curiosos, como o meu pai lhes chamava.
Tive de lhe perguntar o que aquilo queria dizer.
- São pessoas que gostam de olhar para coisas terríveis ou de visitar o lugar onde uma coisa horrível aconteceu. Também conhecidos por perdigueiros mórbidos."

Mesmo sem esses perdigueiros mórbidos, as coisas terríveis continuarão a acontecer e não serão só uma coisa do passado. Há uma aura de inocência e uma pitada de doença à mistura que dão um toque diferente a este thriller e talvez seja isso que o distingue dos outros. O melhor de tudo, para mim, é mesmo o efeito suspenso 1986-2016!






segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Balanço 2017 :: Leituras e estantes novas

Resultado de imagem para tons of books

Não é uma foto lá de casa, mas podia ser. Não tenho estantes a ladear janelas, mas podia ter. Optei por uma estante do chão até ao tecto e logo no início do ano. Não para alojar os volumes de 2018, mas antes reestruturar a biblioteca pessoal. Noutro espaço, já mais a terminar o ano, inspirei-me numa pseudo-árvore e fiz crescer uns ramos, parede afora, reciclei e inventei. Escolhi esta imagem por ter ali num canto uma máquina de costura antiga, tal como eu herdei uma, e que é a peça central de onde partem os ramos recheados de livros. Esses sim, vieram para alojar 2017. Ou seja, entro em 2018, novamente, a servir-me da secretária para abrigar os novos amigos. Um caos!!! ;)

*

Em 2017 li o bonito número redondo de 70 livros!

59 deles podem encontrar aqui, com opinião no Efeito dos Livros
Outros 10, encontram-se opinados no Deus me Livro, aqui
Há 1 perdido, por terminar de ler e ter direito a um texto, a saber: «A Guerra de Samuel», o livro póstumo de Paulo Varela Gomes, não por não ser bom, mas por ser tão diferente de «O Hotel», um dos meus livros de eleição de 2016 e que podem ler sobre ele aqui.

*

O post deste ano será diferente dos anteriores. Resumir e destacar é o importante. Por isso agreguei as leituras em três categorias e destaquei alguns autores. 

**

TOP 2017 

Sem ordem de preferência, pois são todos para ler e pedir mais. E são escolhas pautadas pela solidão, aquelas que fazem a minha lista de favoritos.

«O Pianista de hotel» de Rodrigo Guedes de Carvalho 

«A bofetada» de Christos Tsiolkas, seguindo as traduções da Tânia Ganho.

«Onze Tipos de Solidão», Contos de Richard Yates - vou querer tudo do Yates.

«YORO» de Marina Perezagua , uma excelente aposta da Elsinore

«Fora do Mundo» de Michael Finkel 

«O leitor do comboio» de Jean-Paul Didierlaurent :: Opinião 

«A Educação de Eleanor» de Gail Honeyman :: Opinião

«Uma conspiração de estúpidos» de John Kennedy Toole :: Opinião 

De Isabela Figueiredo, duas leituras
«A Gorda» texto de opinião na Roda dos Livros
&
«Caderno de MEMÓRIAS COLONIAIS» - Opinião

“Meio Sol Amarelo” | Chimamanda Ngozi Adiche 
no Deus me Livro, leia opinião aqui

«as coisas que perdemos no fogo» de Mariana Enriquez :: Contos


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Os repetentes

Não podia deixar de salientar em primeiro lugar um dos meus escritores portugueses favoritos, João Tordo. Em 2017 foi ano de terminar a trilogia dos lugares sem nome, dando destaque ao «O Deslumbre de Cecília Fluss». E como esse não me chegou, requisitei um outro, creio que o seu primeiro livro, «O livro dos homens sem luz».

Também a repetir e porque ficamos sem palavras quando se lê «Impunidade», foi preciso comprar e ler, assim que saiu, «As pessoas do drama» de H. G. Cancela. Mas não há amor como o primeiro.

Voltei também a José Eduardo Agualusa, com o «A teoria geral do esquecimento». Sonhar sonhar e saborear uma África que só ele ou o Mia sabem descrever. 

Para me redimir, voltei a Siri Hustvedt e gostei muito mais deste «Verão sem homens» do que do, um tanto pedante, «Mundo Ardente».

