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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

«A Travessia» de Wm. Paul Yong - Opinião

Anthony Spencer ziguezagueava pelas indecisões da vida, gerando sofrimento, angustia e desespero, afastando os outros de si e afastando o seu "eu" superficial do seu "eu" profundo (Emerson), canalizando tudo o que de nefasto encontrava na sociedade, aumentando cada vez mais a sua paranóia.

"A tragédia é uma ferramenta para os vivos obterem sabedoria, não um guia para a vida", mas perante tamanhas tragédias, o que nos guia na vida? Deus? A fé?

Wm. Paul Yong encaminha a história da travessia de Anthony pelo encontro com Jesus e o Espírito Santo, reensinando-o a viver, mesmo que vá viver sem viver por ele mesmo e sempre através da cabeça dos que o rodeiam.


Colocando questões sobre a espiritualidade e o credo em Deus, Anthony confronta-se com a interrupção e os imprevistos da vida, a morte ou a doença, mas também a fúria de perceber que a morte não é o fim. E agora, que esperança?

A esperança de Anthony ou Tony, é muito reduzida quando, perante Jesus, se confronta com os destroços que são a sua vida."

"-Mas é apenas terra! Não é uma pessoa. É terra!
(...)
Pó ao pó. Terra"

"Já tinha avaliado aquele lugar a partir de um distanciamento superior e declarara-o uma terra de ninguém, juncada de destroços, uma sucata indigna de ser salva."

Descobrindo os seus "defeitos" e sentindo-se esmagado por "um punho invisível" será que Tony encontrará o caminho para a "verdadeira" travessia? Agora que todos os trilhos parecem abandonados...

Qual o papel das interrupções e dos imprevistos na nossa vida, o que nos ensinam as provações? Como descobrimos o nosso caminho e o sentido da vida?

É através de vários diálogos, como o que ocorre com Wijan Wanagi, Kusi, ou simplesmente Avó que o autor encaminha a sua história, explorando trilhos da espiritualidade. A ascensão da alma e a importância de aceitar e convidar a espiritualidade a entrar na nossa vida.

"Deus entra em todas as pessoas por uma porta privada." Ralph Waldo Emmerson

O transcendentalismo é, para Emerson, um esforço de introspecção metódica para se chegar além do "eu" superficial ao "eu" profundo, o espírito universal comum a toda a espécie humana. Alimentando assim a máxima de interpretação do ser humano com um conjunto de partes, todas elas vivas e que precisam de harmonizar para o equilíbrio. Só silenciando os ecos mais sombrios que habitam dentro de nós, poderemos ser plenos e viver em harmonia com a Terra. Levando assim estas interpretações às origens mais ascéticas do cristianismo.

A maioria da acção de «A Travessia» passa pela (SPOILER) capacidade espiritual de Anthony entrar na cabeça alheia (Maggie), para sentir e reviver o seu passado, apelando à doçura ou ao sufoco das memórias.
Nesta possibilidade de alimentar a alma, como algo vivo que é, pressupõe-se que Anthony encontra aqui a sua cura e descobre as suas falhas e as soluções necessárias para corrigir o seu passado.

De cabeça em cabeça, Tony espalha a mensagem de Deus... E a "relação" com Cabby é inesperada e reveladora - a dedicação e a luta das crianças portadoras de deficiência e das suas famílias.

Perante as histórias de personagens como Lindsay ou Cabby o autor leva-nos a perguntar qual a legitimidade de fazer pedidos pelos nossos filhos quando são tantos os filhos dos outros que também sofrem como os nossos? Que papel tem a oração na força e na luta contra a doença?

Apesar de todas as revelações e descobertas, a presença final da família, aquela a quem Anthony julgava perdida pelos seus erros, perdoa-lhe, mas ele, perdoar-se-à a si mesmo? Será Gabriel a constatação de estar perdido no limbo pela dificuldade de se perdoar a si mesmo?
Terá o perdão um papel redentor?

Creio que um livro como este, antes de ser um livro de auto-ajuda ou um sobre fé e espiritualidade, é um guia de introspecção, sugerindo em vez de impor, tentando fazer-nos pensar em questões que muitas vezes evitamos. Se bem que acredito que perante a provação somos capazes de agir como nunca julgamos ser capazes...

"Oh, alguém me guie agora, por favor,
Na travessia deste caminho intermédio
E junte os pedaços da minha alma desfeita
Ao real, que é invisível"

Trilhando um caminho que pretende calcorrear os confins da metafísica e até contornar os obstáculos da falta de espiritualidade, dá-se um encontro improvável, uma relação (ou várias) transcendental e que pretende encaminhar Anthony a fazer as escolhas certas que lhe permitirão obter a plenitude.

E a salvação, a quem dar?

*

Uma leitura com o apoio da PORTO EDITORA, veja mais do livro, aqui: http://www.portoeditora.pt/produtos/ficha/a-travessia?id=15007172


Opinião :: " A Dominadora "

No píncaro da curiosidade, não podia deixar passar a oportunidade de estar presente no lançamento de "A Dominadora" e de fazer deste livro uma das minhas leituras de 2013. E que leitura!! Sentei-me para ler depois do jantar e de repente já estava nas últimas folhas (e na hora de dormir!)

