Por norma divulgo por aqui tudo aquilo que leio. Não é segredo a minha preferência por romances, eróticos ou um ocasional policial. Mas por vezes, entre todas essas leituras, leio um livro que foge a tudo, especialmente ao tipo de leitura que costumo fazer. Mais, durante e depois da leitura foge a minha vontade de escrever sobre o livro em si. Umas vezes porque gostei imenso e não sei o que escrever, outras vezes porque não gostei e não tenho nada de interessante para dizer e quando o rei faz anos ainda consigo encontrar livros que me fazem pensar duas vezes antes de escrever uma opinião porque dou comigo sempre a pensar "se escreveres tudo o que pensas e tudo o que sentiste enquanto lias o livro....bem, é capaz de dar porcaria!"
Acreditem que "A Primeira Pedra - Eu, Padre Gay" é um dos livros que encaixa que nem uma luva na terceira categoria.
Fiquei de olho no livro logo na altura que ele saiu. Pensei que embora fosse uma temática interessante, especialmente tendo em conta a luta da comunidade LBGTQ e com a qual sou simpatizante, sabia que o facto de ir mexer com religião, um dos temas sobre o qual eu me recuso a falar, era mais do que razão para depois ser um daqueles livros que acaba por nunca ter uma opinião publicada.
Perguntam-se vocês porque não falo eu de religião?
Da mesma maneira que não falo de futebol ou política. As pessoas não estão interessadas em compreender o teu ponto de vista, a tua preferência, a tua crença ou a tua abstenção às suas crenças/gostos/inclinações. Querem que tu percebas que eles tão certos, que a deles é melhor, que a visão deles é a certa. Eu não preciso que me convença com a deles, eu tenho a minha, não pretendo mudar nem tenho intenções de impingir a ninguém.
A minha resposta nestes casos?....o silêncio.
Curiosamente é a mesma resposta após ter terminado a leitura da provação que Kryzstof Charamsa, padre que chegou a ocupar cargos bem posicionados no Vaticano e na Congregação para a Doutrina de Fé e que cansado da hipocrisia e falsa moralidade da igreja "saiu do armário" para a luz em todo o seu esplendor homosexual. :)
Foto montagem do site Guia GLBTS
Nota: há beijos entre homens na Capela Sistina entre outros detalhes. Coisas que se aprendem nos livros!
Uma leitura interessante, uma outra visão sobre a igreja, sobre o quanto uma sociedade vive amarrada a estigmas e preconceitos. Mas "A Primeira Pedra" é igualmente a luta de alguém pela sua identidade e pela felicidade que lhe é negada por ter duas paixões, que segundo os padrões actuais, são completamente incompatíveis.
Queria e podia dizer tanta tanta coisa mas não vou dizer.
Deixo ficar algo que vi e que resume a minha visão para com muita coisa nesta vida incluído o abordado no livro.
Sê verdadeiro contigo mesmo, luta pelo que queres, sê feliz e lembra-te que a fé está em ti não numa igreja, em regras ou em obrigações.
Lembra-te...
E por pura coincidência ao procurar a capa do livro no google dei de caras com esta música...faz sentido. Vou deixar ficar.
Um livro
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