Repeti ainda, M. J. Arlidge, um prazer - sem culpa - para alimentar o meu lado mais negro.


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As estreias

Entre vários nomes que tenho abordado num curso de escrita que estou a fazer e que leio excertos e contos, há alguns autores que estão sempre em falta. E quanto mais se pesquisa, mais faltas temos. Tentando colmatar tais falhas li: O mais recente Man Booker Prize, George Saunders; o aclamado, Ian McEwan, de quem li «Sábado», por recomendação do João Tordo e que muito agradou; o eterno Calvino com as suas «Cidades Invisíveis»; o acarinhado A. P. Reverte que quem a Roda dos Livros é muito fã, mas que não me atraiu; a premiada Leila Slimani com «Canção Doce», nada doce por sinal; a estreante Sarah Perry que viu o seu livro premiado na Waterstones e marcou o lançamento da chancela Minotauro (Grupo Almedina) e ainda a estreia de Helen Oyeyemi em Portugal/Elsinore. Nos portugueses, conheci os romances de João Reis e Carla Pais, dos quais irei querer ler mais. 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Opinião "Perdida em mim"

Sara, Sara, Sara....em que caminhos sinuosos te meteste ao começares a preencher os espaços vazios deixados por Rebeca? Nem fazes ideia de quem é quem, nem mesmo tu.
Porque algo me diz que isto, antes de acabar bem, ainda vai correr muito mal?! 


Desde que deixámos Sara em "Escondida em ti", naquele momento de puro terror (e alguma claustrofobia), que esperamos saber como tudo vai correr para Sara e se a sua jornada sempre a leva à verdade sobre o desaparecimento de Rebecca e a estranha ausência da sua amiga Elle.

Sara tem muito com se preocupar enquanto tenta dar o seu melhor no seu emprego de sonho. Dividida entre descobrir a verdade, manter os limites com o seu chef e derrubar barreiras com Chris, Sara passa por uma roda viva de emoções e acontecimentos neste "Perdida em mim" que finalmente nos dá muitas respostas, excepto aquelas que podem decidir o futuro de Sara ao lado de Chris. 
Com que demônios terão de lutar para que fiquem finalmente rendidos um ao outro? 
Que segredos os esperam do outro lado do Atlântico? 
Que parte de Chris ainda falta conhecer?

 Os segredos de Sara que descobrimos neste livro permitem-nos, ao contrário do que acontece no primeiro, estabelecermos uma maior ligação com ela, mesmo que não concordemos com ela ou tenhamos vontade de gritar "não vas por aí" como se faz num filme de terror quando aquela personagem ouve um barulho e desce as escada para a cave. Vamos lá ver de Sara não se elimina por completo para aceitar ser um Nós com Chris. 

À semelhança de "Escondida em ti" (opinião aqui), também fiz uma leitura sprint a este segundo livro da série que eu pensava ser apenas uma trilogia. 
Sentimos uma certa necessidade de correr para a próxima cena, embora goste de levar o meu tempo a saborear as cenas retiradas dos diários de Rebecca.

 Próxima leitura, feita de seguida, "Rendida a nós" o terceiro e último livro da Serie de Lisa Renée Jones, uma aposta


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Opinião "O mapa que me leva até ti"

Perdi a conta ao número de vezes que me sentei com o intuito de escrever sobre este livro. Já o li em Janeiro e continuo a ter dificuldade em falar sobre ele.
É engraçado como é complicado falar dos livros de que gostamos muito. 
"O mapa que me leva até ti" tem duas características que me prenderam logo com a sinopse: uma viagem e um amor inesperado que nos deixa viradas do avesso.


Ainda antes de ter terminado o livro dei comigo a olhar para as pouco mais de 50 páginas que faltavam e a escrever algo deste género:
"Há livros que passam como uma brisa pela alma do leitor. Pouco incomodam, não levam mais que um breve olhar e rapidamente são esquecidos.
Depois há aqueles são uma rajada de vento. Chegam rápidos e velozes, abanam tudo à sua passagem mas rapidamente seguimos o nosso caminho resguardados e alerta para uma próxima vez.
Mas por vezes, há livros que são ciclones. Ventos loucos que arrancam raízes, derrubam barreiras e levantam casas das fundações e que sem aviso arremessam a alma do leitor para uma turbulência tal que após a sua passagem só lhe resta cair de joelhos e apanhar os pedaços do que ficou.