 Sinopse

A minha opinião:
 "A Dominadora" conta uma história verdadeira, não é apenas uma narrativa na 1ª pessoa sobre uma mulher e um homem de sonho, perfeitos demais para serem reais, pelo menos ele. A vida não é um mar de rosas porque na realidade, por mais coisas boas que tenhamos, há sempre as partes más, as que nos magoam e marcam para sempre. Ana tem um passado complicado, uma luta com a obesidade que começa cedo e que a priva de ter um rumo dito normal como o de tantas outras crianças. Na adolescência a situação não melhor quando tem experiências menos boas com o sexo oposto e quer queiramos quer não, essas coisas moldam-nos de alguma forma.
É interessante ver como alguém que não tinha confiança em si e no seu aspecto, a ganha para se tornar um ser dominador, nem que seja apenas sob o seu submisso.

Fiquei a saber coisas sobre BSDM que nunca me tinham passado pela cabeça, começando pela mais simples e que curiosamente é uma preconcepção errada que muita gente faz destas práticas. Seja numa sessão ou uma relação submissão/dominação não existe obrigatoriamente sexo. Será que andei este tempo todo a pensar que uma coisa levaria naturalmente à outra? Pois, pensei mal!

É verdade que algures a meio da leitura nos esquecemos que Ana é tão real como nós e passamos a viajar nas descrições detalhadas das suas sessões com os seus submissos, cada um diferente dos outros nos seus gostos e medos. É quase como sentar a ouvir uma amiga falar de todas as relações que não deram certo no seu passado, só por dizer que se isto fosse contado numa mesa de café estaríamos provavelmente de boca aberta e olhar esbugalhado perante as várias situações que Ana nos descreve. Quer fosse pela parte emotiva, com que nos podemos facilmente identificar e/ou comover, ou pelo choque, com a descrição das práticas que a fazem dona e senhora no mundo BSDM. 
O que me surpreendeu mais? 
Sei que esperam que diga terem sido algumas das práticas relação submisso/dominadora, e confesso que sim, houve até alturas em que me arrepiei e me cocei, naquela reacção instintiva de "credo!" quando achava que o meu limite de dor/orgulho tinha sido ultrapassado mas sabia que ao longo do livro teria acesso a essas descrições, a pensamentos e gostos de um mundo que me é completamente alheio. No entanto, o que mais me surpreendeu não foi isto, foi a qualidade da escrita. Embarcamos na vida de Ana com imensa facilidade, talvez agora compreenda porque se falou em o livro estar "romanceado" durante a apresentação. Li o livro entre a hora do jantar e a de dormir e estejam descansados, nada de sonhos, pelo menos nenhum que se possa inserir no género.
Ah outra coisa que me surpreendeu, divertiu e quase chocou...as cenas e histórias de brincadeira Barbie e Ken. Acho que nunca mais vou olhar para esses bonecos da mesma maneira!

Curiosos por saber mais sobre a vida de Cruela?


Comprem o livro e vejam a óptimo promoção Maleta Vermelha que vem no interior. São 15€ de desconto :) nunca se sabe, ainda encontram alguma coisa interessante.
Agora só falta marcar a reunião com as amigas.

Boas leituras e bom prazer!

Uma leitura com o apoio

sábado, 28 de setembro de 2013

«La Coca» José Rentes de Carvalho - Opinião

"Entusiasmado, não me dei então conta de que em parte me iludia. (...) Julgando ir ao encontro das excitações do presente foi o passado que se impôs, as lembranças de ontem pesando mais que as vivências do momento, a moldura substituindo-se ao quadro.»

E ainda bem que foi o passado que se impôs!
Este livro de Rentes de Carvalho remonta a um retorno do autor às suas origens, ao norte de Portugal, na esperança, a meu ver, vã, mas nunca oca, de relatar o contrabando no nosso país, com as implicações sócio políticas que isso arrasta. No entanto, o brilhantismo que usa ao caracterizar os seus personagens, conferem-lhe um certo romantismo que, a certa altura, nos faz esquecer a verdadeira acção.
Aliás, qual é a verdadeira acção e rumo desta narrativa?

Esta questão assombrou-me por toda a leitura, já que os momentos de um quase diário, um revisitar de memórias, novamente romanceadas com os locais ou os seus intervenientes, foram para mim momentos altos da narrativa e esta dava passos de gigante e ganhava dimensões memoráveis.

"O presente que me fascinava e eu quisera vis testemunhar, existia como que descolado no tempo, sem as nostalgias de ontem que eu lhe emprestara, nem a simplicidade dos meus sonhos de amanhã."

É o registo sincero e nostálgico que confere força às memórias que nos fazem sentir uma enorme proximidade entre a década de 90 e a actualidade, na forma aparentemente inócua, mas pragmática com que expõe algumas críticas sociais e políticas.

Apesar de curto, é um livro que acompanha o ritmo acelerado de quem retorna, mesmo que por tempo limitado, à terra mãe e a quer brindar com visitas aqui e ali, mas devido à temática da droga expõe ainda outro ritmo, mais cambaleante, mas inesperado, que com o entrelaçar das memórias do autor, nos transportam a épocas diferentes, obrigando-nos a abrandar o passo e quem sabe passear com o autor pelas ruas da memórias e as conversas entre amigos.

Entre amigos, se assim se pode dizer, memorizei dois episódios divinais, o das observações do Diego Romano e o seu Hotel Roma (negócio pra inglês ver) criticando a estrangeirada e apelidando-os de pelintras e alcunhando-os de porcos. Ou outras amizades como o Manolo da Espanhola ou o Feio, com quem se mantinha o adágio de "amigos, amigos, negócios à parte", tal como a farsa popular e o fechar dos olhos ao sustento dado pelo contrabando.

