terça-feira, 22 de janeiro de 2013

UM MANIFESTO "PELA EUROPA", opinião


Um Manifesto que marca PRESENÇA !!!


Ainda nem arrancámos com a leitura propriamente dita e já os autores nos referem que:

O ATAQUE É A MELHOR DEFESA... assim se entra na leitura de PELA EUROPA, de Daniel Cohn-Bendit e Guy Verhofstadt.


PELA EUROPA é um manifesto que antes de propor uma solução para a crise (qual delas?) pretende, a meu ver, alertar as nossas mentes para a verdadeira crise: seremos nós verdadeiros europeus? Saberemos nós o que, como europeus, a Europa precisa!? Nós, portugueses, ou italianos, gregos ou povo de qualquer outro Estado-nação saberemos e sentiremos a nossa identidade europeia?

Aliás, eu perguntaria se, nos tempos que correm, saberemos sequer ser patriotas!? E se soubermos, saberemos o nosso patamar dentro desta Europa dos 27? Percebemos e atingimos o efeito das nossas acções na restante comunidade? Ou captamos a essência daquilo que recebemos e damos de uma comunidade virada para os grandes!?

As ideias lançadas nas linhas curtas e concisas deste livro, tentam levar-nos, a nós cidadãos europeus, a uma profunda reflexão sobre a necessidade de reconvertermos as políticas e as posições sociais que podemos e devemos querer para esta Europa que deveria ser de todos!

Abriram-se as fronteiras, aniquilaram-se burocracias, aumentou-se a liberdade de fazermos da Europa um país só, onde todos e tudo circula livremente, mas aprisionamos e retraímos aquilo que mais liberdade precisa: a nossa mente, a nossa identidade e a nossa acção. Pelo menos, é assim que os autores pintam o cenário frontispício desta Europa, onde cada Estado-nação ajuda a cada vez mais demarcar as suas fronteiras, tentando por vezes desglobalizar o que de melhor se fez até agora.

A globalização é uma realidade! A inovação é uma realidade! Os achievements que a Europa como comunidade tem conseguido são uma realidade! Mas a paz, a confiança, o clima de tranquilidade e a estabilidade que a Europa oferece são uma mais valia desejada e procurada avidamente por inúmeros países, culturas, governos e cidadãos... apesar de recente, a nossa paz tem sido um bem, uma garantia aos Estados-nação... 
Estas e tantas outras coisas que temos por sermos europeus e às quais necessitamos de dar valor e defender. 

O manifesto alerta-nos para NÃO voltarmos atrás! Dizermos NÃO a políticas extremistas! Dizermos NÃO à desglobalização! Dizermos NÃO ao fim da moeda única! Mas, percebamos porquê!!! Sem perceber não faz sentido!

Os tempos do euroceticismo e do nacionalismo devem terminar!
Tenhamos atenção ao nacionalismo exacerbado, lembremo-nos em que é que isso resultou na primeira metade do século passado. 

É precisa uma verdadeira revolução!!!
Qual? 
É essa que os autores propõem e que saberão em poucas páginas, já que a ideia vem sendo fundamentada ao longo de todo o livro, buscando exemplos noticiados e que por vezes nos passam ao lado ... "... é só mais um notícia... já todos sabemos que estamos em crise...!!!" e não ligamos, mas deveríamos!

Lembre-se: "O nacionalismo alimenta-se de lendas e não da História"
Mas lembre-se também que desde a criação deste conceito que é a comunidade europeia, NÓS temos feito História, se bem que com muitas estórias pelo meio e detalhes enfabulados para ouvidos mais distraídos!

É essa distracção que os autores querem combater já que a maioria de nós é indiferente, talvez porque pensamos localmente ao invés de continentalmente!?

O frontispício europeu não são mais as políticas internas ou as fronteiras, mas sim as ideias e as instituições em prol de uma Europa unida, única e de todos! 

São estas as ideias que os autores defendem.
"Ousemos pensar europeu.!"
"A Europa deve livrar-se de uma vez por todas do umbiguismo institucional dos seus Estados-nações."

Após 70 páginas de Manifesto, Daniel Cohn-Bendit e Guy Verhofstadt respondem a Jean Quatremer, jornalista do Libération a fim de clarificar mais este "grito de alarme" que é a ideia de uma União Europeia Federal, uma luta pelo pós-nacionalismo, consciencializando todos para uma luta global por uma Europa unida e multicultural, multifaceta, organizada e ainda dona de uma soberania politica, social e económica.

Na entrevista clarificam-se ideias e alertam-se os cidadãos para questões relacionadas com a França, a Alemanha e as suas políticas nacionalistas, ou ainda para as desculpas sobre a Grécia e outros estados em maiores situações de crises, ou ainda para comparações entre dividas públicas da Europa, dos EUA e do Japão e a confiança nas respectivas economias...

Ou ainda... as políticas de Angela Merkel, a maior ruptura de 2007 para 2008, o papel das vendas e interesses económicos entre países, a recordação de detalhes importantes da 2ª grande guerra, a importância do BCE e do PE ou ainda a questão turca... já sem falar da imigração...

É quase impensável como este pequeno livro foque tantos assuntos, mas a verdade é essa mesma. 
A Europa é uma ideia complexa, mas viável. Ainda recente na sua história e percurso, mas muito importante. Conturbada e ainda desorganizada, mas de forma alguma um projecto a descuidar ou sequer abandonar.

É preciso acção!!! 
"... já não podemos continuar a tergiversar* sobre a Europa que desejaríamos, mas decidir antes sobre a Europa que se tornou necessária."

...

Sem dúvidas um livro que pode e deve ser lido por todos. Um livro que é uma verdadeira aprendizagem. Um livro para instigar mentes mais distraídas.
Um livro intelectualmente inquietante!!!

Boas Leituras

Não se esqueça que temos este livro em passatempo, confira aqui 

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