"O mapa que me leva até ti" ainda não terminou e as minha raízes estão expostas ao vento, as minhas barreiras oscilam e só eu sei quanto pedaços de alma vou ter de apanhar quando chegar ao final. 
Como se escreve sobre um livro que nos faz isto? "

Sim, como se fala sobre um livro que me dá vontade de me meter num avião e ir viajar?
Como se fala de um livro que nos faz sorrir em igual medida que nos deixa com uma lágrima no canto do olho?
Como se fala de um livro que nos dá vontade de saltar para imprevisibilidade de uma nova paixão repleta de altos e baixos?

Eu prometo...vou tentar ser objectiva e não me perder como já fiz nas primeiras 30 linhas desta opinião.

Comecemos por falar de Heather. Em viagem pela Europa, a aproveitar aquelas derradeiras férias antes de entrar na vida adulta, Heather guia a sua vida e a viagem com as suas duas amigas a régua e esquadro. Conhece todas as curvas do seu tour, revê cada detalhe ao minuto e pouca coisa sai do seu controlo.
Já Jack, aquele moreno com um ar super descontraído e viajado, leva a sua viagem ao sabor do vento, da vontade e de um objectivo pessoal que é talvez um dos primeiros passos para que Heather fique rendida ao seu discurso e ao mistério de alguém de quem durante bastante tempo nem sabe o nome todo.
Quando as suas rotas entram em colisão é certo que tudo vai descarrilar rumo a um destino bem diferente do planeado. Noites de álcool e jazz, viagens de barco pela madrugada a dentro, assaltos a jardins e um sem número de momentos carpe diem são um dos pontos que fazem a história de Heather e Jack algo especial.
Isso e toda a força com que somos sugados pela sua viagem, pelas suas discussões, pelo processo de se conhecerem um ao outro e a si próprios.
Contar mais é tirar magia a descobrir esta jornada por vocês mesmos. 

"O mapa que me leva até ti" merece ser lido de espírito aberto, de mochila às costas e com um sorriso nos lábios para o desconhecido enquanto passeamos por um local que tanto nos dá mas que também nos rouba um pedaço da alma com a nossa passagem.
Se estão a precisar de viajar em sair do lugar, leiam "O Mapa que me leva até ti".
Se vos apetece conhecer um amor meio ingénuo, sonhador e capaz de inspirar uma infinita banda sonora, LEIAM "O mapa que me leva até ti".


Acima de tudo, o que mais gostei no livro foi a escrita. ADOREI as palavras de Joseph Monninger. Por vezes leio romances que me dizem pouco. Em que chego ao fim e posso dizer "nem uma página marcada", em que me pergunto "como é possível não ter nem uma frase sublinhada?".
Com "O mapa que me leva até ti" tenho dificuldade em escolher uma frase. Tenho parágrafos, tenho cenas inteiras marcadas.
Como eu disse logo de início, desculpem se começar a divagar.

Nota: este livro é new adult. Gosto de salientar isto porque nem toda a gente está disponível para ler um amor novo, com personagens que têm características do início dos 20's. "O mapa que me leva até ti" não é um amor mais adulto e maduro mas é um bom passo. Imaginem o primeiro filme de trilogia "Antes do amanhecer". Lembram-se desse filme? Este livro seria o equivalente ao primeiro capítulo. E agora fiquei cheia de vontade de rever o filme :) 
E parece uma óptima sugestão para hoje à noite...afinal é dia dos namorados :) 

"O mapa que me leva até ti" é uma aposta


Este livro é uma óptima sugestão de leitura para o Desafio deste ano sob a categoria "Livro sobre viagens ou com uma viagem"

Opinião "Mais Negro"


Bem vindos de volta Christian e Ana.
O filão Grey continua a produzir lingotes de Ouro e este livro não é excepção.
"Mais Negro" é uma visão do outro lado do espelho nestas Cinquenta Sombras Mais Negras, o segundo capítulo da trilogia com a história de Christian e Ana. 
Quem leu a minha opinião ao primeiro livro no ponto de vista do Christian sabe que eu gostei muito mais ler os pensamentos dele que os dela.
Neste livro essa preferência mantém mas há cenas que acabam muito cortadas e que estando a ler ao fim de tanto tempo, não me deixam ter uma imagem mais presente de todos os acontecimentos.