«La Coca» é ainda um roteiro por terras do norte de Portugal e pela Galiza, descrevendo não só as sensações, as cores, os cheiros, mas também as atitudes das gentes de tais povoações. Ensinando ainda a olhar com os olhos da nostalgia para que as visões do presente não se exaltem com as mudanças do progresso... por vezes nefasto.


"Terra de gente mexida, em constante alerta, passa-se na rua e todos os olhos nos escrutinam. Sem malícia, mas com uma ponta de desconfiança, atitude típica gerada por séculos de contrabando... (...)por entre hortas descobrem-se uns horrores modernos... Com o tempo aprendi a fechar os olhos para o que mudou."

Na obra, o autor refere-se a Dom Ramón e é nessas que eu revejo a escrita de Rentes de Carvalho:

"No meu íntimo o poder de raciocínio parecia anestesiado, enquanto a minha fantasia e a minha sensibilidade se amoldavam dóceis às palavras daqueles homem, que à postura de verdadeiro líder aliava um dom excepcional de contar."

*

Uma edição da Quetzal, mais aqui: http://quetzal.blogs.sapo.pt/tag/j.+rentes+de+carvalho
O autor em entrevista, mais aqui: http://www.ionline.pt/artigos/jose-rentes-carvalho-miudo-minto-diabo-ninguem-deve-acreditar-mim

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Mais um para a wishlist...

A minha querida colecção de romances sensuais da Quinta Essência já se sente desfalcada. Com os últimos lançamentos, já tenho três livrinhos em falta, os últimos três. Agora, com o lançamento de "Escravos do Desejo" de Kate Pearce, a parada aumenta para 4.
Ainda bem que faço anos para o mês que vem, talvez alguém se lembre de mim!! :)
Sim, estou a lançar o isco!

Este é o terceiro volume da série e temos a oportunidade de ficar a conhecer a história de Helena, a dona da Casa do Prazer frequentada por todos os outros personagens.
Acabei de ver o Goodreads que esta série já tem 9 livros!! Kate Pearce, assim não dá!

Sinopse:

Um fim de semana proibido anos atrás, Helene Delornay viu-se presa a um desconhecido. Ousado, viril e exímio nas artes eróticas, Philip Ross abriu os olhos de Helene para um mundo de prazer sexual que ela nunca julgou existir. Agora, proprietária da casa de prazer mais exclusiva de Londres, Helene não esqueceu a felicidade carnal que dividiu com Philip — e nunca encontrou um outro homem que pudesse satisfazer os desejos insaciáveis que ele despertou nela...
Quando Philip volta a entrar de repente na vida de Helene, a atração física que partilham é demasiado forte para que qualquer um deles a possa negar. Agora, enquanto exploram as suas fantasias e as levam para além do limite, Helene descobre que os seus sentimentos por Philip são muito mais intensos do que julgara...

«A paixão da história erótica de Pearce é intensa desde o primeiro encontro do casal até ao seu reencontro anos mais tarde. Os seus encontros sexuais e fantasias aquecem as páginas.»
4 Estrelas, Romantic Times BookReviews
Por aqui já tivemos oportunidade de ler os dois primeiros, relembrem a nossa opinião:

Escravos do Amor de Kate Pearce

Escravos da Paixão de Kate Pearce

Boas leituras!!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Nova Parceria - PASSATEMPO «Salvo pelas Estrelas» SELF

Depois de termos celebrado uma nova parceria, desta vez com a SELF.
Chega a altura de vos presentear a vocês, fãs e seguidores do Efeito dos Livros, com um dos seus recentos títulos.

Assim, temos «Salvo pelas Estrelas» de Kristine Barnett que muito prazer nos deu com a sua leitura, se quiserem espreitar, passem por aqui: http://efeitodoslivros.blogspot.pt/2013/09/salvo-pelas-estrelas-de-kristine.html

Ou consultem mais sobre o livro, aqui - http://www.saidadeemergencia.com/produto/salvo-pelas-estrelas/


Como já vem sendo costume, preencham o formulário, sendo fã e seguidor ficam duplamente habilitados a ganhar, mas se quiserem aumentar as vossas possibilidades participem todos os dias, até ao fim do passatempo a 13/10/2013.

ATENÇÃO: Neste passatempo, precisam igualmente de ser fãs da página da Self Desenvolvimento Pessoal Editora - façam like/gosto.

Boa Sorte e divulguem muito, partilhando o link abaixo:
do facebook:  http://zip.net/blk00j


Agradecemos à  SELF que veio, sem dúvida, alargar o nosso leque de leituras, com novas temáticas.



ATENÇÃO - REGRAS:
- O preenchimento do formulário é obrigatório para se habilitar ao passatempo.
- Só serão aceites participações de fãs e/ou seguidores.
- Só aceitamos participações de residentes em Portugal.
- Sorteamos o livro no random.org entre todos os participantes.
- Não nos responsabilizamos por nenhum extravio, caso o vencedor queira o envio do livro em correio registado, deverá cobrir as despesas de envio. Ao fim de apurado o vencedor este tem 7 dias a contar da data de o termos anunciado para nos enviar os dados para onde remeter o livro, findo esse prazo, o vencedor perde o direito ao livro/prémio.


Passatempo «In Sexus Veritas» de Pedro Chagas Freitas, da Chiado Editora

Depois de termos ido ao lançamento deste último livro de Pedro Chagas Freitas, que teve lugar na Les Enfants Terribles - Bar livraria do Cinema King e depois de alargada leitura... afinal são mais de 2000 páginas! Chega a altura de vos presentear a vocês, fãs e seguidores do Efeito dos Livros.

