Por vezes um poema só é mais que um livro!
Abrigo?
Sentei-me devagar na mão que me estendiam
Era espalmada, branca não demais, e tinha rios escuros, mansos, desfiados
um tanto apoquentados, sim, ou aturdidos de ali desaguarem
sem aviso
na palma ensoleirada
tão pouco protegida
Não estou a magoar? Não estava.
Um sorriso bom, gigante deu fé
do meu abrigo.
Podia então ficar? E descansei.
Macia que era a mão, almofadada,
não tinha, no entanto, a meu ver
a consciência desajeitada. Ampla era,
de genero espaço, mas talvez demasiadp
frouxa, com covas muito côncovas
maleáveis ao corpo, o meu,
que queria a cpmplacência pois,
mas não tão dada.
Adivinhando provavelmente o desconsolo
e mau conforme ao meu estado
a mão esticou-se, espalmou-se de repente,
lisa e oleada.
Sobressaltei-me e escorreguei.
Por pouco não caia da mão ao chão
se outra mão não detivesse o perigo,
não me amparasse.
Levantei-me. Sentia-me desfrutado.
De pé, na plataforma que fora mão
e cama de colchão mal acamado
defrontei o patrão da mão:
Então? Assim ou assado?
Como se sentisse e a inquietasse o pulsar da minha comossão
a mão sofreou-se, resguardou-se
e numa corpulenta onda de caprichos,
quase se fechou sobre a carga
desamparada do meu corpo
que resvalou e se abateu
pelo desfiladeiro de montes vivos
até se afazer à gruta ou concha humedecida,
duvidoso abrigo, subterrêneo e céu,
Estaria protegido?
Protegido de quê,
se a protecção era ela própria
o perigo.
A leitura é uma viagem por palavras nacionais, estrangeiras, umas cultas, outras menos, umas mais rebuscadas, outras simplificadas, algumas levam-nos às lágrimas, muitas delas às gargalhadas e as melhores, aquelas que nos deixam abismadas, tamanha é a profundeza da ideia, da genuinidade expositiva, onde a simples contemplação daquelas palavras nos deixa assim: sob o Efeito dos Livros!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
"Abrigo?", de António Torrado
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
«Justine», Sade - Opinião
Penetrando nas perversas vidas intimas de Justine e Juliete, esta obra erótica de Marquês de Sade, muito mais rebuscada e dissimulada que a maioria das leituras eróticas que tenho feito, leva-nos a viajar nos meandros seculares das orgias, das provações, das torturas e das vidas sexuais da alta burguesia e do clero.
O livro descreve com detalhes floreados e sombrios os prazeres proibídos e jocosos vividos na escuridão e na frieza de um castelo misterioso e longínquo.
Às mãos de tais comportamentos desvirtuosos, pois os maiores abusadores eram os clericais "Não me abandonaram, em quaisquer circunstâncias da minha vida, os sentimentos de religiosidade", estavam diversas mulheres que eram castigadas em orgias rebuscadas.
O livro descreve com detalhes floreados e sombrios os prazeres proibídos e jocosos vividos na escuridão e na frieza de um castelo misterioso e longínquo.
Às mãos de tais comportamentos desvirtuosos, pois os maiores abusadores eram os clericais "Não me abandonaram, em quaisquer circunstâncias da minha vida, os sentimentos de religiosidade", estavam diversas mulheres que eram castigadas em orgias rebuscadas.
Máquinas de Ler Livros
Chamem-me antiga, torta, teimosa, info excluída... mas eu espero que esta época esteja mesmo longe muito longe...
Desculpem os ecologistas, mas as árvores podem continuar a dar-nos livros, pois eu adoro lê-los, tê-los, mexer-lhes...
Desculpem os ecologistas, mas as árvores podem continuar a dar-nos livros, pois eu adoro lê-los, tê-los, mexer-lhes...
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