Já a viagem pela mente do Grey sofre com uma grande dose de amaciador, uma consequência directa de estar apaixonado. Menos cru mais romântico, mesmo com as doses olímpicas de sexo em qualquer lado. É engraçado ver cenas que me irritaram no ponto de vista dela e que no dele até se tornam interessantes. São aquele momentos em falta, que só ele viu e viveu que queríamos encontrar aqui e nisso "Mais Negro", à semelhança do anterior, não desilude. 
A cena de Leila, o acidente, etc
No entanto contínuo a achar que há cenas que estão muito diluídas.
Com isto pergunto-me....haverá ainda um terceiro?
E depois disso..será que a autora conseguirá escrever mais algum livro que nada tenha a ver com o Grey?

Entretanto vou aproveitar a semana do dia dos namorados para me levar ao cinema a ver o terceiro filme.
Até lá, deixo ficar o trailer.
Laters, baby!
(continuo a preferir ler o Grey em inglês, soa melhor!)


A série Grey é uma aposta

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Opinião "Já te disse que te amo?"

Há verões que mudam a nossa vida para sempre.
Para Eden, a mudança começou no dia em que meteu os pés na Califórnia.


Habituada a viver em Portland com a mãe, Eden suspeita do convite para ir passar o verão à Califórnia com o pai e a sua nova família. Se nos últimos anos o pai não lhe ligou nenhuma, o que mudou agora? Será que quer compensar o tempo perdido? Ou pensa aproveitar a visita de Eden para que ela seja babysitter dos filhos da sua nova mulher?
Uma coisa é verdade, Eden pode adorar a sua cidade natal mas quer alguma distância de tudo e afinal, a Califórnia tem fama de ser espectacular.
Na realidade, o que é que tem a perder?
Munida de uma lista de sítios a visitar e com umas quantas semanas de férias pela frente, Eden vê as coisas complicarem-se desde o primeiro momento. A ligação com o pai é inexistente, a nova mulher do pai parece demasiado simpática para ser real e afinal os três filhos não são miúdos pequenos mas sim adolescentes. Pior, o mais velho parece ser detestável e isso, aliado ao facto de não conhecer ninguém só torna as coisas mais chatas para Eden.
Mesmo quando é emparelhada com a vizinha da frente e arrastada para coisas que não são bem a sua praia, Eden começa a duvidar da sua decisão.
O que que a California tem para lhe dar? 
Em que mundo entra Eden ao se juntar ao grupo que acompanha o "meio-irmão" Tyler?
E estando ele numa espiral de autodestruição, o que pode Eden fazer para se impedir de ir abaixo com ele?
Eden embarca em meia dúzia de semanas que transformam a sua vida, o seu coração e a sua cabeça.
Quem disse que não se escolhe quem se ama, estava certo.

Curiosamente fluído e interessante, "Já te disse que te amo?" (Frase nunca dita no livro) consegue apresentar-nos uma história YA com romance, amizade, enganos, pressão dos amigos, dramas familiares, álcool, drogas, sexo e um sem número de coisas comuns à adolescência em Los Angeles, em Lisboa ou noutra qualquer cidade. Mudam os intervenientes, os ambientes e uma ou outra característica mas qualquer um de nós consegue encontrar aquele ponto de referência que toca na nossa vida (ou aquela que tínhamos aos 16 anos).

Ao contrário de After, com o qual este livro é comparado, pelo menos não tive vontade de matar o personagem masculino mas continuamos a perpetuar a ideia do "gajo badboy inconsequente rude e impossível de resistir". Até quando? Porque continuamos a passar a ideia, a miúdas e graúdas, que temos de salvar o príncipe da destruição? 
Pior...quando é que me vou deixar de ler história para pessoal com metade da minha idade? :P hahaha pois é !