Assim, temos não um, mas dois livros neste passatempo, já que «In Sexus Veritas» são precisas mais de 2200 páginas para vos contar o eufemismo e o amor:

“A esmagadora maioria das relações soçobra por excesso de eufemismos. Por alguém dizer “incomoda-me” quando devia dizer “deixa-me devastado”; por alguém dizer “peço-te que me expliques” quando devia dizer “exijo-te uma puta de uma explicação”; por alguém dizer “gostaria que não voltasses a fazer isso porque me magoa” quando devia dizer “pára com essa merda porque senão dou-te um tiro nos cornos”.
Nada mata mais um amor do que um eufemismo.
Nada mata mais uma relação do que um eufemismo.
O amor é a única unidade lexical que não permite eufemismos.
Nem no dicionário (que, como se sabe, tem habitualmente uma forma gélida de olhar para as palavras) eufemismo vem antes de amor. Colocando ao contrário: até no dicionário eufemismo vem depois de amor.
Eufemismo vem sempre depois de amor: quando um começa a chegar o outro começa a ir.
Se não permite eufemismos: então é amor.”


Como já vem sendo costume, preencham o formulário, sendo fã e seguidor ficam duplamente habilitados a ganhar, mas se quiserem aumentar as vossas possibilidades participem todos os dias, até ao fim do passatempo a 13/10/2013.

Boa Sorte e divulguem muito, partilhando o link abaixo:

do facebook: http://zip.net/bbk1vz


Agradecemos à Chiado Editora que mais uma vez contribuiu para as nossas leituras e passatempos:

ATENÇÃO - REGRAS:
- O preenchimento do formulário é obrigatório para se habilitar ao passatempo.
- Só serão aceites participações de fãs e/ou seguidores.
- Só aceitamos participações de residentes em Portugal.
- Sorteamos o livro no random.org entre todos os participantes.
- Não nos responsabilizamos por nenhum extravio, caso o vencedor queira o envio do livro em correio registado, deverá cobrir as despesas de envio. Ao fim de apurado o vencedor este tem 7 dias a contar da data de o termos anunciado para nos enviar os dados para onde remeter o livro, findo esse prazo, o vencedor perde o direito ao livro/prémio.

Opinião :: A Paixão de K

Leitura de férias de Verão 2013 

(foto do CaracolLiterário, porque na foto sou eu!)

» Excerto «

Sinopse
Além de perito em arte, Perfecto Cuadrado é um habilidoso falsário que viaja pelo mundo desenhando rostos anónimos no metropolitano e colecionando mulheres belas e sedutoras. É um homem experimentado na arte de seduzir e de amar. Nada faria prever que se apaixonasse de forma eruptiva por uma mulher misteriosa com quem se cruzou no metro de Londres - Josephine K.

Para Perfecto Cuadrado, a vida é uma sucessão de planos, sendo o presente um refluxo do passado, excetuando dois acontecimentos súbitos: os distúrbios que incendeiam a cidade de Londres e a paixão que arde dentro dele.

A Paixão de K é uma viagem à insensatez de todas as paixões.

A minha opinião:
Ler este livro à beira mar quase que me obriga à seguinte analogia: Há amores que nos revoltam como o mar enrola na areia, que nos arrastam com uma força brutal até à praia e só abrimos os olhos quando aterramos com força de cara no chão.
A história de amor de Perfecto e Josephine é assim, ou devo dizer, o amor vivido é arrebatador e resoluto mas será bilateral? Há amores que batem forte mas por vezes as pancadas só são ouvidas de um lado, o outro vê mas não ouve ou sente nada.
Todos passamos por um momento assim na nossa vida, só devemos fazer os possíveis para que essas histórias não se repitam.
Perfecto dizia e muitos outros o citavam, consciente ou inconscientemente, "A Vida é uma sucessão de planos".
No campo sentimental somos arrebatados por paixões, novas sensações que nos levam ao nosso expoente máximo. A cada dia que passa estamos num movimento cíclico, de constantes altos e baixos. Se olharmos para o nosso passado conseguimos identificar os momentos que fazem a linha da nossa vida oscilar, como uma prova de que estamos vivos. Todas as histórias, todas as paixões tem as suas particularidades, os detalhes que as tornam únicas, marcantes ou até destrutivas.
Perfecto quadro, um homem que nasceu num caricato vilarejo entre vales e colinas espanholas tem em Londres o seu local de eleição para residência, mais que uma casa, tem na cidade inglesa o seu atelier. É pelo metro de Londres que Perfecto desenha rostos desconhecidos e onde se apaixona por uma mulher misteriosa, Josephine K. É fácil gostarmos da ideia de uma pessoa, mesmo sem lhe conhecermos a voz. Todos as pessoas misteriosas, especialmente as mulheres, possuem uma dose de perigo, como se ao serem objecto do nosso afecto, acarretassem um preço, um crime pelo qual mais cedo ou mais tarde teremos de pagar.
"A Paixão de K", ou melhor, a paixão por K. Josephine K, é uma loucura sentimental num panorama actual, é marcante e desafiadora. Uma paixão desenfreada sob um olhar masculino de Perfecto numa Londres que arde, que é saqueada na rua e saboreada em casa, na privacidade de uma nova relação.

Quando terminei esta leitura apontei duas coisas:
Ponto alto - imaginar Consolacion, a terra natal de Perfecto.
Ponto baixo - não ter gostado de Josephine :(
É complicado não se gostar de uma personagem chave. No entanto, toda a história compensa essa minha opinião e os detalhes, principalmente sobre Consolacion e os anteriores romances de Perfecto compensam tudo.

Como li este livro na praia, estive perante um desfile das mais variadas belezas. E guardei comigo uma frase que me fez pensar:

" Cada mulher tem dentro uma Rosimunda "

Explicação: Rosimunda, não interessa quem ou qual era a sua história. Basta dizer que é o reverso da alma, o que há de pior dentro de cada mulher, o seu lado negro. É o lado que por vezes não vemos por estarmos demasiado ofuscados com a sua beleza ou perfeição.

Será que podemos aplicar a teoria da Rosimunda aos homens?
Eu gostaria de pensar que sim, talvez num nível mais simples. :)

Agora tenho curiosidade de ler os outros livros publicados pelo autor. Sei que a metade literária já teve oportunidade de ler alguns e confio na sua opinião.
Vamos lá ver o que salta da prateleira para o meu colo.

Boas leituras!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Comecei a ler...

Depois de uma maré de leituras eróticas, vamos mudar para o mundo do crime e viajar para trás no tempo, até Los Angeles nos anos 40.
Comecei a ler "A Dália Negra", uma das últimas aquisições que fiz para a minha biblioteca.

» Excerto «

Sinopse:
Foi em 1987, com este romance, que James Ellroy se consagrou como um novo grande nome da literatura «negra». O livro ficciona um crime realmente ocorrido na Cidade dos Anjos, durante o pós-guerra nos finais dos anos 40. A imprensa referiu-se-lhe como o caso da «Dália Negra», pelo facto de a vítima, Elizabeth Short, uma jovem aspirante a actriz, enfeitar os cabelos com uma dália dessa cor. O seu corpo apareceu num terreno vago, horrivelmente mutilado e com sinais de ter sido torturado. Contudo, o caso nunca viria a ser deslindado e tornar-se-ia uma verdadeira lenda urbana. James Ellroy ressuscita-o, no contexto de uma Hollywood minada pela violência e pela corrupção, sobre um fundo nostálgico de música jazz


Mais informações no site Presença.
Oferecem o DVD a quem compre o livro :)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Opinião :: " E é assim que acaba "

 Uma mulher, uma cadela e uma praia algures na costa da Irlanda. É assim que começa!


Na realidade começa com um voo dos Estados Unidos para a Irlanda, um "exílio" existencial e emocional de Bruno, um americano que sai do seu pais a meio de uma crise económica, após ter perdido o emprego e porque não aguenta o impasse até ao resultado de uma das reviravoltas politicas de maior impacto dos últimos anos ( as eleições que levaram Barack Obama até à Casa Branca em 2008).
Bruno procura conhecer o passado, Addie faz os possíveis para o esquecer, pelo menos o mais recente, o que ainda a magoa a cada dia que passa. O seu actual refúgio é a casa do pai à beira mar, na praia que sente ser parte do seu ser desde o dia em que nasceu e na qual faz grandes passeios com Lola, a sua cadela. Quando não se tem um objectivo, os dias passam por nós, são todos iguais e vemo-nos invadidos pelo pensamento "quando será que a vida me sorri?". 
A vida sorri para Addie no dia em que tropeça em Bruno. Se é amor à primeira vista, não sei, mas é amor. É abrir a bagagem, explicar que cada um carrega os seus próprios dramas e que se é para se aceitarem, terá
de ser assim, sem concessões, apenas como são. Dizem que "não há amor como o primeiro", no entanto, não imagino como será ser o último. Vai, não é spoiler nenhum, alguém morre neste livro caso contrário ele não teria este título, certo?

Romances assim, em que perdemos um personagem principal, deixa-me sempre pensativa com a pergunta: o que será pior, perder alguém e sentir um buraco no coração, ou sermos nós a partir e deixar cá a outra pessoa a sofrer?
Pior, se como diz a minha avó "a única coisa certa é a morte", iriam querer saber a vossa data de partida?

"A enormidade daquilo media-se pelo número de vezes que lhe atravessou a mente, pela sua frequência. Da mesma maneira que se mede a proximidade de uma tempestade pelo espaço entre o raio e o trovão. Por essa medida, aquela tempestade estava perto"

E este livro ensina-nos que quer esteja céu azul e nuvens brancas ou um dia com um espaço muito curto de tempo entre o raio e o trovão, devemos aproveitar, como se amanhã fosse o nosso último dia. Não digo inconscientemente mas com certeza de que somos felizes, de que estamos a dar o nosso melhor e de que mostramos aos outros o quanto eles significam para nós. Não negligenciem a vossa vida em prole da preguiça, da comodidade, do "amanhã logo se vê" ou do "fazemos isso para o ano que vem".
"E é assim que acaba" é uma lição, todos os livros têm uma e esta relembra-nos que a vida é curta, que o amor está algures, pode demorar a chegar e mesmo que chegue pertinho do fim, deve ser vivido com a intensidade máxima porque nunca se sabe quando vai terminar.

Bem que dizia a crítica do Observer "É impossível ficar indiferente a este livro"

Uma coisa que gostei neste livro foi a banda sonora. Sim, tem banda sonora. Bruno é mega fã de Bruce Springsteen e ao longo do livro consegue levar Addie a gostar do Boss.
 Mais caricato é que há coisa de uns quantos dias entrei na papelaria a que vou todas as semanas registar o euromilhões e enquanto retirava o meu talão da carteira começa a dar "Streets of Philadelphia" e uma senhora, já na casa dos 70, diz "Ai tá o tocar o meu Bruce". Não resisti a sorrir perante a afirmação e a pensar "Olha outra!"
Curioso que oiço Bruce na rádio imensas vezes (sou fã da M80!) mas raramente lhe presto atenção. Talvez agora que terminei a leitura de "E é assim que acaba" isso mude e parta em descoberta de um  Bruce Springsteen que me é desconhecido.
Ah, o Boss faz anos hoje, feliz 64º aniversário!