Curiosamente só acho que o livro pecou por um ou dois detalhes na história mas tenho de dar valor à Estelle que escreveu este livro estando ela própria na adolescência.
Ah e a tradução das expressões. Algumas têm lógica ficarem originais mas depois não traduzir certas expressões é simplesmente tolo. Talvez sejam pequenos detalhes que incomodam esta leitora com o dobro da idade das personagens :P

Que venha o próximo porque "Já te disse que te amo?" deixou-me curiosa para saber como é que se vai descalçar a bota de gostar de alguém que só podemos apresentar como meio-irmão.

E curiosamente quando comecei a ler este livro a minha mente viajou até aos tempos em que via THE O.C e automaticamente comecei a cantar "Californiaaaaaa here we comeeeee"

"Já te disse que te amo?" é uma novidade
Para mais informações visitem o site Editorial Presença

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Opinião "O Silêncio das Filhas"

Pela premissa deste livro sabia que a leitura não seria fácil. Uma história com crianças nunca o é mas é ainda pior quando as miúdas em "O Silêncio das Filhas" vivem uma vida moldada por homens e rapidamente se tornam mulheres que cumprem um propósito ou morrem.


"Riso por um rapaz, lágrimas por uma rapariga".

A reacção aos primeiros momentos de vida de uma criança diz bastante sobre o ambiente que a rodeia, especialmente quando quem a trouxe ao mundo e as restantes mulheres à sua volta lamentam a sua condição.
Mas antes de abordamos o cerne da questão é preciso colocar as coisas em perspectiva.

A ilha é um santuário para um punhado de famílias, uma sociedade restrita que conseguiu isolar-se ali porque para além daquele local, lá para nas terras devastadas, só resta fogo, destruição e morte.
Num sistema patriarcal regido pelas regras dos antepassados, os Andarilhos (responsáveis) que vieram para aquela ilha ergueram aquela comunidade onde as mulheres são criadas para imitarem as mães, agradarem os pais e crescerem para serem esposas e procriadoras.
Cada pessoa tem uma função e assim que a passa à geração seguinte, deixa de ser preciso, quer seja homem ou mulher.
Por isso, enquanto tentamos compreender o que os levou ali, o que significa o verão de fruição ou em que consiste este sistema de interajuda e estreitos laços familiares, somos confrontados com o descascar da cebola. Cada nova camada colocada a descoberto é mais uma picada nos sentidos, mais uma lágrima que se quer escapar em reacção ao ácido que nos corroí com a leitura, com a descoberta e com o horror de certos cenários que ficam subentendidos nas histórias de Janey, Amanda, Caitlin ou Vanessa, já que esta história é-nos sempre contada pelo ponto de vista das miúdas que estão dos dois lados da barricada que divide a condição de criança da de mulher.
A pergunta que se coloca é sempre...será este o último verão?
Será que não existe mais nada além do que nos disseram ser a verdade?
Até quando o silêncio se irá manter e qual o preço a pagar para quem o quebrar?

Confesso que esta leitura me deprimiu um pouco mas por vezes é bom ler algo de mexe connosco a um nível mais profundo, que nos faz parar para pensar, que nos faz querer sair para o mundo e combater as atrocidades que nos rodeiam.

"O Silêncio das Filhas" é uma novidade


Novidade Editorial Presença :: "CARAVAL"

Caraval. Lembra-te, é apenas um jogo…


Scarlett Dragna nunca saiu da pequena ilha onde ela e a irmã, Tella, vivem sob a vigilância do seu poderoso e cruel pai. Scarlett sempre teve o desejo de assistir aos jogos anuais de Caraval. Caraval é magia, mistério, aventura. E, tanto para Scarlett como para Tella, representa uma forma de fugirem de casa do pai. Quando surge o convite para assistir aos jogos, parece que o desejo de Scarlett se torna realidade. No entanto, assim que chegam a Caraval, nada acontece como esperavam. Legend, o Mestre de Caraval, sequestra Tella, e Scarlett vê-se obrigada a entrar num perigoso jogo de amor, sonhos, meias-verdades e magia, em que nada é o que parece. Realidade ou não, ela dispõe apenas de cinco noites para decifrar todas as pistas que conduzem até à irmã, ou Tella desaparecerá para sempre...

Uma novidade

Para mais informações visitem o site Editorial Presença

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Opinião "Deixa-me Odiar-te"

Entre o interesse e o desdém, há sempre algo que nos convém.
E o ódio, por mais oposto que possa ser do amor, deriva de sentimentos fortes. A questão agora é....quais?