Lê mais sobre o livro aqui, no site da PRESENÇA.
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Uma leitura com apoio

E só para terminar, o meu agradecimento aos nossos modelos, a Elisabete e o Black 
(e aos seus donos, Sara e Fábio)
:) 
Boas leituras e bons passeios!

Não se esqueçam que está a decorrer o passatempo para ganhar este livro até ao final do mês. Participem!!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Quando os livros viram estátuas...



Revisitando mais uma vez as belíssimas fotos do Domingo passado e a organizar os eventos deste fim de semana, que passarão mais pelo desporto, musica e gastronomia, mas é claro, lá haveremos de encontrar livros no meio de tudo isso.

De Tomar trago muitas imagens e boas recordações, mas há estátuas que se ligam a nós pelos mais diversos motivos.

O Mostrengo, porque assim que os vi, lembrei-me da declamação na voz do Dizedor, por isso aqui ficam algumas fotos e o vídeo.








Mas o melhor de tudo, para mim, é claro, foi a crueza e a beleza impádiva e singela do quadro de Pedro & Inês, só consigo dizer que me apaixonei por aquela fracção de segundos, entre beijos e carícias, lindo!


"Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga"


"Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam"


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.


Numa ode a Saramago, os quadros do Memorial do Convento eram vários, mas de todos destaco o trabalho e a expressão aqui exposta, salientando o trabalho da Quideia Animações.


E continuando em Saramago e apelando aos livros, já que o Festival das Estátuas Vivas foi um roteiro pelos grandes escritores, deixo mais algumas inspirações.



"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."



Só vos deixo uma recomendação (para além das leituras) para o ano vão ao Festival das Estátuas Vivas de Tomar. Bom fim de semana.

«O Menino que ninguém amava» de Casey Watson - Opinião

Terminei agora mesmo a leitura de «O menino que ninguém amava» e é muito raro escrever logo de seguida à leitura, por achar que por vezes os sentimentos acerca de um livro precisam de ser moldados à frieza do discernimento e à análise mais pragmática e menos emotiva, mas perante uma história desta dimensão, sou incapaz de ficar calada. Apetece-me "falar" e existem questões que não se calam na minha cabeça.

Que amor de mãe se traz no peito, no coração, na cabeça, quando uma mãe, que de tão drogada que está (spoiler) não vê que abusam sexualmente do seu filho, porque a pedrada é tanta que a sensatez e o equilíbrio falham e quem pagam são as crianças.
Como se explica a uma criança, que os adultos que a deveriam acolher, proteger, amar, ensinar... são exactamente aqueles que a desprezam, maltratam e deixam definhar à fome?



E é assim que começa a história de Justin, com quem Casey, a mãe de acolhimento começa a sua história, revelando o sofrimento, a fome, o abandono que leva a que uma criança com cinco anos incendeie a casa onde vive para assim, de alguma forma, se salvar e chamar à atenção para o seu problema.

Um trocadilho que é feito durante o decorrer do livro, Justin e just-in-time... parece-me uma metáfora excelente para o momento, a oportunidade em que Casey e a sua família decidem abraçar a causa das famílias de acolhimento temporário e tentam reeducar Justin, segundo um sistema de reaprendizagem daquilo que são comportamentos correctos e sociáveis, permitindo-lhe assim integrar-se novamente na sociedade, na escola e claro: receber amor. Já que Justin tem onze anos e passou por vinte - 20 - em seis anos, foram 20 colocações falhadas, fora, é claro, todos os momentos mal sucedidos de retorno à família biológica, composta por uma mãe desequilibrada pelo consumo de droga e dois irmãos mais novos, sem pai ou mais família alargada que o ajudasse.

A revolta desta criança é marcada por momentos de total alienamento, que resultam em episódios de violência, contra ele mesmo, contra quem o tenta parar ou simplesmente contra quem ele identifica como um opressor às suas vontades. Claro está que a sua forma de falar ou agir é marcada por uma brutalidade imensa, espelho da brutalidade de que sempre foi vítima.
As surpresas não param, ao longo destes episódios, mas também ao longo das conversas que vai conseguindo ter com Casey e que revelam um maior, muito maior, mar de sofrimento e sombras num passado tão curto mas tão marcante.

Lemos estas páginas com o coração ao pulos, ansiosos pelas revelações nefastas que se podem vir a revelar, mas ao mesmo tempo fazendo figas para que a reaprendizagem seja bem sucedida e Justin seja capaz de se integrar, tudo o que ele precisa é amor, mas precisa de alguém que seja capaz de lho dar e aceitar toda a bagagem emocional que ele traz.



 Em resumo é isso mesmo, é preciso alguém capaz para acartar os fardos que Justin não consegue carregar sozinho, quando a idade que tem a isso não o devia obrigar. A orientação, a compreensão, o companheirismo e a tranquilidade de uma vida familiar estável é o que vai determinar o sucesso do programa de acolhimento na família Watson e fazer dele um ser humano melhor, capaz de superar os seus medos e dúvidas e aceitar que existem perdas que são para uma vida inteira.

Uma leitura com o apoio da PRESENÇA, aproveite e leia aqui as primeiras páginas.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Assim não dá....

Onde está o saldo disponível para comprar todos estes livros que gostaríamos de ver nas nossas estantes?
Se Setembro está a ser tentador, Outubro não se avizinha muito diferente.

Novidades Bertrand para Outubro

Trilogia Sem Fôlego - Livro II
 
Sinopse:
Gabe, Jace e Ash: três dos homens mais ricos e mais poderosos do país. Estão habituados a conseguir tudo aquilo que querem. Tudo mesmo. Para Jace, trata-se de uma mulher que o surpreende completamente…

Jace, Ash e Gabe são amigos e sócios cheios de sucesso há muitos anos. São poderosos, influentes, sensuais e irresistíveis. Jace e Ash partilham tudo, incluindo as mulheres. Quando conhecem Bethany, Jace começa a sentir algo pela primeira vez na vida: ciúmes e uma obsessão forte, esmagadora, que o ameaça, mas que também o excita descontroladamente.
Jace não quer partilhar Bethany com ninguém. Está decido a ser o único homem da vida dela, mas isso está a pôr em causa a amizade de uma vida inteira com Ash. Bethany será sua, e apenas sua. Mesmo que para tal tenha de virar costas ao amigo… 
 
Estou a aguardar a chegada do 1º volume à minha lista de leitura (há amigas com os mesmos gostos que eu!)


Sinopse
Libby tinha sete anos quando a mãe e as duas irmãs foram assassinadas no «Sacrifício a Satanás de Kinnakee, no Kansas». Enquanto a família jazia agonizante, Libby fugiu da pequena casa da quinta onde viviam e mergulhou na neve gelada de janeiro. Perdeu alguns dedos das mãos e dos pés, mas sobreviveu e ficou célebre por testemunhar contra Ben, o irmão de quinze anos, que acusou de ser o assassino.
Passados vinte cinco anos, Ben encontra-se na prisão e Libby vive com o pouco dinheiro de um fundo criado por pessoas caridosas que há muito se esqueceram dela.
O Kill Club é uma macabra sociedade secreta obcecada por crimes extraordinários. Quando localizam Libby e lhe tentam sacar os pormenores do crime (provas que esperam vir a libertar Ben), Libby engendra um plano para lucrar com a sua história trágica. Por uma determinada maquia, estabelecerá contacto com os intervenientes daquela noite e contará as suas descobertas ao clube… e talvez venha a admitir que afinal o seu testemunho não era assim tão sólido.
À medida que a busca de Libby a leva de clubes de striptease manhosos no Missouri a vilas turísticas de Oklahoma agora abandonadas, a narrativa vai voltando atrás, à noite de 2 de janeiro de 1985. Os acontecimentos desse dia são recontados através da família de Libby, incluindo Ben, um miúdo solitário cuja raiva contra o pai indolente e pela quinta a cair aos pedaços o leva a uma amizade inquietante com a rapariga acabada de chegar à vila.
Peça a peça, a verdade inimaginável começa a vir ao de cima, e Libby dá por si no ponto onde começara: a fugir de um assassino.

A mente desta senhora assusta-me mas fascina-me em igual medida.
Por aqui estamos a fazer críticas ao "Objectos Cortantes" e andamos de olho num "Em parte incerta".

Digam lá que não eram mais 30€ que fugiam da carteira?
ai ai 
Boas leituras!

Opinião :: " Viver depois de ti "

Leitura de férias de Verão 2013 
 Sentei-me a escrever esta critica nos segundos imediatamente após ter fechado o livro e limpo as lágrimas que me ofuscavam as letras na última página.

(foto do CaracolLiterário, porque na foto sou eu!) 

Quando vi na capa a opinião do New York Times pensei que é muito raro pensar em reler um livro no momento em que o terminamos mas com "Viver depois de ti" é essa a sensação que se tem. Ao longo de 422 páginas habituamo-nos a Lou e Will e não os queremos deixar, não queremos fechar o livro e ir à nossa vida quando no entanto, é esse o melhor conselho que retiramos desta magnifica historia.

É certo e sabido que prefiro um livro que me faça rir do que uma história triste, dai não apostar tantas vezes neste tipo de livro, neste género que sei que acaba sempre por me arrancar umas lágrimas. Agora percebo a razão alheia às lágrimas, esta historia desconcerta-me. Acompanhar os pensamentos de Lou em cada capítulo e reconhecer as semelhanças que ela tem uma com uma pessoa que me é muito próxima é estranho, talvez porque essa pessoa é tão próxima que a vejo ao espelho todos os dias de manhã com os olhos ensonados. Lou lembra-me....bem, eu mesma!. Curioso é que após ler o livro, a minha mãe disse-me exactamente isso "a personagem principal é como tu, especial no (mau? peculiar? invulgar?) gosto a vestir". Ela não caracterizou o meu gosto mas eu tenho mais ou menos noção da sua opinião, logo não sei se esta última parte é boa ou má. Lou é excêntrica, veste de acordo com o que lhe vai na alma e acho-a capaz de dizer piadas em funerais, tal como eu, porque quando as situações são constrangedoras agarra-se à bóia de salvação que é o humor e diz uma piada para aliviar a tensão. Mas não entrando em detalhes que se tornem muito pessoais, porque este pequeno texto não é sobre mim, falo-vos um pouco mais sobre Lou.
A evolução desta personagem é uma lição, uma de tomar apontamentos. Conhecemos uma Lou acomodada com a sua vida, com o seu trabalho calmo a servir pequenos almoços num café local e a voltar para a casa de família onde o seu ordenado é uma grande fatia, senão a maior, do orçamento mensal e em que a única escapatória à vida familiar é o namorado, algo enfadonho devo dizer, com quem ela está faz 7 anos. Na sua visão as coisas não estão perfeitas mas ela também nada faz para mudar a situação. A súbita mudança de trabalho, a entrada na casa de Will e deste na sua vida vai revolucionar para sempre a sua mente, o seu coração e os olhos com que vê o mundo.
Will, alguém que viu a sua vida mudar num pequeno instante é o catalisador para o progresso e crescimento de Lou.
O melhor dos ensinamentos de Will e deste livro? "Mete-te nas perninhas e faz as coisas acontecer."