Conhecemos Jennifer Percy, controlada e experimente advogada fiscal, num dos piores dias da sua vida profissional. Está mega atrasada para uma reunião com um cliente importantíssimo e a última coisa que quer é ter de se cruzar com o seu arqui-inimigo, o bonitinho e playboyzeco de meia tigela Lord Ian St John. Sim, nos dias que correm as famílias aristocratas continuam a povoar o mundo, em especial Londres mas Jenny não podia ser mais indiferente ao seu título, beleza ou presença. Na realidade ela só queria mesmo é que ele não...respirasse!
Nascida e criada numa família anti muita coisa, em especial carne e gente rica, Jenny tornou-se numa anomalia no seio dos Percy ao trabalhar para uma grande empresa que ajuda os ricos a gerir as suas propriedades e investimentos, ou seja, a ficarem mais ricos.
Tudo isso seriam pequenas pedras no sapato não fosse a velha animosidade criada entre Ian e Jenny desde os primeiros tempos de trabalho juntos vai já mais de sete anos. A razão da falha sísmica causada pela presença destes dois no mesmo espaço é algo que todos desconhecem...acho que até os próprios. 
Mas como o cliente tem sempre razão, a sua exigência é clara...Jennifer e Ian vão ter de trabalhar juntos para terminarem a tarefa em mãos. Chegou o tempo de resolver a questão que os afasta e estabelecer regras (e tréguas) para que estes dois casmurros se entendam pelo bem da empresa e das suas carreiras.


Mas quando um simples encontro profissional passa para o mundo como um romance que floresce entre dois colegas de trabalho, o quanto será que muda a vida de Jenny? 
E Ian, mesmo em vias de herdar um título, poderá ser aquilo que realmente gosta de ser ou terá de se reger pelas regras da família, assim como acontece com Jenny?
Quanto tempo irá durar o conflito uma vez que percebam que não sabem a razão porque mantém uma animosidade que é mais carregada de tensão sexual que de razões para desgostarem um do outro?

Um romance que traz os nossos lords dos romances de época para a Londres de hoje, com uma mulher independente, forte e trabalhadora ao seu lado e que lhe dá água pela barba.

E porque estes dois deram duplo sentido ao nome desta música, aqui vai...

Um romance leve, divertido e que por mais previsível que fosse o final, soube bem chegar até lá.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Novidade Suma de Letras :: "Apagar Estocolmo"

A história de pessoas que tentam apagar o seu passado...


Quando o alarme de uma casa dispara em Värmdö, uma ilha do arquipélago de Estocolmo, um guarda acode, temendo uma invasão. Mas o que encontra está longe de ser comum: um corpo não identificável, brutalmente assassinado. Para complicar ainda mais as coisas, depara-se com um jovem ferido perto da cena do crime — um homem que a Polícia considerará o principal suspeito.

Emelie Jansson, uma jovem e prometedora advogada, recém-admitida numa conhecida firma de advogados, assume o caso do jovem, apesar da discordância do seu chefe. A apoiá-la está Teddy, um ex-presidiário que tenta permanecer no lado certo da lei, trabalhando como investigador para a firma de advogados. Mas Teddy tem os seus próprios problemas — nomeadamente, o seu rebelde sobrinho, que está prestes a seguir os passos criminosos do tio.

Quem é a vítima do assassinato e quem é o assassino? E por que é que todos os caminhos parecem conduzir a Mats Emanuelsson, um homem que Teddy sequestrou em tempos? Enquanto Emelie investiga, Teddy deve confrontar-se com o passado e salvar o sobrinho de um destino problemático. Rapidamente, os três ficam presos num jogo arriscado que ameaça desfazer as suas vidas.

«Finalmente um thriller épico europeu à altura dos livros de Stieg Larson…»
James Ellroy

«Veloz e cheio de acção, este thriller obscuro e duro é ideal para aqueles que gostam de histórias de mistério viscerais.»
Library Journal

«Com destacadas frases de cortar a respiração, combinadas com um ritmo rápido e elegante, ao estilo da prosa crua e delicada de James Ellroy, Lapidus oferece uma intriga que o manterá colado às páginas.»
Politiken 

Uma novidade