 
Passamos demasiado tempo da nossa vida acomodados e por vezes só nos apercebemos que não temos vivido ou aproveitado quando já é tarde de mais ou quando somos confrontados com algo que abala todas as fundações do nosso ser.
Infelizmente ler uma historia tão poderosa como esta faz-nos querer enroscar para chorar e divagar no sono até a dor desaparecer, para acordar no outro dia cheios de determinação e vontade de partir para aproveitar tudo o que temos direito (e para o que não temos, arranjamos maneira de ter!).

Porque a vida não espera por ninguém, não podemos parar para sentir pena, nem de nós, nem dos que nos são próximos, nem de Lou que se sente perdida, nem de Will que não tem nada a perder, nem dos seus pais que perderam um filho mesmo quando ele respirava.

O poder da escolha é um dado adquirido, um direito de nascença que curiosamente nos é retirado nos momentos em que mais precisamos dele, em que mais devemos ser senhores do nosso destino. Já disse que Will é uma personagem inspiradora? Ou será Lou?

"Viver depois de ti" é um livro capaz de mudar uma vida, é uma historia que temos na estante para que baste um simples vislumbre da lombada para nos roubar um sorriso e nos dar força. Um livro em que basta folhear e passar os olhos por algumas cenas marcadas para nos incutir o desejo de tornar as nossas vidas em algo memorável, digo até épico. São esses derradeiros momentos que se misturam com os infortúnios, minimizando-os e permitindo a cada um de nós alimentar o espírito e o corpo com as boas memórias, pelo tempo que nos é permitindo lutar.

Façam um favor a vos próprios, sentem-se num local sossegado e comecem a ler. Desafio-vos a não se apaixonarem pelas personagem, a não se rirem a bandeiras despregadas com os diálogos entre Lou e Will ou a não chorarem em este ou aquele momento.
Quando terminarem, agradeçam o facto de estarem vivos, passem o livro a alguém que precise de abrir os olhos para a vida e saiam de casa para aproveitar a vida.

Jojo Moyes entra para a minha lista de autoras a ler (raios mulher, são todos os teus livros assim?)
Entretanto fiquei a saber que já foram comprados os direitos do livro e a adaptação será feita pela MGM.
Até já há um "dream cast" no IMDB. :) Não imaginei ninguém para estes papéis mas sei que vai ser um filme especial que vou aguardar para ver até que ponto consigo gostar do filme como gosto do livro.

Sei que ainda estamos em Setembro mas esta é uma óptima prenda de natal :)
Boas leituras!

Os Órfãos do Mal - Nicolas D'Estienne D'Orves - Opinião



Estamos perante mais um grande livro sobre a segunda guerra mundial e que eu adorei. Grande em tamanho, mas grande em conceito, em levantar o véu sobre mais um detalhe da Alemanha nazi.

Em «Os órfãos do mal», Nicolas D'orves expõe um pouco de todos os horrores cometidos na segunda guerra mundial mas o que mais chama a atenção é o "Lebensborn"... mas afinal o que foi o Lebensborn?

Lebensborn? Ou seja, "Fonte de Vida", em alemão mais arcaico, o Lebensborn  foi um programa que Heinrich Himmler levou à prática para promover o desenvolvimento e apuramento da raça pura, da raça ariana.


Himmler quis com este programa aproveitar as mulheres, as melhores mulheres nazis, as mais puras, "racialmente" falando. Estas mulheres eram autênticas parideiras. Recrutadas para dar à luz, bebés artificialmente concebidos ou através da cúpula com altas patentes das SS, para garantir a supremacia de raça. Estas crianças depois seriam entregues às SS, sendo estes educados e criados para serem os novos lideres do regime, ou seja, a nata da nata.
Liebenborn seria o verdadeiro berço da raça ariana, a verdadeira escola do ideal nazi!


Entre muitos outros, este é um dos temas que a jovem jornalista francesa, Anaïs, se vê envolvida quando é misteriosamente contratada por um excêntrico Norueguês, depois deste ter recebido um estranho pacote contendo mãos mumificadas.
Ao longo de todo o  livro somos levados a passear por vários países, de modo a desvendar este enigma recheado de mistério e suspense, somos levados também a passear por ideias e várias formas de pensar de alguns nazis e até do próprio Hitler, onde se imagina até onde poderia ir a crença da raça pura.
Apesar de o livro ter bastantes factos históricos, a maior parte é ficção criada a partir de fragmentos destes factos, o que não tira em nada o valor a este livro, pelo menos na minha opinião.
E no fim fica-se a pensar será: que o Nazismo está vivo? Quem trará em si o cunho da nascença em berço nazi?

Recomendo vivamente para quem gosta do tema II guerra mundial.

Uma edição da Bertrand, para mais informações do livro, siga o link - http://www.fnac.pt/Os-Orfaos-do-Mal-NICOLAS-D-ESTIENNE-D-ORVES/a71462